Capítulo 26

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- Prazer - resmungou e apenas um cego não veria que ela queria dizer o contrário. Arthur me puxou para nos sentarmos no sofá de dois lugares e passou o braço pelos meus ombros - então, o que você faz? - ela perguntou para mim. 

- Sou garçonete - respondi, reunindo o máximo de honra que consegui. 

- Garçonete - ela repetiu quase bufando, cheia de desdém - seus padrões caíram bastante, não é mesmo Arthur? 

Um, dois, três... eu contava mentalmente para me acalmar. Sei que deveria dar até cadeia bater em uma senhora, mas essa dai estava pedindo por uma boa coça. Ela realmente estava me ofendendo na minha frente? Se ela soubesse o quão rica minha família é me trataria com mais respeito do que isso.

- Por favor, tia - falou meu marido, como um aviso. 

- Só estou querendo dizer... - ela começou.

- Es ist mir egal - Arthur disse em um tom aparentemente calmo. 

A mulher arregalou os olhos, parecendo ofendida, e os voltaram para mim, me fuzilando como se a culpa fosse minha. Ouvimos passos nas escadas e várias cabeças se viraram naquela direção; a cópia perfeita de Arthur quando criança surgiu, esfregando seus olhos e vestindo um pijama de aviões. Olhei de esguelha para nossa convidada e notei que seu queixo estava caído e seus olhos não desgrudavam do garoto. 

- Esse é meu filho, Brendon - Arthur disse e sentou o menino no seu colo. Ágata podia até não gostar de mim, mas ela teria que me engolir; eu estava casada com o sobrinho dela e não pensava em ir a lugar algum.

                                                                   ⚈⚈⚈⚈

- Oh, ela é uma graça - falei quando estávamos sozinhos no quarto. Arthur me olhou e arqueou uma sobrancelha. 

- Ela foi extremamente rude. Não está falando sério, não é? - questionou.

- Claro que não - falei, sentando-me no colchão. Qual é, os alemães não entendiam o sarcasmo americano? - ela nem me conhece e já me odeia. 

- Não ligue para ela, sempre foi aquela flor de pessoa - nós rimos com toda a situação. Olha só, eles também conseguem ser irônicos. Arthur se deitou na cama com um suspiro e fechou os olhos - hoje o dia não está bom para mim - murmurou.

- E olha que ainda é de manhã - brinquei e ele fez cara feia, me fazendo rir - você ainda tem que almoçar com sua família.

- Eu? E minha família? - ele soltou uma gargalhada super alta e eu coloquei as duas mãos em seus lábios para cala-lo - não pense que irá escapar dessa, princesa. Você é minha esposa e irá me acompanhar. Como é que dizem por aqui? Quando você se casa com alguém, se casa com a família? - ele me puxou para junto dele e me cobriu com seu tórax, depositando um beijo casto em meus lábios. - Me fará aguenta-la sozinho? 

- É, eu estava pensando nisso - dei de ombros e ele abriu a boca, surpreso.

- Você é cruel, mulher - e dizendo isso, me beijou. Me agarrei a ele, passando minhas mãos por seu pescoço e entrelaçando em seus cabelos macios; seus lábios estavam quentes nos meus e sua língua pedia passagem para dentro, enroscando na minha com ansiedade. Fomos interrompidos quando uma batida na porta soou e antes que pudéssemos dizer que podia entrar, ela se abriu e a senhora de aspecto mal humorado surgiu. 

- Tia Ágata - na voz do meu marido havia uma mistura de aborrecimento, raiva e uma pontada de aviso. Isso não está funcionando e ela acabou de chegar. Como ela pode entrar assim? E se alguém estivesse pelado? E se estivéssemos fazendo alguma coisa proibido para menores de 18 anos? E dane-se se não trancamos a porta, estávamos em nosso quarto, é dever de todos bater e esperar por um entre ou vá embora.

ღ Conquistando um SullivanWhere stories live. Discover now