9.

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Algumas semanas depois...

DAY

Tenho trabalhado no estudio até tarde. Algumas noites passo aqui. Encarar Isadora é cada vez mais difícil... Eu não sei descrever o vazio que eu sinto longe de Carol...
Ela nunca mais entrou em contato e não serei eu a fazer isso. Não tenho a menor vocação pra ser a destruidora de lar. Se ela realmente quer que isso morra então isso vai morrer. Não é uma questão de ego, apenas respeito sua decisão.
Eu ainda não sei o que fazer com tudo isso aqui dentro de mim. Meu corpo sente tanto a falta dela que dói. Dói fisicamente.
Como pode a falta de um toque fazer isso?
Eu não sei... Eu comecei a tratar todas as fotos dela recentemente, com calma, sem querer acabar porque eu sei que é a única coisa que me resta dela. Ela pode dizer e fazer o que for agora, mas aquela Caroline foi tão minha.
Tão minha!
Eu fecho meu olhos e ponho as mãos neles, amasso levemente. Minha cabeça dói.
Pego uma cerveja antes de continuar.
A próxima foto quase me mata. Ela está sorrindo pra mim. Não pra câmera, pra mim...
Aaahhh mulher! Cê tá acabando comigo...

CAROL

Há semanas eu não sei nada sobre ela. Fiz alguns shows pela cidade e meus olhos ficaram procurando seu rosto. Um lado meu, muito teimoso, quer desesperadamente que ela deixe de me respeitar e venha atrás de mim. Esse pensamento está me enlouquecendo e me fazendo esperar que ela apareça em todo canto que eu vou nessa droga de cidade!
Nem sombra dela...
Será que ela esfriou? Será que me esqueceu? Vai ver foi algo do momento, estou acostumada com isso. As pessoas se aproximam pelo o que elas veem, se atraem por mim mas não passa disso. Isso já me aconteceu tantas vezes, não seria novidade ela ser mais uma...
Fernanda não desconfia de nada. Ela acredita cegamente que eu estou apenas cansada e ansiosa pelas coisas que andam acontecendo na minha carreira.
Eu confesso que pensei que essa loucura fosse passar logo, que fosse apenas uma novidade no meio de um relacionamento já um tanto frio pelo tempo, mas parece que quanto mais o tempo passa mais as coisas crescem...

Essa noite temos uma festa de lançamento do novo álbum de um grande amigo meu. Estou animada. Preciso de algo pra me distrair. Tenho focado muito em trabalho, mas todas as músicas que eu tento compor parece que são feitas todas pra ela...

Eu e Fernanda entramos na festa mas alguns amigos já a roubaram de mim. Sigo pelo triplex pra encontrar Gabriel e lhe dar um abraço.
O primeiro andar está lotado, mal consigo andar, subo até o segundo andar e nada dele... O apartamento inteiro tá uma loucura.
Decido voltar e encontrar Fernanda, na beirada da escada meu coração para de bater.
Day.
Meu Deus...
Ela está linda. Uma calça preta de cintura média e uma camisa também preta com folhas azuis. O cabelo solto todo pro lado, mas sem cobrir o rosto.
Suas olheiras estão fundas mas rla está simplesmente incrível. Eu mal me aguento jos meus joelhos.
Ficamos paradas nos olhando como num filme, como se o mundo ao redor tivesse congelado. Como é bom vê-la novamente!
Ela encosta a cabeça na parede com uma aparência exausta. Uma tristeza toma conta dos seus olhos.
Meu peito dói.
Não sei o que fazer, permaneço parada exatamente no mesmo lugar.
Mas então meus olhos são tomados pelas lágrimas...
Ela simplesmente vira as costas e volta pro primeiro andar. Sem dizer nada. Nem uma palavra, nem um gesto.
Nada.
Apenas aquele olhar triste... Isso acaba comigo...

Não quero descer. Mando uma mensagem pra Fernanda perguntando onde ela está.
Nada.
Decido descer.
Lá no canto da sacada vejo Fernanda a gargalhadas com o pessoal da nossa turma, ela nunca iria ver o celular. Reviro meus olhos.
Vou até o sofá e sento com alguns meninos que nunca vi na vida.
Me sinto exausta.
Meus olhos procuram, inconscientemente por ela...
Nem sinal.
Eu mal sei o que ela está fazendo aqui. Não sei se veio a trabalho ou como convidada. A essa altura eu já nem sei mais se ela não foi embora só de ter a infelicidade de ver a minha cara.
De repente, ela passa bem na minha frente, eu resolvo chamar.
Ou ela não me ouve ou ela me ignora.

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