A(mar)dor

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As dores mais profundas nadam no meu raso coração e transbordam as minhas barreiras; meus olhos.
Transbordam através de cortes internos e externos, cortes profundos.
Tenho que ter a profundidade delas, tenho que me igualar à elas, ou irei afundar.
Essas dores são águas amargas, águas insossas e poluídas, matam meus peixinhos, que são meu ar.
E mesmo com a cabeça na superfície, não consigo controlar minha respiração, não consigo conter as outras águas que caem dos meus olhos.
Tenho que parar de jorrar, tenho que construir outras barragens, não posso cair em mares.
Isso é antecipar minha morte, e eu quero viver mais um pouco para dar meu último sorriso.
Para dizer que: as águas puras, que são as dores, te sufocam quando você está distraído, sozinho, e elas te envolvem num abraço apertado e assassino.

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