Ego infantil

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Sempre que eu olhava para a face das pessoas eu imaginava que elas tinham uma vida muito boa.
Elas eram felizes.
Tinham que ser.
Eu olhava para o meu reflexo no espelho e me imaginava como elas, com uma vida boa.
Eu seria feliz.
Demorou um pouco para que eu crescesse, talvez porque eu tenha ansiado o meu futuro ele tenha demorado a chegar.
Mas, quando eu me distraí, eu já estava grande.
E não percebi diferença de rotina, nem em mim.
As pessoas estavam tão diferentes.
Me perguntei o porquê de elas não serem mais carinhosas comigo, não me elogiarem como faziam quando eu andava nas ruas, não pararem para dizer que eu era uma fofura.
Daí eu percebi que tinha crescido e, conseqüentemente, mudado minha mente para o ego.
Quis a minha criança de volta, a minha criança que fui, a minha criança que perdi.
Procurei por ela, não a achando no mundo, procurei dentro de mim.
Ela estava lá.
Tinha que estar!
Mas eu não a vi.
Eu matei minha criança?
Quero minha inocência de volta!
Minha felicidade infantil de novo!
Quero-me!

Adulto, por que esquecestes de tua criança?

Criança minha, volta a me ser, estou me perdendo.

Adulto, por que querias crescer quando deverias querer continuar sendo-me?

Criança minha, pensei que os adultos não julgariam minha essência.

Adulto, não me tens mais, estou longe, em um lugar onde não poderás me encontrar.

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