- Que confusão nos metemos - ela resmungou.
- Me desculpe por isso, Anne, a culpa é totalmente minha - mordi o lábio para que parasse de tremer.
- Não, eu aceitei fazer isso, ninguém me obrigou - ela respondeu - e sei que faria o mesmo por mim.
Sim, eu faria, mas isso não fazia com que o remorso e a sensação de culpa sumissem. Eu estava torcendo para que Arthur esquecesse isso tudo e voltasse para sua vida incrível, que ele simplesmente tivesse ido embora, mas ao mesmo tempo em que almejava isso, me sentiria enraivecida se ele virasse as costas para o próprio filho.
⚈ ⚈⚈⚈
- Eu não sei o que fazer - choraminguei.
- Deveria apresenta-los - Anne disse ao meu lado.
- Faz dois dias que não tenho notícias dele, talvez tenha ido embora - arrumei uma desculpa.
- Ou talvez não - falou, me estendendo o celular dela. Antes que eu pudesse discar seu número, a campainha tocou e eu me levantei em um pulo.
- Não pense que vai escapar dessa ligação - ouvi a voz da minha amiga enquanto eu caminhava até a porta; quando a abri, encontrei o homem que estava deixando minha vida de ponta cabeça.
- Podemos conversar? - ele perguntou tão friamente que senti meus ossos congelarem.
- S-sim - eu queria me chutar por ter titubeado.
- Onde podemos conversar a sós?
- No meu quarto - escapuliu e sem jeito de voltar atrás, me afastei, dando-lhe espaço para entrar na casa - me siga - falei e passei por ele. Notei pelo canto do olho a cara de tristeza de Anne ante o olhar de desaprovação de Arthur, que a encarou e meneou a cabeça.
- Arthur, por favor - Anne deu um pulo do sofá sem conseguir se conter mais e caminhou até o homem, segurando-lhe o braço - me desculpe, mas tente ver o meu lado.
- E alguém tentou ver o meu? É meu filho, não meu cachorrinho que Lídia pegou e foi embora sem que eu soubesse - o tom de Arthur me fez estremecer e percebi que ele não tinha vindo até aqui para ser amigável.
Há alguns anos eu deixei para trás um homem bom e bem humorado para ter agora um monstro cínico e encolerizado; fechei os olhos por um momento, ouvindo a discussão que continuava como se estivesse a vários quilômetros de distância, e pensei no que eu havia feito. Abri os olhos novamente ao ouvir passos serelepes vindos do corredor e logo uma cabecinha loira surgiu e então um garoto em seu pijama de carrinhos.
- Mamãe, fome fome - disse Brendon, esfregando a barriga.
- Tia Anne vai preparar algo bem gostoso para você - falei e o menino desceu, enrolando os bracinhos em volta da minha cintura e me dando um abraço apertado; beijei-lhe o topo da cabeça e o afastei.
- Querido, quero que conheça alguém - eu o segurei pelos ombros e o direcionei até Arthur.
Senti os ombros de Brendon ficarem tensos sob minhas mãos, seus olhos ficaram amplos como se a qualquer momento pudessem sair das órbitas, até que ele se empertigou.
- Olá - disse sem emoção e senti meu coração apertar.
- Olá, Brendon - respondeu Arthur, se aproximou de onde estávamos e se agachou até ficar cara a cara com o garoto - como você está?
- Bem - respondeu e um silêncio sepulcral pairou no ar.
- Meu nome é Arthur.
- Eu sei - disse Brendon - to com fome - o menino escapou das minhas mãos e praticamente correu para a cozinha. Arthur se levantou, me encarando com óbvia reprovação.
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ღ Conquistando um Sullivan
RomanceSegundo livro da série Irmãos Sullivans Após várias decepções amorosas, Lídia Prescot havia desistido há tempos de engajar um relacionamento sério e adquirido para si o lema do carpe diem. As coisas tomaram uma reviravolta quando Arthur Sullivan ent...