Capítulo 30

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- Lídia - falou em um tom audível e eu me levantei, guardei a revista e entrei no consultório.

- Boa tarde - o homem me cumprimentou com um aperto de mão e um sorriso afável. Doutor Flávio era um homem na casa dos cinquenta, os cabelos que antes eram negros estavam salpicados de fios cinzas, não era propriamente bonito, mas tinha um charme inegável; comecei a consultar com ele antes de me mudar, era um excelente médico.

- Boa tarde - falei e me sentei na cadeira do outro lado de sua mesa. 

- Então, o que está acontecendo? - perguntou, pegando seu notebook e digitando algo, olhando sobre seus óculos de grau antes de cruzar seus dedos sobre a mesa e me encarar. 

- Às vezes sinto dores na região pélvica, pensei que poderia ser as cólicas que sempre tive mas estão diferentes e mais fortes - disse.

- Certo. E essas dores são frequentes?

- Não, acho que senti umas duas vezes em um tempo de dois ou três meses - o médico digitou algo no computador.

- Você ainda toma remédio para cólica? Pílulas anticoncepcionais?

- Sim e sim.

- Ok - ele pegou um bloco, uma caneta e começou a escrever com a sua linda caligrafia ilegível - vou pedir-lhe um exame de sangue e um ultrassom , se não indicar nada, teremos que fazer um exame intravaginal para ter certeza, tudo bem?

- Tudo bem - respondi, ele me estendeu o papel, nos despedimos e eu fui embora. 

Na quinta-feira, já fiz os exames, que seriam enviados para o médico assim que ficassem prontos. Trabalhei com uma animação "contagiante" e tive uma surpresa novamente, Cal me esperava do lado de fora. 

- Estava trabalhando e pensei que poderia dar um olá - foi a sua desculpa e não consegui não sorrir para seu sorriso de menino. 

- Claro, sempre tão gentil - ironizei, mas era a verdade. 

- Ora, essa é uma das minhas incontáveis qualidades - ele me abraçou como cumprimento - e também eu vou viajar durante uma semana, vim para que você não sentisse muito a minha falta - eu ri alto.

- E para onde você vai?

- Vou para o México à trabalho - falou e arqueou uma sobrancelha quando voltei a rir. 

- Sabe o que as gangues de lá fazem com branquelos como você, não é?

- Obrigado pela motivação, neguinha - ele enroscou o braço no meu pescoço e balançou meus cabelos. 

- É, mas eu não estou indo - falei, rindo tanto que minha barriga e minha mandíbula estavam doendo.

- Bem, eu não posso simplesmente sair correndo desesperadamente, então, se eu não voltar, eu deixo contigo o remorso. 

 Ficamos ali conversando como dois bons amigos, Cal sempre soube como me colocar para cima, independente do nível de desgaste físico ou emocional que eu estivesse sentindo; apesar de não gostar da ideia de Arthur de papinho com uma ex-namorada, eu não conseguia apenas dispensar Cal, ele foi uma parte importante da minha vida e nós terminamos de uma forma amigável. Ambos éramos casados e sem nenhum interesse um no outro. Eu me perdi no assunto anterior quando as palavras seguintes flutuaram para fora de sua boca.

- Eu ia te pedir em casamento - sua voz era um sussurro e um sorriso tímido surgiu em seu rosto ao mesmo tempo em que ele olhava para os próprios pés. 

- Quando? - questionei, franzindo a testa.

- Antes de saber que teria que me mudar.

- Eu teria aceitado - agora era a minha vez de me sentir terrivelmente acanhada e minhas bochechas coraram como se eu fosse uma adolescente que dizia para o garoto que gostava dele.

 - Por que não pediu? 

- Namoramos por um bom tempo, mas eu não era tudo que havia. Sua vida estava aqui, sua família e seria injusto leva-la para um lugar tão distante de sua zona de conforto.

Eu estava loucamente apaixonada por Cal, e apesar de ele estar certo, eu teria largado tudo e ido embora com ele. Mas o que eu sabia? Eu era só uma garota. Com o fim daquela conversa e um clima tenso entre nós, Cal deu uma desculpa rápida de porquê tinha que ir embora, nos despedimos e fui para casa. Quando abri a porta, encontrei a bruxa má do oeste sentada no sofá, rígida como uma vara pau e aquele sorriso que sempre exibia em seu rosto; sabe, aquele estilo Monalisa, porque pra mim não há sorriso algum ali. 

- Não estamos mais no Kansas - murmurei para mim mesma enquanto fechava a porta atrás de mim.

- Ah, você chegou - disse, tediosa.

- É, eu moro aqui - falei.

- Como você é insolente - a mulher fez uma cara extremamente ofendida, como se eu tivesse chutado sua filha e não apenas dito a verdade. 

Revirando os olhos, deixei a senhora falando pelos cotovelos sozinha e entrei no quarto, surpresa ao ouvir o barulho do chuveiro. Olhei para a poltrona que havia no canto do quarto e o terno estava ali pendurado, algo que Arthur sempre fazia quando chegava do trabalho. Caminhei até a peça de roupa, peguei em minhas mãos e levei até o nariz, aspirando o perfume incrível do meu marido, cheiro de perfume e algo peculiar dele. 

- Sabe que pode sentir da fonte, não é? - uma voz soou no quarto, me fazendo pular. 

Estava tão distraída que não ouvi quando o chuveiro foi desligado e agora Arthur estava ali encostado no batente, uma toalha enrolada em sua cintura, os cabelos molhados pingando pelo corpo esculpido. Senhor, eu não me cansava de olhar para ele. Quando eu não disse nada, ele me proporcionou seu sorriso mais sexy que conseguiria fazer com que todas as calcinhas da cidade fossem para baixo. 

- Não precisa agir como uma psicopata - ele completou. 

Finalmente abri um largo sorriso para ele e caminhei lentamente em sua direção, toquei seu peito, desci meus dedos pelas ondulações de sua barriga e desatei sua toalha da cintura, nunca desviando meus olhos dos dele; levei minha mão entre suas pernas, ainda o observando, e sua expressão não mudou, mas seus olhos brilharam com uma intensidade incrível. 

Movi minha mão sobre ele, para cima e para baixo em um ritmo lento, cai de joelhos e o tomei em minha boca; seus dedos longos se enroscaram em meus cabelos, guiando-me e um gemido baixo escapou dos seus lábios. Quando Arthur alcançou sua libertação, eu me ergui, o afastei e entrei no banheiro. Quando saí, Arthur estava esticado na cama vestindo apenas uma cueca boxer e meus olhos não conseguiram ficar longe de suas coxas musculosas, suas pernas longas incríveis. 

- Vê algo que gosta? - perguntou arqueando uma sobrancelha.

- Com certeza - pulei na cama e dei-lhe um beijo caloroso. 

- Será que consegue pedir uma folga amanhã? - ele perguntou, me puxando para mais perto dele.

- Por quê? - perguntei, fazendo círculos em sua barriga com um dedo. 

- Minha prima Leona irá se casar no sábado e ela me ligou, me dizendo para comparecer - falou e fez uma careta - na verdade ela me intimou e depois me ameaçou, dizendo que ia cortar minhas bolas fora - joguei minha cabeça para trás e soltei uma gargalhada. 

- Ela é bem sutil - murmurei.

- Como um hipopótamo - ele disse. 

Eu havia conhecido Leona no dia do meu casamento, era uma mulher alta, loiríssima e muito bonita; ela havia me dito que se eu magoasse Arthur, ela voaria da Alemanha até aqui para me dar uma boa coça e depois foi super amável quando eu disse que seria a melhor esposa.

 - Você vai comigo, não é? - ele perguntou, chamando minha atenção novamente.

- Claro que sim, ligarei para Marília agora mesmo - disse, pulando da cama e pegando meu celular. Falei com ela rapidamente e agradeci por ela me liberar, desliguei e ergui o polegar para Arthur. 

- Sua tia vai também? - questionei.

- Sim.

- Diga-me que vamos deixa-la lá - ele riu e me abraçou novamente. 

ღ Conquistando um SullivanWhere stories live. Discover now