Sr & Sra Adams (Concluída)

Aquela com o castelo de areia

Carmem tenta me consolar, eu a disse que estou bem. — Admito que estou instável, já chorei por não estar grávida.

— Eu só queria ter um momento de tranquilidade. A carga que estou carregando nesses últimos dias é imensa. Só queria descansar.

— Posso compreender claramente. Todos nós estamos aflitos pela falta de notícias claras do Owen. É torturante.

— Não imagina o quanto. — digo. — É angustiante. Como pode alguém ter desaparecido do nada. Nenhuma informação, nenhum sinal. É um pesadelo.

— Algum sinal irá aparecer. Owen não desapareceu desse planeta, vamos encontrá-lo. E sobre a não gravidez, tudo é o seu tempo.

— Eu fico aliviada, porque ele tem algo dele. A Anna é o sangue vivo dele. Ele terá o seu legado, mesmo que não apareça.

— Você ainda será a protetora da Anna, tem um filho do Owen para cuidar e óbvio, pensar em você. Talvez com um bebê, as coisas seriam tão rápidas.

— No fundo o universo me ouviu, sabia que no meu íntimo, eu não estava pronta.

— Um dia estará. — ela me abraça com carinho. Um abraço quase que "maternal" eu não recordo qual foi a última vez que abracei a mãe e qual era a sua sensação. Me sinto aliviada, brevemente aliviada e as lágrimas caem, tira um peso. — Você é jovem, terá grandes oportunidades. Pensar em você por um momento não te fará mal.

— Não está decepcionada por não ter um bebê aqui dentro?

— Um pouco, mas temos a Anna.

— Isso é o que me conforma. A Anna.

— Madlyn, que tal espairecer um pouco?

— Não consigo.

— Uma viagem, você com a Anna.

— Não quero viajar, não quero sair daqui, e se o Owen aparecer?

— Ele irá de encontro independente de onde você esteja. Você precisa alinhar seus pensamentos ou surtarà. O que acha de um final de semana nas montanhas de Aspen. A Anna ama a neve, ele irá se divertir ou uma praia. Acho que a menina nem recorda quando foi em uma.

— Eu daria de tudo por uma praia, entrar no mar e ficar ali por um bom tempo.

— Podemos ir para Miami.

— Seria ótimo, pois eu poderia procurar o Owen.

— Péssima ideia. Tem detetives atrás dele. Hmm... diga um lugar que adoraria visitar, uma bela praia.

— Não consigo pensar em nada Carmen. Meu sonho era conhecer Cancún, no meu país. Sempre via pelas telenovelas. Um dia talvez irei.

— Ótimo. Falarei para a Anna que iremos para praia. Ela adorarà.

— Não pode fazer isso Carmen, eu não sairei daqui até o Owen aparecer.

— Ele te encontrarà aonde você estiver. — ela fala sorridente. Vá descansar. Já estamos fazendo a nossa parte, logo tudo se encaixarà.

∆

Eu estou no México hà um dia. Eu mal posso acreditar que estou na pátria qual deixei anos atrás e não tinha esperança em voltar. Estou no México.

Victoria me disse que sou abençoada de alguma maneira. Ela me fez pensar em uma coisa que mal me recordava. A minha trajetória. Eu saí do meu país atravessando uma fronteira, fui iludida, acabei entrando na prostituição, minha melhor amiga foi morta, eu fugi e entrei num caminhão sem rumo. Nova Iorque apareceu para mim de madrugada, estava cheia de névoa. Achei que seria uma nova forma de mundo, mas foi mais do mesmo. Admito que não batalhei, me conformei com o que achei que o destino preparou para mim. Ali fiquei acomodada.