DUDA
— Aquele é o Naldo, quer que eu lhe apresente? — Bruna apontou para um homem moreno muito atraente.
O tal do Naldo piscou para mim quando olhamos na direção e depois ergueu sua bebida.
Estava no pub que costumo ir com a Bruna nas sextas a noite. Combinamos algumas batatas fritas e palitinhos de carne assada com nossas bebidas. Era um bar muito badalado na região, ficava entre a revista e o caminho da minha casa, como também ficava muito perto do banco em que Bruna trabalha.
Ela queria me convencer a ficar com um carinha aquela noite. Talvez eu topasse conversar, quem sabe, se o rapaz for bom de papo uns beijos quentes poderia acontecer, mas transar, embora estivesse precisando, não estava nos meus planos, não com Naldo.
— Vamos ficar aqui, só eu e você — pedi, segurando o braço de Bruna para que ela não fosse correndo chamar Naldo.
— Tem certeza? Ele é legal. O único defeito que ele tem é ser professor de geometria, no meu ponto de vista, claro. Detesto matemática, mas Naldo é do bem.
— Essa noite só preciso beber e comer alguma coisa com minha amiga, sem interferências masculinas.
— Oh! Quer quebrar a louça comigo! — Me lançou um olhar sedutor. Gargalhamos. — Brincadeira. Mas me conta! O que aconteceu para você está tão reservada? Depois de um tempo em jejum de homem, quando finalmente você sai à noite para poder aproveitar... quer ficar se enchendo de fritura e álcool?
— Marcelo me beijo — disse de uma vez.
Bruna piscou.
— Como disse? Vo-você beijou o...
— Na verdade, ele quem me beijo e eu...
— Por qual motivo?
— Precisa ter um além de estar com vontade? — Indaguei, mas senti que Bruna sabia de algo que eu não estava por dentro. — Você conhece o Marcelo, sabe de algo?
— O que eu sei é que ele ama a vida corrida que tem, de um país para o outro, acumulando dinheiro e...
— Mulheres? É isso, Bruna, ele é um mulherengo?
— Não posso afirmar muita coisa. Apenas que ele não é tão fácil de lidar pelo tipo de vida que leva. Começando por um detalhe muito importante, ele não mora no Brasil. E fica de olho bem aberto com Talita.
— Eles tiveram um caso, não é? Talita está divorciada, tem poucos meses, isso eu fiquei sabendo assim que entrei. Eles dormiam juntos? Marcelo já passeava pela empresa no passado?
— Não sei. Mas Talita é muito difícil de lidar. E se ela estiver pegando no seu pé, de um jeito muito insistente, é porque cansou de você e quer uma menina nova para espremer o cérebro. Agora, esquece esse povo! Vamos beber, comer, beijar na boca, garota, ser feliz porque o mundo vai acabar — disse ela, toda animada, para depois piscar para o primeiro homem que passou perto da nossa mesa. — Vamos brincar de pega o rabo?!