— Você estar linda — falei, quando nos cumprimentamos.
Um encontro casual, em um restaurante bem frequentado em Tampa, na Florida. Com uma mulher maravilhosa que há semanas eu via me perdendo de prazer.
— Se eu disser que você também está lindo não vai lhe dar a ideia de que estou tentando puxar seu saco, não é? — Ela era linda, simpática.
— Nem um pouco. — Afastei a cadeira e Nick sentou-se, colocando sua bolsa na cadeira ao lado, trazendo seu cabelo loiro todo para o ombro esquerdo. Uma elegante estratégia para sentir seu perfil com o toque quente de sua pele.
Nick é uma ótima advogada que estava ajudando a minha empresa com algumas papeladas. Uma mulher de olhar vivo, sensual e caramelizados. O corpo magro e esguio que se movia com delicadeza. A voz suave e marcante de quem sabe entoar as palavras certas, ao menos eu achava assim...
O jantar foi regado a muitas indiretas, algumas com teor sexual. Nick me contou sobre sua vida difícil até conquistar seu lugar e se tornar conhecida por seu excelente trabalho.
Antes mesmo de chegar à sobremesa, eu havia conseguido roubar um beijo dela. Foi calmo e delicio, não teve a eletricidade eufórica do desejo de imediato, embora soubéssemos que aquela noite era quase certo irmos para cama juntos.
Quando pedi a conta, e saímos do restaurante, caminhamos com tranquilidade até o meu carro. Nick havia ido de taxi, o que só me dava a entender que ela tinha planos de sair comigo do restaurante.
No caminho para o apartamento dela, a olhei satisfeito. Eu estava no auge da minha carreira, cansado de aventura, queria muito fazer algum laço, de preferência aqui na Florida, onde meu escritório de arquitetura é muito mais remunerado que no Brasil. E Nick parecia tão perfeita...
— Você tem filho? — Ela soltou essa sem aviso prévio.
Não conversamos sobre vida pessoal até aquele instante, até o fatídico dia em que decidimos tornar as cosias mais serias.
— Filhos? Não. Eu não quero ter filhos.
Nick me olhou como se uma segunda cabeça estivesse brotando do meu ouvido.
— Não quer ter filhos? — fez uma indagação um pouco aterrorizada.
Eu acabara de revelar que não queria. Sabia que Nick não tinha problemas auditivos nenhum. Precisei sussurrar algumas palavras provocantes, durante o jantar para instigá-la, e ao menos ela havia entendido todas.
— Sim, foi o que eu disse, certo?
Por que estávamos naquele assunto? Tudo estava indo tão bem quando...
— Bem, eu devo respeitar sua opinião, mas acredito ter escutado você falar hoje que estava aberto para relacionamentos sério.
— Sim, não menti sobre esse quesito. Na verdade, eu odeio mentiras, Nick, tanto que prefiro ser bem claro no que me diz respeito.