17.

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CAROL

- Carol! Acorda! A Fernanda tá te ligando!
Acordo desnorteada sem saber onde estou, que horas são e o que Dayane está me dizendo. Apenas pego meu celular da mão dela e vejo a foto de Fernanda.
Merda!
- Oi, Fê.
- Onde você tá, Caroline?!
- Eu tô no estúdio da Day.
- O que cê tá fazendo aí?
- Eu, eu vim bater um papo sobre uma ideia que ela teve.
- Mas você não ia encontrar o Bruno? Não tô entendendo, Caroline.
- Eu fui.
Minha cabeça gira, eu tô muito atordoada e não sei direito o que dizer. Não sou boa mentirosa, ainda mais nessas condições.
- E como você foi parar aí?
- Ela me ligou, eu tava aqui perto e resolvi passar aqui. O que tá acontecendo, Fernanda? Por que você tá me enchendo de perguntas?
- Será que é porque já são quase uma hora da manhã e eu tô sem saber de você desde o almoço?!
Puta que pariu! Uma da manhã? Cacete!
- Me desculpa, eu nem vi a hora passar, você sabe como eu fico falando de trabalho.
- Sim, eu sei. Mas poderia ter me mandando uma porra de uma mensagem.
- Eu sei, amor. Me perdoa. Eu errei feio. Eu já estou finalizando aqui e já já tô em casa, ok?
- Tudo bem. Vem devagar.

Desligo o telefone e olho pra Day que está colocando seu cinto, sua camisa ainda está aberta deixando seus seios um pouco a mostra. Essa mulher é uma tentação! Acabei de me sentir mal por Fernanda e só de olhar pra ela na minha frente eu já esqueço de novo que preciso voltar pra casa.
Argh!
Me levanto e vou vestir minha roupa. Day termina a dela, senta quase deitando na poltrona e fica olhando pro teto.
Assim que termino de me arrumar eu paro na frente dela e a encaro.
- Day, não faz assim, ok?
Ela me ignora.
- Dayane...
Silêncio.
Um suspiro.
- O que você quer que eu faça, porra?
Ela me encara muito séria.
- Nada.
Faço cara de quem não entende o que ela está dizendo.
- Nada?
- Nada.
Permaneço em pé olhando pra ela que ainda não olhou na minha cara.
Sinto raiva. Odeio ser ignorada. Odeio ser tratada assim com descaso. E vamos combinar que não é o perfil dela ser assim.
- Ok, então eu vou indo...
- Ok.
Foi só o que consegui dela. Nem mais uma palavra, nem um olhar, nem uma respiração profunda, nada.
Porra nenhuma.
Meu coração se parte ao meio, mas eu não tenho como não ir embora, cutucá-la para correr o risco de iniciar uma briga está fora de questão pela hora, então eu apenas vou embora.

No meio do caminho eu tento ligar pra ela.
Nada.
Ela está realmente me ignorando.
Porra, Dayane!
Já em casa, Fernanda está me esperando vendo TV sentada no sofá. Sentada como se a casa não fosse dela. Toda ereta e polida.
Lá vem...
- Oi, amor.
- Você não faça mais isso, Caroline.
Sei que estou errada. Sei que estou errando com as duas, mas eu não estou nem um pouco afim de brigar hoje. Com nenhuma das duas.
- Podemos conversar amanhã? Estou explodindo de dor de cabeça.
- Tem alguma coisa errada com você.
Eu bufo.
- Do que você tá falando?
- Você anda estranha. Não quer conversar?
- Eu não ando estranha, eu ando estressada com a minha carreira, você sabe bem disso. Podemos falar amanhã, por favor?
Ela cede.

No banho, enquanto eu deslizo a bucha pelo meu corpo eu me lembro de tudo que Dayane fez comigo há pouco, penso e sinto mais uma vez suas mãos me tocando, sua boca devorando meus seios, o olhar dela...
Aquele olhar dela! Ahhhh!
É de um ar de cafajeste que eu nunca vi na minha vida, uma cara que só ela sabe fazer e que diz tantas coisas pra mim sobre o que ela está prestes a fazer comigo... É delicioso! Um frio na barriga me invade toda vez que eu lembro disso, daquela combinação cretina de sorriso safado e olhar de canalha que qualquer mulher no mundo seria incapaz de não se derreter aos seus pés.
Meu corpo dá sinal ao reviver tudo isso. Meu sexo está quente e pulsando de tesão, minha vontade é de teletransportar Dayane pro meu chuveiro, pra que ela me foda de novo, pra que ela me foda toda vez que eu a quiser. Às vezes minha vontade é tanta que eu chego a fechar os olhos e posso jurar que se eu abrir vou dar de cara com ela realmente.

Já não aguento mais, eu pego o chuveirinho e retiro a ponta, deixando apenas a mangueira, com o polegar eu fecho um pouco o fluxo de água deixando o jato ficar mais forte, encosto meu rosto no azulejo gelado, abro minhas pernas e empino minha bunda imaginando Dayane atrás de mim, coloco o jato de água no meu clitóris e é como se a língua dela estivesse em mim.
Deus!
É delicioso.
Eu quero falar, não me aguento de vontade de gemer e falar. Eu sempre fui quieta no sexo, mas Dayane mexe comigo como nenhuma outra mulher já mexeu e eu gosto de pedir e gosto quando ela diz o que quer de mim.
Então eu falo baixinho:
- Fode... Vai, fode... Que gostoso, Day...
A minha memória sensorial é tão real que eu revivo tudo com uma riqueza de detalhe sem igual.
Sinto o corpo de Dayane encaixado no meu, suas mãos quentes e firmes segurando o meu corpo, sua respiração ofegante no meu pescoço, suas mordidas, o cheiro da sua pele. Tudo nela me excita. Não sei explicar como essa mulher me deixa louca.
Sentindo sua língua me comendo o orgasmo me atinge em cheio.

DAY

Já faz mais de duas horas que Caroline foi embora e eu sigo na mesma posição.
Meu corpo inteiro dói, e não é pelo motivo bom. Eu não me conformo que essa mulher não me quer... Tudo pra ela eu já dei, tudo! Eu ferrei meu relacionamento, eu fodi essa mulher com toda a minha experiência e todo o meu desejo que eu nunca senti por mulher nenhuma e fiz questão de deixar isso bem claro, eu já disse que eu a amo, já fiz todas as loucuras que eu poderia fazer... Não sei mais o que tenho na manga... Sinceramente.
Eu quero essa mulher demais! Mal cabe em mim o tanto que eu a quero! Mas eu me quero bem demais pra me deixar numa situação onde sinto que sou o plano B. Ela me usa e depois age como se nada tivesse acontecido, como se só eu estivesse sentindo tudo isso. Como se ela só me deixasse chegar perto quando ela tá afim.
Ridículo, Dayane! Você não pode deixar que alguém te ponha de reserva.
Meu coração dói, meu ego dói, tudo em mim dói. Mas o que mais dói é essa vontade de tê-la em meus braços agora, essa vontade de passar uma noite inteira com ela!
Eu estou puta da vida de vê-la tentando, a todo custo, lutar contra o que ela sente por mim... Por mais que ela diga que é só desejo, que ela não sabe o que é, eu sinto no tom de sua voz toda vez que ela diz que vai gozar e que ela chama meu nome, que isso é mais do que uma atração química. Existe algo entre a gente. Algo muito mais especial. Mas eu não posso fazer muita coisa pra ela enxergar. Tudo que estava ao meu alcance eu fiz... Se não foi o suficiente, eu só consigo pensar em me afastar e deixar ela seguir a vida dela como ela acha que deve. Não vou pedir migalhas, eu sou uma mulher que consigo quem eu quiser, por mais apaixoada que eu esteja, minha maior paixão vai ser sempre eu mesma e eu sempre me vangloriei da minha habilidade de me desapaixonar com a mesma facilidade com que me apaixono. As coisas esfriam muito rápido pra mim quando eu me sinto apenas mais uma.
Eu não fico onde não me sinto especial. Se ela não sente o suficiente, ou se ela sente mas se nega a enxergar ou a confessar, eu devo ir embora.
Ela que fique com a Fernanda e toda a coisa rasa e morna que ela tem vivido. A intensidade que eu ponho no meio de suas pernas é forte demais pra ela saber lidar. Que pena, Caroline.

"A vida não é pra quem tem medo de sentir".

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