Parte XXVI

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O dia estava quente quando acordei, a casa extremamente silenciosa. Sentei na cama e dei uma olhada no despertador,  eram quase 11 da manhã. Nossa eu tinha dormindo demais, levantei pra pegar uma roupa e me deparei com um bilhete na porta do meu guarda roupa.

"Dulce precisei sair, prometo voltar o mais rápido possível.  Samuel."

Essa era minha grande chance, eu iria descobrir o que Samuel escondia. Iria tentar solucionar esse enigma que assombrava meus sonhos,  será que Samuel não era realmente o que dizia ou aparentava?

Fui até a cozinha depois até a varanda, olho pela janela, tudo está calmo e nenhum sinal de Samuel ou Edu.

Vou até o corredor e giro a maçaneta do quarto de Samuel, fechado. Droga. Tento olhar pelo buraco da fechadura como vejo nos filmes, só que não vejo nada. Penso um pouco e pego um grampo de cabelo. É tão facil na tv, passo meia hora tentando abrir até que desisto. Nunca mais acredito nesses filmes idiotas.

vou até meu quarto e vejo a janela, ela tem um pequeno parapeito. Imagino se por sorte ele deixou sua janela aberta. Subo na janela e coloco a perna pra fora.

-O que você está fazendo? -Edu pergunta e dá uma risada. -Suicídio?

-Não é tão alto. -Respondo.

-Desça daí, não quero ter que limpar seus restos mortais do jardim.

Dou risada com seu jeito engraçado de falar. Desço e suspiro, eu havia perdido a chance de procurar algumas coisas.

-Seu café está pronto. -Ele fala com seriedade.

-Você sabe que não precisa fazer isso, não é? 

Ele sai na frente e eu o sigo, chego na cozinha e não tem nada lá. Olho pro fogão e também não tem nada.

-Cadê a comida? -Pergunto.

-Resolvi montar seu café perto da praia hoje, se não se importa.

-Claro que não.  -Respondi achando aquilo tudo muito esquisito.

Caminhamos em silêncio até a areia da praia, a brisa do mar afagava meu rosto, vi uma toalha com o café da manhã, e várias almofadas.

Tudo estava tão lindo , sentei e esperei Edu sentar também, só que ele continuou em pé a uns metros de distância.

-Edu, você não vai se sentar?

-Eu não tenho permissão pra isso Dulce. -Ele falou.

Permissão? Quem tem que ter permissão, para sentar e tomar café?

-Ordens do Samuel? -Perguntei.

-Sim. E não quero perder meu emprego, não quero ter que te deixar aqui sozinha.

-Vai se senta aqui, vamos tomar um café.

Ele sentou e sorriu, comemos um pouco e ficamos falando besteiras por um bom tempo. Edu era a única pessoa que me tirava do tédio, eu sentia que poderia lhe contar todos os meus segredos. Ele me entendia e me acompanhava, sem me deixar cair no abismo que Samuel colocou no nosso caminho. Eu sentia falta de Samuel, às vezes eu o via, às vezes não. Era como um fantasma em sua própria casa, seu quarto era o único local em que ele passava a maior parte do tempo.

-Eu preciso pegar uma coisa no quarto do Samuel, você tem uma chave reserva? -Menti.

-Acho que tenho. -Ele pensou um pouco e mexeu no bolso. -Aqui está.

Peguei a chave e meu coração palpitou, aquela era minha chance. Coloquei em meu bolso, escutei um helicóptero ao longe. Continuamos conversando, mas meu pensamento era em descobrir o que tinha em seu quarto.O helicóptero pousou e depois de algum tempo vi Samuel se aproximando de nós. Vi que Edu se preocupou e quis levantar, mas dei uma olhada pra ele e disse "tudo bem" baixinho.

Samuel se aproximou e olhou pra Edu, o mesmo se levantou e foi embora. Eu odiava aquilo em Samuel, odiava ele fazer isso com Edu. Era como se ele não quisesse que eu falasse com ninguém, me sufocava.

-Porque fez isso Samuel?

Ele sentou na areia e deitou em meu colo, só ficou lá, com os olhos fechados.

Eu afaguei seu rosto e dei um beijo em sua testa,  esqueci da raiva de todos esses dias, e me concentrei ali, Samuel parecia frágil, a ponto de quebrar.

Sem SaídaOnde histórias criam vida. Descubra agora