Já estava tarde quando voltamos para casa após o jantar e eu apenas me joguei na cama, estava exausta e uma boa noite de sono me deixaria renovada para o que viria na manhã seguinte. Acordei assustada com um barulho ensurdecedor vindo do lado de fora do quarto, olhei sobre o ombro e Arthur não havia nem se mexido.
Caramba, o homem estava morto? Aproximei meu rosto de seu nariz e senti que ainda respirava. Tudo bem, o barulho não havia sido tão alto assim, mas para alguém que estava dormindo era quase isso; na verdade, era alguém batendo na porta. Olhei para o relógio digital sobre a mesa de cabeceira e gemi. 03:00 da madrugada. Ta de sacanagem. A batida soou novamente um pouco mais forte agora e uma voz que eu não queria ouvir nunca mais, soou.
- Arthur - outra batida - Arthur.
Balancei meu marido, chamando seu nome também e ele apenas resmungava.
- Acorde - gritei e ele se sentou em um pulo.
- Mas que diabos... - começou, irritado.
- Arthur - Ágata chamou novamente e outra batida forte. Ele me olhou com ar de desânimo e levantou-se, caso contrário a mulher nunca pararia de bater.
- Qual o problema, tia? - perguntou assim que abriu a porta.
- Oh querido, há alguém na casa - ela falou, cruzando as mãos sobre o peito - eu ouvi um barulho.
- Não há ninguém, o alarme teria soado - falou Arthur, escorando na porta.
- Eu tenho certeza de que ouvi um barulho e... Arthur - gritou. Meu marido, que estava dormindo encostado na porta, endireitou-se - vá verificar ou não poderei dormir sossegada.
Isso era um pesadelo, só podia ser. Fechei os olhos e quando os abri novamente, Arthur estava saindo do quarto e Ágata o seguia de perto. Alguns minutos depois, um Arthur muito bravo subia as escadas.
- Eu disse que não havia ninguém - resmungou entredentes.
- Me desculpe, querido - fingiu estar constrangida - sua pobre tia está velha e meus nervos estão em frangalhos. Não querendo abusar, será que sua esposa poderia preparar um chá para que eu possa dormir?
É O QUÊ? Oh, não, não, não.
- Por favor - pediu meu marido, parecendo cansado. Que inferno.
- Claro - afastei as cobertas, agradecendo por ter dormido de pijama essa noite (algo que eu faria todas as noites enquanto ela estivesse por aqui) e caminhei para a porta; entretanto, antes de sair da habitação, me aproximei do homem que estava parado perto da porta e ataquei sua boca em um beijo abrasador. Quando me afastei, Arthur parecia desnorteado e Ágata poderia estar soltando fogo pelas ventas se fosse um desenho animado.
Passei por ela rapidamente e caminhei até a cozinha. Estava terminando de fazer o chá, quando ouvi um farfalhar de roupas e soube que Ágata havia entrado e se sentado. Posicionei a xícara na sua frente e a fuzilei com o olhar.
- Sei o que está fazendo - murmurei.
- Não estou entendendo - disse, fingindo inocência.
- Ora, não se faça de desentendida - rosnei; ela bebericou o chá e falou olhando para o líquido.
- Você nunca vai ser capaz de fazer meu sobrinho feliz - falou com uma calma, como se estivesse falando sobre o tempo. Senti minhas bochechas esquentarem de raiva.
- Eu já o faço feliz.
- Ele já disse que a ama? Estava pensando sobre isso e não o ouvi pronunciar tais palavras nem uma vez - ela estava destilando seu veneno, mas eu não ia ser picada.
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ღ Conquistando um Sullivan
RomanceSegundo livro da série Irmãos Sullivans Após várias decepções amorosas, Lídia Prescot havia desistido há tempos de engajar um relacionamento sério e adquirido para si o lema do carpe diem. As coisas tomaram uma reviravolta quando Arthur Sullivan ent...