Parte VII

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Fazia exatamente uma semana que eu estava na ilha, saíamos pra andar na praia, caminhar e olhar as estrelas. Uma semana muito boa, só que eu sentia falta da cidade.  A quietude nunca combinou comigo, não havia eletricidade e os mosquitos não me deixavam em paz.

Eu curtia a natureza o maximo que podia, até completar o mês e ele me levar de volta. Esperava que ele mantivesse a palavra.

Eu imaginava toda noite antes de dormir, o que eu faria quando voltasse pra realidade. Me mudaria com certeza, pra bem longe de onde eu residia. Não queria correr o risco dele se arrepender e me sequestrar novamente.

Procuraria um novo emprego com algo que eu gostasse e de preferência que não me irritasse. Usaria algumas horas do dia para contemplar a natureza, ver um por do sol, caminhar na areia da praia. Por Deus, eu até plantaria uma árvore.

Seria uma pessoa melhor, leria mais e ficaria em silêncio durante alguns minutos, com meus pensamentos. Ajudaria pessoas e idosos, adotaria um cachorro. Coisas que eu não faria.

Com uma semana eu mudei muito, eu vi o cara que me sequestrou cru. Eu vi seus medos, anseios, sonhos. Eu vi a pessoa real por trás de um cara durão. Eu me vi nele, assustada, tímida, insegura.

Nós viramos amigos, ele me contou todo o seu passado e como ele me escolheu. Como dentre tantas mulheres no mundo, eu fui a premiada. Ele sabia que eu precisava de um tratamento de choque pra dar valor às pequenas coisas da vida.

Ele sabia que eu não conseguiria sozinha, precisava de um pequeno empurrão. Ele ainda queria que eu passase o resto da vida com ele, naquela ilha, sozinhos.

Eu estava decidida a voltar, tentar de novo. Mudar alguns costumes e me melhorar como ser humano. Viver na cidade tinha lá sua glória, existia vantagens.

Ele se aproximava devagar, nunca insistia. Disse que eu escolheria, que eu pediria para que ele me tocasse. Eu nunca pedi.

Esperava nunca dar esperanças, faltava três semanas pra minha liberdade. E eu iria embora sem olhar pra trás, levando apenas boas lições daquele lugar.

Esperava que três semanas passasem rápido.

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora