Estava nervosa como a muito tempo não ficava. Óbvio que o padrão do cara que eu estava para sair ajudava esse nervosismo triplicar.
Marcelo é carinhoso, inteligente, além de uma delícia de homem.
Me olhando no espelho, quando enfim escolhi um conjunto de lingerie – para que se ajustasse melhor ao vestido que iria colocar, me perguntava se ele não era muito caminhão para mim.
Nossos estilos de vida são diferentes, embora Marcelo se mostre simples, ele tem títulos de conquista pelo caminho que percorreu ao longo de sua carreira como arquiteto. Eu sou apenas uma assistente da secretária dele.
Moro em uma pequena cozinha com dois quartos e banheiro. Possivelmente Marcelo deve morar naquelas casas que são feitas de vidro, metal e concreto de frente para uma bela vista, com moveis estupidamente caros e cômodos incrivelmente amplos, limpos e organizados. Dou uma breve olhada no meu cesto de roupa suja que já está tão cheio ao ponto de ter roupas no chão.
Respiro fundo. Sair com Marcelo é sinônimo de se divertir e não um compromisso sério que dure anos. É de se esperar que ele me apresente a amigos na viagem que me convidou para fazer. Marcelo deve ter aos montes. Eu só tenho Bruna, amizade de pouca convivência por nossa rotina.
Sei que vou ficar deslocada. Sou bicho do mato.
"Respira e não se abala, Duda. Hoje vocês vão se encontrar, relaxar a cabeça, a viagem é preocupação para depois!"
Escolhi um vestido cor de cereja. Ele é bem justo e aperta bem meu busto e quadril. Era o sobrevivente do armário, não tive tempo de sair para comprar um novo, muito menos de lavar minha roupa. Mas este servia, gostava dele. Marquei a boca com um batom da mesma cor, e deixei os cabelos soltos.
Quando estava terminando de colocar o perfume, a campainha tocou. Eu sabia que não era Bruna, ela tinha um encontro essa noite em uma boate e provavelmente chegaria só de madrugada, uma vez que ela começa o trabalho perto das onze da manhã. Abri a porta, ainda descalça, eis que meu coração disparou por completo quando minha visão se preencheu com Marcelo.
Ele vestia jeans e uma camisa preta grudada em seu corpo. Sorria para mim, o que me contagiou e fez devolver o sorriso no mesmo instante.
Gostoso demais!
— Oi — ele disse, me olhando intensamente.
— Oi.
Notei seus olhos claros descer por mim e voltar lentamente, se demorando em minha cintura, depois em meus e seios para no fim firmar em minha boca. Me deu um tesão enorme, mas me segurei.
— Quer entrar? — Abri mais a porta. — Vou só calçar uma sandália e pegar minha bolsa.
Ele não disse nada. Entrou me encarando, como se quisesse me devorar na entrada da minha casa, mas pareceu se conter então entrou e fechou a porta para mim, com um olhar ameaçador me cobrindo de calor.