Colega de sala

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Kim Mi Young

Fui para faculdade bem cedo, estou indo mais cedo desde que o Yoongi me abraçou. Demorou um pouco até a aula começar, nós já estávamos nas preparações finais para sermos residentes no ano que vem. Nossa formatura é daqui a alguns messes e hoje, nós vamos passar o dia em um hospital, apenas observando como será nossa rotina. Falei faz alguns dias com o pai do Guk Doo, para justificar minha falta no trabalho e ele ficou muito feliz por mim. Guk Doo não pareceu muito alegre com isso, mas ele entendeu.

Chegamos ao hospital, nossa turma está em torno de 40 alunos, mas fomos separados. 10 alunos para quatro hospitais diferentes de Seul. Eu e mais 9 estudantes de medicina, ficamos com o hospital mais famoso e mais bem recomendado, por conta de nossas notas altas.

Passamos a parte da manhã recebendo instruções e observando o trabalho dos médicos. Não podíamos entrar em nenhuma das cirurgias, mas podíamos assisti - las do vidro interno. Na hora do almoço, fomos ao refeitório, eu me separei dos outros e me sentei em uma mesa para comer apenas uma maçã e beber um suco, eu sabia que não deveria perder tanto tempo com isso.

Me levantei e retornei para a ala médica do hospital, o residente responsável por nós, o Sr. Park, se aproximou ao me ver e me encarou. Ele tem um carisma bom, mas também é exigente. Ele apertou o olhos, colocou as mãos no bolso do jaleco e perguntou:

- Está livre? - a voz dele saiu confiante e grossa.

- Sim. - respondi.

- Gostaria de me ajudar com uma paciente?

- Sim, claro.

Ele começou a andar e eu o segui. Entramos em um quarto, a paciente estava sentada na cama, ofegante, era uma mulher e parecia ter uns 30 anos de idade ou menos. Eu peguei o prontuário médico e comecei a analisar.

- Ela está com febre a algumas horas e nós não sabemos o motivo. Ela tem problemas cardíacos, mas parece que isso não tem relação com os seus repentinos desmaios, o que nos sugere Dra. Kim? - o doutor de repente me encarou e esperou uma resposta.

- Pulsação? - pergunto a enfermeira e me aproximo mais da paciente.

- Baixa.

- Febre?

- constante e elevada.

- Ela tem tido espasmos?

- Não.

- Dificuldade de respirar?

- Sim.

- Ok. Ela precisa de uma tomografia, urgentemente. - digo, me dirigindo ao Dr. Park.

- Por quê? Qual é o seu palpite?

- Tumor. Ela provavelmente tem as paredes do coração muito finas por conta dos problemas cardíacos e cirurgias anteriores. Vocês não notaram antes o tumor,  porque acharam que os sintomas repentinos eram por conta das várias doenças cardíacas, mas a repentina dificuldade de respirar, o desmaio e a febre, além do histórico de cirurgia, mostra um possível tumor benigno. - terminei por fim.

O residente voltou a me encarar como se eu tivesse dito algo de errado, mas eu sabia que não estava enganada. Ele andou para fora do quarto e eu o segui, paramos no corredor e ele me encarou novamente.

- Nós não erramos, Senhorita sabe tudo. Descobrimos o tumor uma semana depois e ele será operado esta tarde. Mas nenhum de nós descobriu isso tão rápido como você descobriu, apenas com uma olhada no prontuário e quatro palavras de uma enfermeira. Parabéns. - Ele contrai a boca e aperta os olhos em minha direção. - É a primeira da turma?

- Sim.

- Hmm. Nem é residente ainda e já tem complexo de Deus? Gosto de você. - ele suspirou. - Vou deixar você entrar na sala de cirurgia e você será residente desse hospital próximo ano. Parabéns futura Dra. Kim.

-Obrigada.

Ele me deu mais uma olhada que eu não identifiquei o sentindo e saiu. Continuei analisando a paciente até a hora da cirurgia, o Dr. Park, permitiu que eu entrasse na sala de cirurgia e observasse mais de perto, senti os olhares inquietos dos meus colegas de sala, que nos observavam do vidro interno.

Nunca vou esquecer aquela sensação que senti ao ver a minha primeira cirurgia. Saí da sala me sentindo renovada. Já era noite e todos nós tínhamos que ir para casa por conta própria. O hospital fica um pouco longe do apartamento, então terei que me apressar, se quiser chegar a tempo de fazer o jantar.

Ao sair do hospital, senti alguém me observando, me virei e vi aquele rosto conhecido. Era um colega de sala, não, não era só isso. Ele se aproximou e me encarou com ódio em seus olhos.

- Você deve ter me percebido, não foi?! Eu não acredito que ainda não me reconheça! - Ele gritou, mas não dei nenhuma resposta. - Você... Sempre a melhor da turma... pagando de menina recatada, inteligente.... Mas eu conheço o seu tipo... você mesma se revelou hoje, quando saiu as pressas do refeitório para se jogar em cima do nosso residente e conseguir entrar na sala de operações... você... Me enoja!!!

- Acabou? Então... Com licença...

Me virei para ir embora, mas ele agarrou meu pulso com força e me empurrou contra a parede.

- Eu deveria me livrar de você, agora!

- Você... - falei calmamente e o fitando - acha mesmo que eu não sei quem é você? - livrei meu pulso de sua mão. - Jung seok hyun, 25 anos, estudante de medicina, 9° da turma. Tem problemas de controle de raiva e foi acusado de agressão pela sua ex namorada, mas ela retirou a queixa e você foi solto...

- Você não sabe de nada!

- Não? Você vai todos os dias no local aonde trabalho e fica me observando. Eu diria que o nojento aqui, é você.

- A sua arrogância me irrita, garota!

- Eu nasci com complexo de deus e você com complexo de raiva, adivinhe qual de nós dois vai se tornar um grande cirurgião?

Seus olhos se arregalaram e eu vi que ele iria responder, mas não mais com palavras. Ele ergueu a mão para me bater, mas eu não tive medo algum, esperei o soco com a cabeça erguida, porém ele não veio, antes que seu soco se aproximasse, Yoongi apareceu de repente em meu campo de visão e agarrou o pulso dele, o empurrando para longe de mim.

Ele me puxou para junto de seu corpo e fitou Jung seok hyun com raiva e frieza.

- Se encostar nela de novo... - Ele fala, com certa firmeza na voz - Eu mato você! - ele gritou.

Olhei para Yoongi alterado e senti meu coração se contrair, não queria que ele ficasse naquele estado, isso fazia meu coração se apertar por algum motivo. Jung seok hyun me fitou com desprezo e correu, sumindo no fim da esquina. Yoongi agarrou meu pulso e me arrastou até seu carro, ele abriu a porta e me empurrou para dentro e depois entrou também. Esperei alguns minutos e balbuciei:

- Desculpe...

- Por quê não me disse que passaria o dia aqui!? - Ele gritou, batendo as duas mãos no volante com força.

Fiquei com medo de pronunciar mais alguma palavra, eu não queria irritá - lo mais ainda.

- Aish! Aquele desgraçado! - Ele mordeu o lábio inferior e olhou pela janela, depois virou-se para mim - ele não te machucou? Você está bem? - ele me analisa.

- Sim, estou bem.

- Você é muito descuidada! Você é uma garota de 23 anos, não deveria andar a essa hora na rua, Mi Young!

- Eu sei... desculpa.

- Você não me disse que passaria o dia no hospital, hoje. Você não voltou para casa e eu fiquei preocupado! Liguei para o restaurante e eles me disseram que você estaria aqui... Se não fosse isso... Se eu não tivesse ligado... Aquele idiota! Aish!

- Por favor, fique calmo... - pedi.

- Não consigo! Só de pensar naquele desgraçado fazendo alguma coisa com você.... - Ele balança a cabeça e cerra os dentes. - Vamos embora...

Ele liga o carro e dá a partida em direção ao apartamento, em direção a nossa casa...

Enfim Só Ou Nem Tanto...Onde histórias criam vida. Descubra agora