MARCELO
Estava uma pilha de nervos. Não consegui dormir a noite anterior e a ideia que tudo poderia dar errado veio na minha cabeça e a fez doer como nunca.
Embora estivesse ocupado o suficiente para não ir atrás de Duda, meu coração dizia que eu não estava fazendo o certo; que eu deveria resolver tudo antes de saímos juntos. No entanto, havíamos combinado de conversar na festa ou fora dela então mantive o que havia marcado.
Só precisava tirar do peito o aperto que estava me machucando.
Não voltei para casa de Ricardo, preferi passar a noite no meu apartamento. Ele era pequeno, mas tinha espaço suficiente caso Duda quisesse se mudar.
Ricardo tentou falar comigo, mas preferi beber alguma coisa para aliviar a tensão do que voltar a discutirmos. Eu não queria mais brigas naquele instante da minha vida onde via o que mais desejava escorrendo pelas minhas mãos.
Quando amanheceu, eu liguei para Duda algumas vezes, e em nenhuma delas fui atendido.
Já no fim da tarde, ela mandou uma mensagem de voz:
"Marcelo, oi! Desculpe não ter retornado. Foi muita correria essa manhã, e meus pais estão indo embora. Na verdade, já estamos a caminho do aeroporto. Devo sair por volta do anoitecer. Espero que seu o dia tenha sido bom e tudo esteja como você planejou essa noite. Me liga."
Ela parecia normal. Talvez um pouco cansada, não consegui identificar com precisão, mas quis acreditar que Duda estava a mesma.
Mesmo que tenha pedido para eu ligar, preferi mandar uma mensagem de voz como resposta.
"Oi, amor. Por não ter retornado, não tem problema. Imaginei que o seu dia estivesse cheio, embora não tenha lhe visto hoje na empresa. Desejo uma ótima viagem a sua família. Sobre a recepção, mesmo com bastante trabalho, deu para deixar tudo organizado para daqui a pouco. Passo na sua casa antes das vinte horas, podemos conversar um pouco antes de irmos para a recepção. Ainda preciso falar com você. Nos vemos logo mais. Beijos."
Ela visualizou, mas não respondeu de volta.
Estava nervoso demais. Ansioso demais e isso me deixava desastroso.
Havia esquecido de pegar o smoking na loja, e quando me dei conta, faltava poucos minutos para a loja fechar. Tentei negociar a entrega, mas o funcionário que me atendeu pediu para que eu fosse até lá para um pequeno ajuste em um dos punhos da manga.
Peguei as chaves do carro e fui o mais depressa possível. Não tinha estacionamento vago, então rodei por mais alguns minutos até encontrar um para entrar, ajustar o punho e voltar para casa. O que já me deixou muito atrasado.
Ricardo me ligou, mas estava no banho. Quando saí, retornei sua ligação.
— Já estou quase de saída — avisei.