Sem Saída

Parte XI

Hoje era o dia que eu iria ser livre novamente. Choro até não aguentar, grito pro nada trancada no quarto. Sinto um ódio indescritível desse ser humano, o odeio com toda minha força.

A casa está silenciosa, nem um único ruído escapa pelas frestas da porta. O único som em toda a ilha, saí dos meus lábios.

Eu tinha esperanças de ir embora, só que cada hora que se passava a esperança diminuía. Talvez eu nunca poderia ir embora, talvez ele me obrigasse a viver ali até eu morrer.

O que ele estaria fazendo? Procurando a próxima vítima?  Escolhendo uma garota para sequestrar? Tramando minha morte? Eu não tinha medo de morrer, a morte sorria pra mim à cada dia que eu estava naquele inferno.

O desespero me fez dar mais um grito, chorei até acabar todas as lágrimas que eu possuía. Depois que dle cortou meu cabelo, ele não veio mais aqui.Simplesmente sumiu. Eu estava morta de fome, nem um pouco de comida o infeliz me trouxe.Nada.

Ouvi um barulho na porta, ela abriu e o Edu entrou trazendo uma bandeja de frutas.

-Coma logo, antes do chefe voltar. Ele deu um sorriso.-Eu não te deixaria morrer de fome, agora coma rápido ou esconda a comida.Ele não vai demorar muito.

-Obrigada.

Ele sorriu e saiu fechando a porta. Eu estava agradecida por ele trazer comida, na verdade eu estava muito agradecida. Saber que ele estava ali me ajudando, me fez ter esperança novamente.

Comi rápido e quase me engasguei quando ouvi passsos fortes andando em frente ao quarto, joguei a bandeja com o resto das frutas embaixo da cama e esperei.

Depois de alguns minutos ele entra no quarto, dá um sorriso e me olha com carinho.

-Está livre. Ele diz abrindo os braços. -Não mereço um abraço?

-jura?  Pergunto incrédula.

-sim.o helicóptero chegará em duas horas, então você voltará pra sua casa. Ele diz.-Ao menos que você queira ficar.

-Obrigado. Digo com receio.

-Só me abrace. É tudo o que quero.

Caminho devagar até onde ele está e o abraço com cuidado, ele me abraça e afaga meus cabelos. Ele beija minha testa com tanto cuidado, que acabo sorrindo em meio às lágrimas.

Ele olha em meus olhos e dá um sorriso, enquanto enxuga minhas lágrimas. Um turbilhão de emoções viaja por meu corpo, o toque dele me deixa com medo, e ao mesmo tempo me passa conforto. Eu só queria continuar ali e esquecer tudo o que aconteceu. Esquecer que o mundo é injusto e cruel, e por consequência as pessoas se acostumam a isso.

Àquele homem que eu abraçava, era frio e cruel como o mundo que eu conhecia, e também era delicado e amoroso.

Ele tinha o seu lado bom em contato com o seu pior, e eu estava ficando louca. Eu estava começando a gostar disso.