Prólogo

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Assim que terminei de colocar os pratos na mesa, ouvi a porta de casa ser aberta. Minha mãe entrou na cozinha e ela parecia mais cansada do que nunca. Ela tinha olheiras e seu casaco estava um pouco manchado de sangue. Por mais estranho que achasse, acabei me acostumando com ela chegar em casa e ter roupas manchadas de sangue. O trabalho de detetive nem sempre é só investigação.

 – O cheiro está ótimo. – ela sorriu cansada.

 – Por que não troca essas roupas sujas enquanto eu termino aqui? – sorri e voltei a cuidar da comida.

Ela o fez, trocou as roupas e voltou para a cozinha. Coloquei a comida na mesa assim que ela se sentou. Peguei um suco de laranja na geladeira e lhe servi um copo. Olhei para o relógio e subi para meu quarto. Terminei de arrumar minha mochila e me olhei uma última vez no espelho, tudo estava em ordem. Desci até a cozinha e dei um beijo em minha mãe.

 – Divirta-se na escola, querida! – ela sorriu e eu assenti.

O caminho até a escola não era longo, então eu podia ir andando e chegaria cinco ou dez minutos antes da aula começar. Como todas as escolas, sempre tinham os grupinhos divididos. Os inteligentes, os descolados, os ricos, os divertidos, os excluídos, os punks, as líderes de torcida e os jogadores da escola. O time de futebol americano da nossa escola era muito famoso e sem dúvida um dos melhores da região, vencem todos os jogos em que participam. Me aproximei do time e um dos garotos sorriu para mim. Ele se aproximou e me abraçou com força, beijando meu pescoço.

 – Sentiu minha falta? – Alec perguntou.

 – Nos vimos ontem. – acabei rindo. – Essas poucas horas não me deixaram com saudade.

 – Uau... Você conseguiu ferir meus sentimentos.

 – Sabe que sou sincera. – beijei sua bochecha. – Preciso ir, Nila está me esperando.

 – Sobre ela... – ele ficou sério. – Preciso te contar uma coisa.

 – Pode esperar? Precisamos começar a nova coreografia das líderes de torcida!

Meu namorado suspirou e assentiu lentamente. Ele beijou minha testa e voltou até o time. Tive que estranhar seu comportamento, ele estava preocupado e não parecia ser com algo simples. Dei de ombros e entrei no prédio da escola. Enquanto eu andava pelos corredores, sentia todos os olhares em mim. Olhei para os lados e vi que alguns alunos também estavam cochichando enquanto olhavam na minha direção. Primeiro, meu namorado estava agindo estranho, agora o resto da escola.

 – _________! – ouvi Nila me chamar.

Acenei para ela e me aproximei.

 – Por que todos estão estranhos hoje? – perguntei olhando ao redor. – Aconteceu alguma coisa?

 – Talvez seja por causa do jogo de hoje a noite. – ela quase gaguejou. – Vamos ensaiar a coreografia para o jogo?

 – Uma última passada não vai fazer mal, vamos chamar as outras.

***

Hora do jogo. Todas as líderes de torcida já estavam se aquecendo para executar a coreografia. Corri até a minha mochila e chequei meu celular uma última vez. Minha mãe acabará de me mandar uma mensagem.

"Não volte para casa sozinha. Várias pessoas estão aparecendo mortas nas ruas. Tome cuidado."

Respondi rapidamente e guardei meu celular. Peguei os pompons e me aproximei das outras garotas. Ficamos em formação e vibramos quando nosso time entrou em campo. Tudo estava ocorrendo como imaginado. Nos últimos segundos de jogo, nosso time estava com a bola e corria até o lado oposto do campo. A bola foi lançada para Alec que não tinha marcação e com isso, ele marcou o último ponto. Todos vibravam e pulavam em seus lugares. Nós, as líderes de torcida, fomos até o meio do campo e começamos a dançar novamente.

De uma hora para a outra, a música parou. Ficamos confusas enquanto olhávamos ao redor, até que um vídeo começou a passar no telão. Ouvi Nila murmurar um palavrão e eu me virei para assistir o vídeo.

"_______ não pode saber disso." Alec estava beijando o pescoço de Nila. "Ela iria me matar por estar transando com a melhor amiga dela."

Arregalei os olhos.

"Ela é uma garota ingênua." Nila respondeu. "Jamais isso sequer vai passar pela cabeça dela. Agora termina de tirar a minha roupa para eu fazer o mesmo com você."

A tela apagou.

Então era por causa disso que todos estavam estranhos durante a manhã. Eles já sabiam que isso tinha acontecido.

 – _______! – ouvi Alec correr até mim e segurar meu braço. – Eu não sei o que é isso! Nos encontramos em uma festa e ela deve ter colocado alguma droga na minha bebida.

 – Agora a culpa é minha?! – Nila gritou.

 – Como ousam? – não olhei para nenhum deles. – Eu confiava em vocês! Vocês eram os meus melhores amigos! E agora eu vejo meu namorado me traindo com a minha melhor amiga?

 – Por favor... – Nila tentou se aproximar e eu me afastei. – Eu sinto muito.

 – Eu não conheço mais vocês. – lágrimas corriam pelo meu rosto. – Eu não quero nunca mais ter que direcionar uma palavra à vocês.

Saí correndo do campo e peguei minha bolsa com todas as minhas coisas. Sentia que todas as pessoas que estavam nas arquibancadas me encaravam. Tentei secar minhas lágrimas enquanto deixava a escola, mas era impossível. Não estava mais prestando atenção em nada ao meu redor, até que senti meu corpo trombar com alguém e mãos fortes e quentes segurarem meus ombros.

 – Opa! – a voz masculina me fez olhar para cima. – Você está bem?

Era um belo resto. Pena que estava muito escuro e não conseguia ver muita coisa, mas seus olhos... Eram os olhos mais bonitos de todos.

 – E-eu... – nenhuma palavra saía da minha boca.

 – Está chorando? – uma de suas mãos alcançou meu rosto e secou minhas lágrimas.

 – Me deixa em paz...

O empurrei para longe de mim e comecei a correr até em casa. Desobedeci minha mãe e fui sozinha para casa. Não queria ver ninguém nesse momento e não queria que ninguém me visse assim. Fraca e de coração partido.

Prision of Blood || Imagine JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora