Capítulo 33

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Oi, alguém aqui? Eu sumi né, tava organizando as coisas pra não ficar uma bagunça, não queria perder o raciocínio do enredo e da história, agora vai, obrigada pelo feedback do capítulo passado! Boa leitura!

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Sequei a palma das minhas mãos suadas na calça jeans escura - que eu custei mais de uma hora para conseguir escolher - finalmente abrindo a porta da grande casa, era de longe a primeira vez que eu entrei alí, passei tanto tempo com Hyungwon e Minhyuk naqueles corredores e já conhecia todos os cantos e cômodos do que os Lee chamavam de lar.

Eu só precisava pegar a carteira do folgado do Minhyuk e levar para a lanchonete de volta, não podia perder tempo pois meu horário do almoço logo acabaria, eu fingia que aquilo tudo não era só uma desculpa que eu inventei pra ir até lá.

Ser feito de escravo por aquele demônio loiro tingido não era novidade, mas a verdade é que eu precisava ir até a sua casa sozinho e ver com os meus olhos o garoto que foi passar alguns anos nos Estados Unidos, mas estava de volta, segundo suas redes sociais, eu ainda o seguia no Twitter e naquela noite ele havia postado um foto aqui em Seul, e Minhyuk desatento e esquecido como era não me contou e nem me contaria.

— Kihyun? – Levei um susto ao sentir uma mão repousar sobre o meu ombro, estava quente e mesmo que nossas peles não se tocassem eu reconheceria a forma como meu corpo reagia a ele.

Ainda estava no piso baixo com os sapatos já descalços, eu sabia quem era e não conseguia me mover ou olhar seu rosto, era assim que Changkyun fazia eu me sentir.

Estávamos no sétimo ano quando eu o vi pela primeira vez, viemos os três para a casa de Minhyuk fazer um trabalho e jogar vídeo game durante a tarde, eles dois aproveitaram como sempre faziam quando estavam juntos, eu terminei o trabalho sozinho e fui até a cozinha buscar algo pra que pudéssemos comer.

O garoto com o cabelo escuro e óculos redondo estava sentado na bancada grande ao lado de uma das empregadas, ele lia um livro e bebia o suco de laranja em seu copo transparente, concentrado sem perceber a minha presença.

Disse baixo à criada se tinha algum pacote com besteiras para levar ao quarto, ela sorriu com o meu ato e foi até os armários, enquanto eu chegava mais perto do balcão e tentava ver o que ele lia.

— Se quiser saber é só perguntar – Me deu um susto ao me olhar ainda com a ponta dos dedos mas folhas amareladas.

— Eu só estava distraído, me desculpe – Sorri sem graça me afastando do balcão.

Nos encaramos por alguns segundos, fazendo o meu coração bater mais rápido que o normal, me deixando ansioso e nervoso, seu olhar era tão sério e profundo que parecia conseguir ler meus pensamentos, me desesperando, já que o que se passava em minha cabeça era nós dois aos beijos ali mesmo.

— The Happy Prince – Disse sem um sotaque se quer. — É o nome do livro – Voltou sua atenção a leitura, mas agora com um sorriso de lado nos lábios.

Foi assim que eu me vi apaixonado pelo irmão de Minhyuk, depois de todos esses anos, sem coragem de dizer em voz alta, escondendo de todos que foi com ele também que tive meu primeiro beijo, em uma tarde chuvosa, antes dele partir para a casa de seu pai, e logo depois ir para os Estados Unidos.

Eu amava Changkyun naquela altura do campeonato, amava ao ponto de o esperar, todos aqueles anos.

— Pensei que fosse me avisar quando voltasse – Suspirei finalmente indo para a sala de estar, em passos curtos e demorados.

— Eu ia te buscar na saída da escola preparatória – Sua voz vinha atrás de mim.

— Quem te contou? – Me virei finalmente olhando seu rosto.

Eu podia morrer naquele exato momento, seu cabelo mais escuro que o comum e as tatuagens e piercings por todo o corpo, as unhas pintadas de preto e aquele cheiro, o cheiro que nunca mudaria mesmo que ele parecesse outra pessoa, alguém mais maduro, até demais pra sua idade.

Queria o abraçar e segurar seu corpo, mas também queria o socar, o castigar por não ter mandado uma mensagem, ou tivesse tentado manter qualquer contato comigo, é isso o que namorados costumam fazer.

Foi isso o que ele me pediu quando foi embora, que eu aceitasse ser seu namorado, eu aceitei, e por todo esse tempo eu estive o esperando para viver meu sonho de uma vez.

— Eu liguei pra sua casa hoje de manhã, você já estava trabalhando – Mordeu o piercing preso nos lábios andando lentamente em minha direção.

Que perdição.

— Poderia ter me mandado uma mensagem – Tentei manter minha voz estável, mas eu oscilei quando suas mãos tocaram meus braços.

— Sabe que não gosto dessas coisas, ao vivo é tão melhor – Tocava meus ombros agora.

— E por isso não disse um oi, ou disse se estava tudo bem, todos esses anos? – Fechei os olhos ao sentir as pontas de seus dedos tocarem meu couro cabeludo.

— Está bravo? – Tocou os lábios em minha bochecha de leve.

— Com quantas pessoas ficou enquanto esteve longe? – Abri meus olhos novamente conseguindo ver sua afeição mudar.

— É isso o que te preocupa? – Arrumou seus óculos, ainda redondos como os seus antigos, permanecendo com o corpo próximo ao meu.

— Você é o meu namorado, não é normal que eu me preocupe? – Ri agora irritado.

— Não, eu não fiquei com ninguém – Deu de ombros. — Estive ocupado demais estudando para terminar a escola para voltar pra Coréia, e poder viver ao lado do homem que eu amo – Voltou a morder o piercing.

— Convencido, sabe que eu não ligo se você é mais novo e mais bem sucedido, eu te amaria mesmo que você fosse o mais burro da escola – Cansei de manter a pose séria e dei um soco de leve em seu peito coberto pela regata branca.

— Acha que agora tenho idade o suficiente para te ter de todas as formas? – Sorriu segurando a minha mão e me puxando para um abraço.

— Não, você ainda é muito novo, um bebezinho, cheio de piercings e tatuagens – Enfiei meu rosto em seu pescoço passando meus braços pela sua cintura o abraçando.

— Isso me lembra das noites que dormíamos escondidos nos quartos de hóspedes, você se encolhia todo em mim – Beijou a minha orelha me fazendo rir pelo barulho.

— Eu estava com tanta saudade – Disse de uma vez com a voz baixa.

— Eu pensei que quando voltasse você já estaria com outro alguém – Segurou o meu rosto.

— Eu disse que iria te esperar – Fiz o mesmo.

— Senti tanto a sua falta – Tocou nossos lábios. — Muita falta – Fez de novo enchendo meu rosto de beijinhos.

daddy's gift [monsta x, 2won]Onde histórias criam vida. Descubra agora