Parte VIII

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Fazia duas semanas que eu estava na ilha, comecei a gostar do lugar.A natureza me fazia bem, me deixava viva.

Não havia carros buzinando, nem pessoas brigando por qualquer motivo.Só existia nós, os animais e a natureza. Comecei a plantar uma horta e a escrever um diário. Queria guardar as lembranças, para ler assim que eu fosse embora.

Assim que caía a noite, fazíamos uma fogueira e contávamos histórias. A vida era boa sem responsabilidades, sem precisar trabalhar. Eu fazia a comida, ele limpava a casa, juntos formávamos uma bela dupla.

Sentiria falta da liberdade, de como o vento bagunça meu cabelo.

-O que você está fazendo? ouço ele perguntar.

-Estou fazendo um diário.  lhe digo. -De como está sendo minha vida em cativeiro, digo rindo.

-Engraçadinha. ele sorri. -Até parece que eu te prendo em uma gaiola.

-As vezes as gaiolas não tem grades. digo séria. -As vezes estamos presos na nossa mente.

-Você tem razão. ele fala. -Vamos dar um passeio? 

-Deixa eu terminar aqui e já estou descendo. falo enquanto ela sai do quarto.-Me espera.

Fecho o caderno e dou um suspiro, caminho devagar até a janela e dou uma olhada na ilha. O lugar é pequeno, acolhedor, parece um lar.

Um lar?  Em que estou pensando? Eu vou voltar, viver em um mundo real e não em uma utopia idealizada por um cara que nem sei o nome.

Ele só vai falar seu nome, se eu resolver ficar. Eu não pretendo ficar, nem saber seu nome. Agradeço tudo o que ele fez, mais isso não muda o fato dele ter me sequestrado, não muda o fato dele ter sonhado com isso por alguns anos, ele está doente mentalmente e sentimentalnente.

Ele é uma granada prestes a explodir, que só precisa de um gatilho. Sei que o gatilho é não querer ficar.Não responder a todas as suas espectativas utópicas de um mundo perfeito.

O gatilho da granada está em minhas mãos, e infelizmente irei puxá-lo. Sei que irei destruir ou ser destruída, torço pra primeira opção.

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora