4.

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CAROL

Tento abrir os olhos mas a luz da janela é muito forte. Me mexo na cama. Esbarro em alguém.
DAY! PUTA MERDA!
Eu sempre acordo muito atordoada, demoro pra entender onde estou e quem eu sou as vezes.
Faço força pra conseguir enxergar em meio a tanta luz, finalmente a vejo. Meu coração se ilumina, um sorriso enorme aparece no meu rosto quando a vejo deitada de lado, virada pra mim, com os dois braços esticados na minha direção, como quem queria me alcançar no meio da noite.
Sinto uma vontade quase incontrolável de chegar mais perto, mas permaneço onde estou, apenas olhando pra ela. Seus cabelos negros estavam jogados no travesseiro deixando seu rosto totalmente a mostra, coisa que eu ainda não havia visto. Sua boca um pouquinho aberta, tão linda!
Me levanto pra ir ao banheiro aproveitando que ela dorme.
Quando volto a encontro com as mãos embaixo de seu rosto e seus olhos me fitam. Meu estômago, obviamente, responde.
- Bom dia - sorrio.
Ela pisca pesadamente e diz na voz mais sexy que eu já ouvi sair de sua boca até então:
- Bom dia.
Meu corpo não me ajuda e eu não consigo controlar um suspiro.
- Quer dormir mais? Ainda temos uma hora mais ou menos. - ela se levanta um pouco sentando na cama. Joga seu cabelo todo pra um só lado.
- Não. Dormi demais já.
- Day... - sorrio - dormimos apenas três horas.
- Sim, mas quero aproveitar tudo que eu puder ao teu lado.
Seu rosto e o meu, na hora, se espantam. Ela fica totalmente enrolada quando tenta consertar:
- Pra gente, você sabe, captar a essência... O... Motivo da viagem... A viagem em si, né? Não se dorme em viagens! E essa é a trabalho... Você... Eu... - ela suspira e deixa os ombros caírem. - olha, me desculpe. Eu acabei de acordar e não tô falando coisa com coisa. Não quero que você pense mal de mim. Eu te respeito muito.
Meu coração a essa altura já havia desistido de bater em seu compasso natural.
Ela disse que não quer dormir pra aproveitar tudo ao meu lado...

Eu faço força pra segurar um sorriso largo demais que possa me denunciar.
- Eu entendi. Tá tudo bem. Eu sei que você me respeita. A gente se respeita. Tá tudo certo, Day.
Eu volto a deitar.
- Eu tava pensando, hoje quero te levar pra conhecer uma cervejaria artesanal daqui da cidade. Quando eu morava aqui eu só ia em ocasiões especiais porque ela é cara, mas agora não temos mais esse problema.
- Amo! Quero muito! Só vamos! - ela diz já mais acordada.
Ela se rende e deita também. Ficamos de lado, de frente uma pra outra nos olhando.
- Eu... deixa quieto.
Ela me encara intrigada.
- O que?
- Nada. - um nervosismo me pega.
- Sério, pode dizer. - os olhos dela estão esperando que eu diga o que sinto, mas isso não pode acontecer.
- Eu só... Mal te conheço mas me sinto muito bem na sua companhia.
O rosto dela se abre num sorriso maravilhoso.
- Eu também me sinto assim. Como se a gente já tivesse muita intimidade. É bizarro, geralmente sou uma pessoa bem fechada.
Minha vez de sorrir.
Silêncio.
- Eu... - ela me olha, novamente, com olhos ansiosos.
Eu me rendo.
- Eu tenho uma certa sede... Não sei explicar. - Ela se ajeita na cama tentando disfarçar a ansiedade. - eu quero muito saber tudo sobre você. Você me intriga.
Ela suspira pesadamente e depois sorri.
- Me sinto assim também.
Silêncio.
Nossos olhos estão grudados.
- O que você quer saber? - ela pergunta.
- Podemos continuar essa conversa mais tarde? Tenho fome.
Nós duas damos risada e nos levantamos pra seguir nosso dia.

DAY

- Carol, eu preciso tomar um banho.
- Mas acabamos de tomar banho antes de dormir por três horas.
Eu sorrio.
- Não posso gostar de um banho de manhã? - ela sorri. - eu suei muito essa noite, preciso mesmo de um banho.
Ela me encara sem entender.
- Suou? Day, mas fez frio...
Merda! Boa grande do caralho!
- Ah, mas eu sou calorenta de noite.
- E porque não me disse nada?
Porque falar com você só me daria mais calor.
- Porque não queria te acordar, ué.
- Mas podia ter ligado o ar condicionado, porra!
Ar condicionado nenhum no mundo ia me esfriar depois de sonhar que você falava ao meu ouvido Caroline.
- Ei, tá tudo bem. Foi de boa. Eu só preciso de um banho. Cê não vai querer passar o dia com uma fotógrafa fedida te ajeitando toda hora, vai?
Ela ri fazendo careta.
- Tá, vai lá. Eu só preciso me arrumar e já vou descendo.
Eu engulo em seco.
- Vou ficar aqui no corredor então...
- Não! - eu a encaro. - Não precisa. Tipo, porra! Somos adultas! Duas mulheres! A gente se troca cada uma num canto do quarto e não precisamos ter vergonha disso. Tipo, não é como se a gente fosse ficar olhando, né?
- Sim! Tem razão.
Era SÓ o que me faltava!
Gelo por dentro mas não tenho como simplesmente dizer: "não, Carol, eu não sei se consigo me controlar" Então, eu apenas concordo.
Ela vai até o outro lado da cama, vira de costas e tira a blusa do pijama deixando suas costas nuas.
Ai...
Sinto uma dor física no meu coração. Meus olhos estão grudados nela, na esperança de vê-la se virar um pouco pra eu poder ver alguma parte a mais do seu corpo. Eu quase tenho que enfiar meus dedos no meu globo ocular pra tirar meus olhos de cima dela. Com uma força descomunal eu consigo antes que ela tire a calça.
Graças a Deus! Mas que merda, Caroline! Por que você tem que ser tão gostosa?! Ahhh!

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