Aquela sem nenhuma esperança

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Irei ganhar vinte mil! Vinte mil! Vintinho mona amour!

Eu já vasculhei a casa de perna para baixo e até agora não encontrei nada. No entanto, em compensação eu encontrei dois batons e a calcinha de renda - rasgada diga-se de passagem.

Lembro quando Isabelle me entregou a bolsa, pediu para eu cuidar dela e eu trouxe durante a minha trajetória até aqui. Lembro que quando abri e vi que era um pen drive, não tive interesse em olhar onque tinha dentro. Estava traumatizada com a morte de Belle e deixei de lado. Quem diria que iria me valer vinte mil!

Te amo Belle! Nunca te xinguei por ter arruinado a minha vida. Conheci Isabelle quando eu ainda tinha dezessete anos, eu trabalhava em uma casa de uma povo rico lá em Paspaquiaro, limpava a casa de uma vaca esnobe. Isabelle já havia atravessado a fronteira, morava aqui há algum tempo. Fiquei deslumbrada com a vida que ela contou que tinha nos Estados Unidos. Lembro que ela me disse que eu ganharia o triplo só limpando a casa dos americanos, eu nem sabia quanto era o triplo, mas sabia que queria.

Lerdo engano...

- Achei! - grito emocionada. Estava debaixo da cômoda. - Vinte mil!

Abro a bolsa pequena e vejo pen drive branco ali. Dou um beijo nele, o beijo mais apaixonado que dei na minha vida.

- Seu lindo! Coisa linda da mamãe Maddah! Meu precioso.

Não é todo dia que ganho vinte mil. É tipo ganhar na loteria federal. Sei que não é muito dinheiro, mas para quem está abaixo da lama do poço, isso é muito.

Irei pagar o aluguel. Retificando: Dois meses! Quero deixar a velha embasbacada. Enquanto não ganhei o dinheiro ainda, vou me escondendo dela

Tenho planos para esse dinheiro, irei conseguir um desses casamentos falsos, tem um mercado informal de Green Card e isso custa dez mil pratas. Irei dar entrada em um casamento desses e conseguir a minha cidadania, enfim procurar um emprego decente. Posso ser vendedora de lojas, atendente ou tantas outras coisas, um mundo de oportunidades vai ser aberto diante de mim.

Faxina é complicado, especialmente quando é uma família, as mulheres sempre me despediam por eu parecer "bonita" demais para o cargo. Achavam que eu ia dar em cima dos maridos. Preconceito por ser bonita. E assim perdi quatro empregos consecutivos, eu fiquei arrasada. Não sabia mais o que fazer e daí voltei para a vida de stripper.

Mas irei mudar esse quadro.

Dou um riso enorme só de pensar na hipótese.

- Maddah vai mandar no mundo!

- Falando sozinha princesa? - Lipe como sempre.

- Pensando no futuro lindo que terei. - conto animada e passo a mão no meu cabelo, não é todo dia que estou assim

- Ao meu lado Maddah.

Faço o sinal da cruz.

- Quem gosta de rato é esgoto meu amor. - respondo e ele ri

- Escuta Maddah, quem era aquele figura que saiu da tua casa ontem?

- Um amigo. - digo

- Tinha cara de tira, não gostei. - ele falou com uma voz arrastada, possivelmente está drogado. - Não quero ele por aqui não, escutou Maddah?

- Não cansa a minha beleza Lipe, dá licença que o ônibus vem vindo.

Eu parei em frente do Starbucks e sim, eu dei dez dólares no frappuccino caramelo brulée. Sim, Maddah hoje está podendo meu amor!

Sr & Sra Adams (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora