Capítulo 6

1.5K 162 18
                                    

- Que confusão nos metemos - ela resmungou. 

- Me desculpe por isso, Anne, a culpa é totalmente minha - mordi o lábio para que parasse de tremer.

- Não, eu aceitei fazer isso, ninguém me obrigou - ela respondeu - e sei que faria o mesmo por mim.

Sim, eu faria, mas isso não fazia com que o remorso e a sensação de culpa sumissem. Eu estava torcendo para que Arthur esquecesse isso tudo e voltasse para sua vida incrível, que ele simplesmente tivesse ido embora, mas ao mesmo tempo em que almejava isso, me sentiria enraivecida se ele virasse as costas para o próprio filho. 

                                                                           ⚈ ⚈⚈⚈ 

- Eu não sei o que fazer - choraminguei.

- Deveria apresenta-los - Anne disse ao meu lado. 

- Faz dois dias que não tenho notícias dele, talvez tenha ido embora - arrumei uma desculpa.

- Ou talvez não - falou, me estendendo o celular dela. Antes que eu pudesse discar seu número, a campainha tocou e eu me levantei em um pulo.

- Não pense que vai escapar dessa ligação - ouvi a voz da minha amiga enquanto eu caminhava até a porta; quando a abri, encontrei o homem que estava deixando minha vida de ponta cabeça.

- Podemos conversar? - ele perguntou tão friamente que senti meus ossos congelarem. 

- S-sim - eu queria me chutar por ter titubeado.

- Onde podemos conversar a sós?

- No meu quarto - escapuliu e sem jeito de voltar atrás, me afastei, dando-lhe espaço para entrar na casa - me siga - falei e passei por ele. Notei pelo canto do olho a cara de tristeza de Anne ante o olhar de desaprovação de Arthur, que a encarou e meneou a cabeça. 

- Arthur, por favor - Anne deu um pulo do sofá sem conseguir se conter mais e caminhou até o homem, segurando-lhe o braço - me desculpe, mas tente ver o meu lado.

- E alguém tentou ver o meu? É meu filho, não meu cachorrinho que Lídia pegou e foi embora sem que eu soubesse - o tom de Arthur me fez estremecer e percebi que ele não tinha vindo até aqui para ser amigável. 

Há alguns anos eu deixei para trás um homem bom e bem humorado para ter agora um monstro cínico e encolerizado; fechei os olhos por um momento, ouvindo a discussão que continuava como se estivesse a vários quilômetros de distância, e pensei no que eu havia feito. Abri os olhos novamente ao ouvir passos serelepes vindos do corredor e logo uma cabecinha loira surgiu e então um garoto em seu pijama de carrinhos.

- Mamãe, fome fome - disse Brendon, esfregando a barriga. 

- Tia Anne vai preparar algo bem gostoso para você - falei e o menino desceu, enrolando os bracinhos em volta da minha cintura e me dando um abraço apertado; beijei-lhe o topo da cabeça e o afastei.

- Querido, quero que conheça alguém - eu o segurei pelos ombros e o direcionei até Arthur.

Senti os ombros de Brendon ficarem tensos sob minhas mãos, seus olhos ficaram amplos como se a qualquer momento pudessem sair das órbitas, até que ele se empertigou.

- Olá - disse sem emoção e senti meu coração apertar.

- Olá, Brendon - respondeu Arthur, se aproximou de onde estávamos e se agachou até ficar cara a cara com o garoto - como você está?

- Bem - respondeu e um silêncio sepulcral pairou no ar.

- Meu nome é Arthur.

- Eu sei - disse Brendon - to com fome - o menino escapou das minhas mãos e praticamente correu para a cozinha. Arthur se levantou, me encarando com óbvia reprovação.

ღ Conquistando um SullivanWhere stories live. Discover now