Parte I

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DULCE

dor de cabeça me invade assim que acordo, olho ao redor e estou em uma praia.  mas que diabos? levanto um pouco e olho para longe, nada só a imensidão do mar. olho para trás e vejo floresta. como vim parar aqui?

lembro com detalhes da noite passada e xingo baixinho. passo minha mão atrás da cabeça e encontro um corte. olho pra minha mão ensanguentada e decido sentar novamente.

choro baixinho e fico sem saber o que fazer.

-olá.  ouço uma voz e vejo o mesmo homem de ontem.

corro para frente e entro na floresta,  preciso fugir, achar uma saída. corro tanto que canso rapidamente.  olho para todos o lados e não vejo nada. me escondo atrás de uma árvore e sento quietinha. seguro a árvore com tanta força que machuco minha mão.

escuto os passos e o vejo. o físico forte do seu corpo me diz que não terei chance de fugir se ele me encontrar.

-você não pode se esconder. escuto ele cantando e meus braços se arrepiam.

olho novamente e vejo seus cabelos loiros, seu rosto vira em minha direção e eu me encolho. paro de respirar com medo que ele possa escutar o martelar de meu coração.  olho novamente e ele não está mais lá.

respiro aliviada e ando na direção oposta da que ele foi,  o ruído das folhas velhas se quebrando por onde passo é o único som que escuto.

e agora? o que fazer ? me sinto tão mal e acabo vomitando no chão.  a tontura me pega desprevinida e sento um pouco. ao julgar pelo calor do sol escaldante, imagino ser umas 10 horas.

escuto um chiado ao longe e o som de pássaros voando. medo me consome e choro baixinho.  porque ele está me perseguindo? será que ele é canibal? ai meu Deus!  estou perdidamente fodida.

vejo meus bolsos e procuro meu celular,  esperança me preenche quando o encontro. abro rápido para fazer uma ligação para a polícia. vejo que não tem área e mentalmente xingo. droga agora não tenho o que fazer.

saio andando e levantando meu celular na esperança de encontrar ao menos um pouco da área de cobertura. não consigo nada e me sinto exposta sem ter a quem recorrer para pedir ajuda.

ao longe vejo uma grande rocha, vou andando pretendo subir nela e procurar sinal. espinhos ferem meus pés, mas não me importo tenho una chance de fugir e não vou medir esforços para conseguir.

após escorregar e cair pela terceira vez, tento novamente e consigo subir.  o musgo agarrado na pedra a deixa muito escorregadia, subo devagar e consigo.

testo meu celular e novamente sem área, perdo todas as esperanças de conseguir ajuda. desço da pedra e caminho sobre as folhas. o vento passa por mim e trás consigo as folhas velhas caídas das árvores.

sento no chão e toco novamente meus cabelos, o vermelho deles me conforta, meu ex namorado odiava a cor e por vezes me mandou pintar. lembro daquele ordinário e sinto ódio. como pude ser tão burra a ponto de acreditar nesse amor.

um barulho mais a frente me tira de meus devaneios, fico quietinha e tento não me mexer. uma puxada em meus cabelos, me faz sentir muita dor e me arrastam com força.

-pensou que iria fugir?  ninguém foge de mim.

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora