Narrado por Meredith
3 MESES ANTES
Ousada.
A Sra. Palmer havia sido ousada em me ofender de maneira tão sutil. Levou-me para seu covil com biscoitos e chá. O que ela queria era um pouco de fofoca e não de uma companhia. Nem a filha dela aguentava imagina a mim?
Como sou uma prestadora de serviços públicos então tenho que satisfazer alguns caprichos da comunidade. Ela não havia sido a primeira a me chamar para entrar. Quando alguém morria, logo um vizinho ou desconhecido me chamava para saber das novidades. Como havia morrido se encontrei alguma coisa na necropsia. Eram todos curiosos e quando contava logo a informação se espalhava por toda a cidade. Essas pessoas são sádicas, gostavam de saber de coisas terríveis. Era comum acontecer de alguém pedir por fotos ou relatos e claro, não passava nada, mas não descartava em mostrar para os curiosos as fotos que guardava em meu celular.
A velha não parecia gostar de mim, aliás, ela não parecia gostar de ninguém. Chamava-me de querida, mas sentia que no fundo ela queria me chamar de outra coisa, tudo graças à minha amizade com Mariana. Não sei como ela fazia comida para Mariana se nem para a filha dela fazia alguma coisa. Cecília vivia na rua e comendo em fast-foods. A Sra. Palmer não consegue enganar nem a si própria. Ela queria ver se eu tinha alguma fofoca sobre a vida de Mariana e o que ela andava aprontando em sua casa. Na verdade também não fazia ideia, pois há muito não a visitava e algo me diz que precisava visita-la.
Voltei à minha caminhada, coloquei meu fone de ouvido e tentei esquecer a conversa com a Sra. Palmer, mas as imagens dela sendo agredida por Mariana não saíam de minha mente.
Mariana não machucaria uma idosa sem ter um motivo, se bem que se tivesse alcoolizada tudo podia mudar de figura. Mariana perdia o controle ao se embebedar. Era como se pegasse alguma entidade, Deus me livre, mas era verdade! Por isso que deixei de visitá-la, pois de uns tempos para cá Mariana conversava sozinha olhando para as paredes ou para o teto, como se alguém estivesse olhando de volta. Quando a vi fazendo isso pela primeira e segunda vez, deixei de vir à sua casa. Ou a bebida era muito forte e misturada com algum alucinógeno ou Mariana estava ficando louca. Ela não podia estar vendo espíritos, essas coisas só existiam em filmes paranormais.
Foi melhor eu ter me afastado dela, mas estava chegando a hora de voltar a me aproximar... as coisas pareciam piorar cada vez mais para o lado de Mariana.
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Desaparecida na penumbra
Mystery / ThrillerEla saiu de casa, sem dizer para onde ia, três meses depois foi encontrada morta. Ao descobrirem que o corpo de Mariana foi identificado próximo às margens de um rio, boiando, todos da vizinhança emudeceram. Mariana era alcoólatra, antissocial, não...