DUDA
Era nosso último dia naquele lindo lugar isolado, refrescante e completamente apaixonante.
Queria estar muito feliz pelos momentos únicos e inesquecíveis nos quais convivemos em um prazo curto de tempo. Contudo, meu coração estava tão apertado que ficava difícil sentir felicidade, embora eu tivesse vivido experiências maravilhas para me sentir bem, o fim do final de semana estava me deixando um pouco deprimida.
O sol estava quente lá fora. Marcelo havia se levantado primeiro do que eu. Pela janela eu o vi correr na praia. Ele tinha muita disposição, muito mais do que eu imaginava. Mas eu gostava.
Dentro de casa ele não me deixava quieta em hora alguma, apenas quando terminávamos de nos dar prazer e acabávamos dormindo era o único momento no qual dávamos uma trégua.
Ainda de camisola, eu fui para a cozinha ver o que tinha para o café da manhã.
Na geladeira tinha suco, então eu só o tirei, assim como algumas frutas que cortei em pedaços e coloquei em taças. Peguei fatias de pão e as assei em uma chapa, ainda quente passei geleia de amora e pimenta e coloquei em uma cesta pequena de palha e protegida por guardanapos. Esquentei o leite e tentei fazer café. Saiu um pouco forte, adicionei à mesa.
Quando Marcelo entrou, molhando da cabeça aos pés, senti uma pontada fina no estômago. Queria ele só para mim, mas a sensação que eu tinha era que nada disso seria possível. Talvez eu estivesse dando muito ouvidos para o medo ou talvez fosse uma forma do meu sexto sentido me alertar que realmente eu não estava aberta para confiar plenamente no relacionamento com ele. Também não sabia dizer se tudo ficou mais confuso depois da mensagem que eu li.
Ele olhou para a mesa posta, olhou para mim e disse:
— Ficou bonito.
— Obrigado.
Marcelo olhou meu corpo, ofegante ele ficou em silêncio, apenas me olhando.
Era o que fazíamos durante todo o dia disponível, preparávamos comida, transávamos, dormíamos, acordávamos para comer, depois nos comíamos e caíamos no sono.
— Espera eu tomar um banho?
— Espero.
Ele passou sem me dar um beijo, o que me fez sentir-me mal. Mas não fiz nada além de esperar. Quando Marcelo desceu eu estava sentada à mesa, olhando gaivotas na beira da praia.
Ele se aproximou e beijou meus cabelos, quando meus olhos se ergueram ele beijou minha boca.
— Você é ainda mais linda pela manhã — disse, para a mulher que não havia escovado os dentes, tomando banho e nem penteado os cabelos. Apenas uma água no rosto para acordar e um banho de ducha depois daquele xixi matinal.
— Vou sentir saudades desse lugar. — Coloquei suco nos copos.
Marcelo tomou um pouco do café, mas acho, pela careta que fez, que não ficou muito bom. Embora seja a única coisa que sei fazer, naquela manhã eu estava com os pensamentos muito distantes.