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DUDA

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DUDA

— Você está me dizendo que a leitinho quente que acabei de pôr na boca é do gostosão do Marcelo? — Bruna tirava sarro. — Que leitinho delicioso, Bruna, cremoso, morninho! — Ela ficou lambendo os lábios.

Precisei tomar café da manhã com ela para contar todo dia de ontem. Padaria, vergonha, gostosão, chefe novo, situações constrangedoras.

— Para, Bruna.

— Mas conta, é grande? Quero saber, fala!

— Como assim "é grande"? Para com isso!

— Você disse que ele estava duro quando caiu em cima de você. Me conta, sua chata!

— Eu... eu acho que sim.

— Da próxima vez, aprende! Erra a maçaneta da porta, a gaveta, a porra do mouse, mas pega no pau dele!

— Tá louca?! — Quase me engasguei com café quente. — Claro que não vou fazer isso!

— Por que não? — Ela me olhou de lado, jeito meio safado, mas eu sabia que estava só me provocando. — Acha que leva uma justa causa? — Bruna não parava. Pegou a maior banana que tinha na cestinha de frutas e erguendo-a, disse: — Essa é a justa causa que você vai levar sua boba!

— Eu acho que ele foi apaixonado por Talita no passado — confessei minha teoria. — Um rolo qualquer, depois ficou tudo muito mal resolvido, o que me deu a entender pela forma que ele a tratou ontem. Talita parecia um cachorrinho atrás dele, ele desdenhando.

— Então, se for isso mesmo — jogou a banana para longe —, foge desse homem, porque é encrenca para você amiga. Talita não vale a merda que produz e vai segurar no seu calcanhar como uma cobra venenosa.

Olho o relógio no meu pulso.

— Preciso ir. Vamos nos encontrar no barzinho da rua 13?

— Estarei lá. Vou tentar levar dois amigos para dançar, tudo bem?

— Para mim, está ótimo! — Peguei minha bolsa e computador.

— Quem sabe no fim da noite, vamos nós quatro para o motel — ela tremeu as sobrancelhas de forma empolgada.

— Não vou transar olhando para sua bunda, sua pervertida!

— Você não é nenhum um pouco divertida.

Corri para o trabalho. Consegui chegar antes do horário e arrumar minha mesinha, fora da sala de Marcelo. Feliz e mais calma que ontem, liguei o computador novo, organizei minhas pastas e agenda eletrônica.

Deu dez horas da manhã e nem Talita muito menos Marcelo haviam chegado.

Corri para a copa e peguei uma caneca de café forte. Voltei o mais depressa possível para meu posto. Sentei-me para trabalhar e adiantei uma parte do serviço da manhã.

Escutei o elevador apitar. Olhei na direção dele. Meu coração parou por uma fração de milésimos. Quando o elevador abriu Talita e Marcelo saíram de dentro.

Marcelo vestia uma linda camisa social azul marinho com os primeiros botões abertos, calça social preta, sapatos e cinto da mesma cor. Os cabelos estavam úmidos, sem barba.

Talita muito sorridente, Marcelo estava sério, mas não parecia bravo.

— Bom dia, Eduarda! — Exclamou Talita, com uma felicidade enorme. Chegou até me ofender.

— Bom dia.

— Bom dia, Eduarda... — disse Marcelo, mas não me deu muita atenção, ele entrou rápido na sala dele e se trancou lá.

Olhei para Talita.

O batom dela estava borrado, e da roupa dela tinha um cheiro de perfume masculino.

— Preciso que revise dez e-mail picantes, e-mails de relatos masculinos — dizia ela, limpando os cantos da boca.

Minha senhora, da paciência esgotada, a única coisa que veio na minha mente foi que eles estavam se pegando no elevador.

Engoli algo como uma pedra que estava presa na garganta.

— Me mande antes de sair para o almoço, certo, querida? — Ela me deu um sorriso falso e se foi, mas não entrou na sala de Marcelo.

Encarei aquela porta como um muro que me separava da perdição, do pecado e do meu desejo atual. Mas eu não iria atravessar. O telefone tocou. Vibrei junto quando o som disparou.

— Venha até minha sala, Eduarda... — disse Marcelo, com voz rouca. — Por favor, venha agora...

— Sim, senhor...

Desliguei o telefone rápido antes que ele reclamasse por tê-lo tratado com formalidade, mas eu gostava assim, me separava um pouco dele.

Me ergui, respirei fundo, desci mais a saia e arrumei os cabelos.

Bati na porta. E abri.

— Entre — pediu ele, sem olhar para mim, assinando um papel. Depois ele ergueu os olhos e senti a porra do calor rodopiando meu corpo. — Feche a porta, Eduarda, precisamos conversar.

Fechei e o meu ar foi embora.


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COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora