Parte XXVII

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Passei meus dedos pelos cabelos de Samuel, a brisa do mar serpenteava entre nós, meu cabelo era jogado constantemente em meu rosto. Ele ainda não tinha crescido muito, depois de Samuel tê-lo cortado. Tentei lembrar do que tinha naquele caderno que joguei no mar,era algumas reportagens de assassinatos, mas queria ter lido com cuidado, só assim iria ver se existia algo em comum. Pessoas normais poderiam ter esse tipo de hobby né? Talvez eu esteja me preocupando demais com isso,  sei que foi uma loucura fugir com ele da clínica, mas eu não poderia continuar vê-lo em meio a tantas crises. Eu não suportava vê-lo tão estranho e tão longe da realidade. Eu já estava apaixonada por ele, o difícil era saber se isso iria dar certo. Se eu poderia lidar com isso o resto da minha vida,  será que eu suportaria tudo isso por amor?

Queria que tivesse sido fácil,  que tivéssemos nos conhecido em uma balada da vida. Numa festa de um amigo em comum, ou em um barzinho. Eu queria que fosse realmente diferente de tudo o que aconteceu.

-Samuel?

Ele não respondeu, talvez tenha pegado no sono. Talvez só fingindo pra não responder minhas perguntas. Resolvi deixá-lo dormindo na areia e fui nadar um pouco. A água era muito azul, e tinha alguns corais pontiagudos no chão.  Às vezes em dias entediantes eu ia nadar durante horas, só saía de lá quando não estava mais aguentando o frio. Era sempre assim, Edu vinha e me trazia uma toalha e passávamos horas falando besteiras e tentando entender Samuel. Era difícil no entanto não notar o quanto Edu era bonito, mas eu sentia que podia confiar nele como um irmão. Ele estava sempre ali, me mostrando que eu não estava totalmente sozinha. Edu não falava muito da vida pessoal dele,  e quando perguntava sobre como era a ilha sem mim, ele mudava o assunto totalmente.

Ele não tinha permissão para falar sobre isso ou sobre o Samuel, ele o obedecia cegamente.

Dei uma olhadinha em Samuel e ele tinha sumido,  deve ter ido pra casa com certeza. Senti algo agarrando meu pé e me puxando pra baixo, soltei o ar que eu tinha em meus pulmões e comecei a sufocar. Abri os olhos e vi Samuel me abraçando,voltamos pra superfície e eu tossi bastante tentando respirar normalmente.

-Tá doido?! -Gritei.

-Desculpa Dulce, tentei te fazer uma surpresa. -Ele falou pegando minha mão e me puxando pra baixo.

Mergulhei e o deixei me guiar até o fundo, ele apontou pra alguns peixes e animais marinhos que eu não sabia o nome. Fiz sinal de positivo, e apontei pra cima. Tentei voltar pra cima, mas ele me segurou lá embaixo e me puxou pra um beijo. Subimos juntos, eu tinha medo de algum tubarão estar por perto.

-Quero te mostrar uma coisa. -Ele falou alto e apontou pra baixo. -Vamos É rapidinho.

Tomei um pouco de ar e fui.

Ele me puxou pro chão e pegou uma ostra, olhei com curiosidade, será que ele pensou que tinha alguma pérola dentro? Ele colocou na minha mão e subimos, lá em cima as ondas começaram a ficar revoltadas. Olhei a ostra e dei risada.

-Não tem pérolas aqui, isso é coisa de filme. -Falei.

-Quem sabe temos sorte? Custa abrir? -Ele perguntou.

Joguei a ostra pra ele. -Abre você.

Ele abaixou a cabeça e abriu.

Era uma pérola linda, mas não foi a pérola que me chamou atenção, foi o anel incrustado de jóias dentro da ostra e aquela pérola em cima. Era lindo. Fiquei sem reação, ele continuava com a cabeça baixa. Ai meu Deus. Eu não sabia o que fazer.

-Quer casar comigo Dulce?  -

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora