Parte V

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Eu caminhava em silêncio, enquanto o seguia, tinha que arrumar um jeito de fugir. Eu não sabia onde estava meu celular, não sabia que existia barcos por perto. Não sabia nada na verdade.

Esperava que esse homem que caminhava calmamente em minha frente, pudesse ter um pouco de piedade.Se eu pedir com jeitinho, chorar um pouco quem sabe seu coração não amolece não é mesmo?

Ele abre a porta, enquanto eu caminho para o interior da casa. Era assustador pensar em viver isolada do resto do mundo naquela ilha, como um bichinho de estimação, ou como uma boneca humana.

-Então.Ele começa a falar.-Te trouxe até aqui pra te salvar.

Que merda é essa que ele estava falando? me salvar?

-Eu já te falei que tenho dinheiro.digo.-Posso negociar.

-Você não entende, não é? ele grita.-Estou te salvando da porcaria desse mundo.

E lá estava aquele homem louco novamente, uma hora um doce, outrora azedo igual limão. Com certeza ele tinha problemas mentais.

-Desculpa. digo o acalmando.-Acho que você trouxe a pessoa errada.

-Eu passei anos da minha vida, te observando. ele diz com fúria. -seus modos, gostos, os mínimos detalhes. pra te deixar confortável na sua nova casa.

-Sério. digo irritada.-Cara, você tem que se tratar. Isso parece loucura, burrice. Se você me levar de volta, te prometo que não farei queixa na polícia.

-Sua casa é aqui, comigo. ele diz se aproximando.-Você nunca vai embora, nunca.

Me afasto, o cara estava delirando, louco demais.

-Se você cooperar. digo.- Eu não vou te entregar pra polícia, posso até te pagar.

Ele caminha até o sofá e senta confortavelmente, me ignora e suspira.

-Você sabe o duro que dei, pra construir uma casa nessa ilha? ele pergunta. -Quanto gastei, pra te dar todo esse luxo?

-Eu te dou o dinheiro.

ele pega um porta retrato e quebra na parede, depois outro e mais um.me encolho em um canto com medo de ser acertada por um.

-Você não vai embora. ele grita.-Se acostume, aqui é seu novo lar.

-Eu não quero. digo.-Tem que ter um jeito de sair daqui.

ele caminha de um lado para o outro, parecendo um psicopata quando está decidindo com que arma sua morte seria mais dolorosa.

Observei seus cabelos negros bem cortados, seu maxilar rígido e um porte atlético. ele parecia uma pessoa sã, que se cuida e não um maluco vivendo em um mundo de alucinações.

Já vi sequestros na tevê, sequestros que nunca acabavam bem.Vi que deveríamos ser amigos dos sequestradores, para assim garantir viver nem que seja mais um dia.

Eu faria o que fosse possível pra sobreviver, até alguém me achar.

Tinham que me achar.

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora