Faculdade e um colega de apartamento

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Kim Mi Young

Me chamo Kim Mi Young e tenho 23 anos, estou no último ano da faculdade de medicina e me mudei recentemente para um apartamento mais próximo do metrô, mas parece que infelizmente ele veio com um brinde: um garoto. Não posso me mudar para um quarto separado porque não poderei pagar, embora eu tenha um trabalho de meio período em um restaurante de lamém, acabo gastando o dinheiro em livros de estudo para a faculdade. Mas pretendo ter meu próprio apartamento, quando começar a ser residente no próximo ano e ter o suficiente para pagar um sozinha.

Passei o dia organizando meu quarto e limpando o armário em que vou guardar meus livros de medicina que ainda não chegaram. O Yoongi parece estar se ajustando bem ao seu quarto também, espero não causar nenhum problema pra ele, já que ele está fazendo o favor de morar comigo.

Escutei o interfone tocar e saí do quarto para atender. O porteiro havia ligado para avisar a chegada dos livros. O homem dos correios deixou a enorme caixa perto do sofá e me pediu uma assinatura antes de ir embora. Como a caixa era pesada demais para que eu a carregasse até o quarto, comecei a pegar os livros e ir levando pouco a pouco. Yoongi veio para sala uns minutos depois alegando o barulho dos meus pés de um lado para o outro, não o deixar dormir.

- Sinto muito. – me desculpei.

- O que está fazendo? – ele perguntou observando a caixa.

- São os meus livros de estudo. A caixa é pesada demais pra mim, então estou levando aos poucos para o quarto. – disse por fim.

- Aish, por que não me pediu ajuda?

- An... Porque é problema meu. - falei normalmente.

- Por isso não posso ajudar?

Não soube responder aquilo, então apenas dei de ombros. Isso é estranho, dificilmente fico sem ter o que responder a alguém. Senti uma pontada repentina no coração, acho que é orgulho ferido? Bem, tudo bem. Não importa.

Yoongi pegou a caixa e com um pouco de dificuldade, levou-a para o meu quarto, quando a soltou no chão, ele suspirou e me encarou.

- Você usa todos esses livros? – perguntou ofegante.

- Sim, é meu material de estudo. – respondi.

- Faz faculdade de que? – indagou e antes que eu respondesse, pegou um dos livros e começou a folhear. – medicina? – fez uma cara surpresa.

- Você parece surpreso. Esperava outra coisa? – perguntei.

- Não. – embora ele tenha dito não, vi um breve rubor em seu rosto. – vai se especializar em qual área?

- Neurocirurgia. – respondi.

- Parece que você gosta de coisas complicadas... – ele disse.

- É, acho que sim. – respondi por força do hábito. – vou preparar o jantar. – avisei saíndo do quarto.

Ele me seguiu e sentou-se na mesa. Comecei a preparar o jantar, mas com um pouco de incômodo por ele estar me observando. Não entendi bem aquilo, mas dava para sentir o olhar dele me seguindo, acho que é a primeira vez que alguém me observa por tanto tempo, sempre fui acostumada a não ser notada, mas acho que essa observação dele é comum, afinal, vamos morar juntos a partir de hoje. Ele com certeza quer conhecer quem passará bastante tempo com ele, porém, vou adiverti-lo de que isso não é necessário. Quando eu retornar a faculdade, mal vou ser notada quando estiver no apartamento.

- O que está preparando? – fui surpreendida pela voz meio rouca dele, mas não deixei aparente.

- Onigiri.

- Oh... você sabe fazer?

- Se eu estou fazendo... – deixei morrer a frase.

- Humm.

Demorou mais uns 15 minutos até os onigiris estarem prontos. Servi e me sentei a mesa com o Yoongi. O vi dar a primeira mordida.

- Incrível... – ele disse olhando para o Onigiri com uma expressão um tanto engraçada. – o sabor... está Incrível. Você cozinha muito bem, como aprendeu?

- Moro sozinha desde os 16 anos, tive que aprender. – suspirei. – bem, não que isso seja algo tão difícil de aprender. – comecei a comer também.

- Eu não cozinho, o Hyung que... – ele não terminou a frase.

- Hyung? – indaguei confusa.

- Nada. – ele terminou de comer e voltou para o seu quarto.

Lavei a louça e comecei a estudar em meu quarto. Não vi o Yoongi até o dia seguinte, ele acordou tarde, então não tomou café, apenas almoçou.

- Você... – pareceu que ele ia perguntar alguma coisa, mas se deteve. logo após o término de seu almoço, voltou para o quarto.

Na manhã seguinte eu retornei para a faculdade. Acordei cedo, fiz o café da manhã, e saí de casa às 7 horas. Gosto de chegar cedo para estudar antes das aulas começarem. Vou para a biblioteca e fico lá até às 7:45, depois vou para sala. Me sentei no lugar de sempre e esperei a aula começar.

Depois da aula, corri para meu emprego no restaurante de lamém. O gerente de lá é o filho do dono, ele tem minha idade. O dono é bastante simpático e gentil, ele sempre diz que gosta da minha presença e da minha maneira de trabalhar, o que é estranho para mim já que ninguém nunca me disse isso. O gerente se chama Guk Doo In, ele também é gentil como o pai e cozinha divinamente bem, aprendi alguns truques com ele.

- Boa noite Guk Doo. – falei ao entrar no restaurante.

- Boa noite kiminie. – ele respondeu. Kiminie é como ele me chama, eu não fui contra o apelido. – como é no apartamento novo? – ele perguntou enquanto eu colocava meu uniforme.

- É... Normal. – falei.

- Normal? Soube que o lugar é muito bom.

- É. – saí da cozinha e retornei ao balcão.

- Você não muda, né? – ele riu e balançou a cabeça.

Não respondi. O restaurante começou a ficar cheio e eu a me mover para servir os clientes. Alguns vinham todas as noites e outros eram novos. Eu gostava daquele lugar, tinha um ar fresco e luzes agradáveis, sem contar a estante de livros. As vezes, quando o movimento está fraco, eu aproveito para estudar.

Comecei a servir um cliente que sempre vinha naquele horário. Ele não parecia gostar muito do ambiente, mas mesmo assim ele vinha e sempre arranjava confusão. Todas as vezes ele dava um jeito de parecer que não teve culpa. Gug Doo me avisa sempre para ter cuidado. Ele me disse que esse cliente me olha de um jeito estranho, mas eu não costumo me importar muito ou prestar atenção.

Entreguei a tigela de lamém e perguntei se ele desejava mais alguma coisa.

- Há um limite para se fazer de boba, garota. – ele apertou os olhos para mim com irritação.

- Desculpe, não entendi o que quis dizer, Senhor.

Abaixei a cabeça e saí, mas ele agarrou meu pulso com brutalidade e eu virei meu rosto de volta para ele.

- Você está me deixando bem irritado, sabia? – rosnou ele.

- Me solte. – pedi com calma, fitando Seus olhos com frieza. Ele manteve a postura, mas me soltou.

Acho que ninguém percebeu aquele pequeno infortúnio. Mas isso pode ter sido de certa forma bom, porque agora eu sei exatamente o motivo desse homem me olhar de forma estranha, bem, eu já sabia quem ele era, mas não sabia que ele tinha essa raiva por mim. E por nenhum motivo ligado ao que aconteceu de qualquer forma, comecei a lembrar do Yoongi e a me perguntar como ele está em casa...

Enfim Só Ou Nem Tanto...Onde histórias criam vida. Descubra agora