Edu me arrastava pela praia, e eu lutava com toda a força que eu tinha. Não era muito, comparado com seu corpo forte. Eu precisava de algo, mas precisamente de um pedaço de madeira. Samuel ainda deve estar dopado, o que tirava as chances dele aparecer e me salvar. Mas eu era uma mulher forte, não deixaria aquele cara que eu pensei ser o único que podía me entender, me matar.
-Se você não cooperar, isso ficará difícil pra você. Eu ainda posso lhe carregar com suas duas pernas quebradas. -Ele gritou e continuou me arrastando como se fosse fácil.
Isso não ia acontecer, eu não deixaria aquele idiota quebrar minhas pernas. Minha garganta arranhou, por eu ter gritado bastante. Eu parecia burra, não tinha nada além de nós, e se Edu quisesse me matar isso aconteceria sem interrupções.
-Por favor Edu. Eu pensei que você fosse meu amigo. -Minha voz falhou na última palavra.
-Eu sou seu amigo. Por isso vou te tirar daqui. Daqui a pouco tudo deverá estar acabado.
-Eu só queria o abraçar uma última vez. -Implorei.
-Não vai acontecer. -Ele falou baixinho.
Alguns metros mais à frete, vi o barco. Era pequeno e servia para duas pessoas. Não tinha nada além de um remo, se ele não me matasse, aquela loucura de navegar em um mar revoltoso me mataria com toda certeza.
Ele me soltou por um segundo, e então uma adrenalina me preencheu e eu o chutei com toda minha força. Ele caiu e sua cabeça bateu na lateral do pequeno barco, não olhei pra trás, apenas corri. Corri com toda minha força, mas parecia que a areia queria me engolir, eu teria gostado disso, pois o que estava vindo atrás de mim, era muito pior. Eu olhei para trás uma única vez, eu não o vi . Não sei o que aconteceu, mas algo me dizia que ele estava me espreitando, como um animal, escondido nas sombras pronto para dar o primeiro bote.
Finalmente cheguei na casa, corri até o quarto de Samuel, onde o vi pela última vez. Ele ainda estava lá, respirei aliviada, mas isso era o menor de todos os meus problemas. Havia um louco atrás de mim, e ele nao descansaria até me encontrar.
Fechei a porta e arrastei um criado mudo para ficar no caminho, minhas maos tremiam. Tudo estava um caos, tudo o que pensei, nada parecia real. Parecia apenas um pesadelo, que eu não conseguia acordar.
Fui até a cama e beijei Samuel, se esses forem meus últimos minutos, eu não me arrependeria de nada. Eu amava aquele cara que agora estava desmaiado na cama, drogado pelo seu único amigo. Por um cara que ele confiava demais.
Abri com fúria todas as gavetas que eu via na minha frente, Samuel deveria ter uma arma, algo para se defender. Praguejei baixinho, ele não tinha nada ali. Medi minhas opções, ficar ali onde eu estava um pouco segura, ou ir até a cozinha e pegar algo cortante e útil para me proteger.
Ouvi a cama mexendo, olhei e vi que Samuel estava se revirando. Certeza que o sedativo estava perdendo efeito.
-Samuel? -Chamei.
Ele abriu seus olhos, com certa dificuldade. Ele pegou sua cabeça e fez uma careta, sei que ele deveria estar sentindo dores.
-Dulce? -Ele chamou.
-Estou aqui. -Falei. -Por favor, me fale que você tem uma arma em algum lugar aqui em seu quarto?
-Por Deus, não. -Ele falou sem entender.
-Acho que vamos morrer Samuel. -Falei com a cabeça baixa.

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Sem Saída
Mystery / Thrillerapós ser sequestrada Dulce acorda em uma ilha deserta, sem ter como fugir vai se submeter a tudo que seu sequestrador lhe ordenar. o único problema é que ela se apaixona por quem ela deveria odiar com todas suas forças.