25.

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CAROL

Os dias se arrastam, a falta que ela me faz é tão forte e está comigo há tanto tempo que nos tornamos velhas amigas, eu já entendi que faz parte da minha vida sentir esse vazio, ele já nem me maltrata mais.
Ela não me entende. Eu mesma não entendo, não posso exigir que ela consiga. Eu a amo. Está mais do que claro pra mim, mesmo eu tentando com todas as minhas forças me enganar que não, ela é a dona do meu coração e dos meus pensamentos.

Saio do banho com uma toalha enrolada nos meus cabelos molhados e me sento no sofá ao lado de Renan que está jogando videogame.
Ele pausa o jogo assim que me sento e me encara.
- Que foi?
- Acho que já passou da hora da gente conversar, certo?
Eu tento fazer uma cara de quem não está entendendo do que ele está falando.
Não funciona.
- Caroline...
Eu reviro os olhos.
- Renan, tem que ser hoje? Tô tão cansada.
- Faz dois meses que você tá aqui e eu nem sei o motivo. Eu amo sua companhia, mas eu quero entender por que.
- É longo e complicado.
Renan pega o controle da TV e a desliga, se vira mais pra mim e passa seu braço esquerdo nas costas do sofá.
- Tô super confortável de pijama, pode começar.
Ele realmente conseguia se parecer com o Rafael quando queria. Era irritante.
- Eu me apaixonei por outra mulher.
Ele se espanta, se mexe desconfortavelmente no sofá, mas não diz nada, espera eu continuar.
- Ela é minha fotógrafa.
Agora sou eu quem se mexe no sofá impaciente.
- Olha, não me julga, ok?
- Carol, eu nunca vou te julgar, eu só quero entender.
- Eu não sei explicar, Renan... Ela mexeu comigo de um jeito que eu perdi completamente a cabeça e quando eu vi... A merda já estava feita
Eu abaixo minha cabeça e encaro minhas mãos que estão apoiadas nas minhas pernas.
- Você traiu a Fernanda?
Eu apenas fico em silêncio e não ouso encará-lo.
Ele continua:
- Nossa, Carol... Eu jamais esperaria isso de você...
Eu o olho morta de vergonha, meus olhos já estão marejados.
- Você disse que não ia me julgar...
- Não estou. Estou espantado porque sei que você jamais faria algo assim e sei que se você fez é porque o que você sente por essa mulher deve ser realmente forte, talvez único.
As lágrimas caem grossas dos meus olhos e eu nem sei dizer se são de vergonha ou de alívio. Alívio se ter ter, finamente, contado isso pra alguém, em voz alta e por ver que ele entendeu que eu não sou mau caráter, que eu só não soube lidar com o tamanho de tudo isso que eu sinto.
- Mas se você terminou com a Fernanda porque ama essa mulher, quer dizer, você a ama, né!
Por mais que não tenha sido uma pergunta, eu respondo:
- Com todas as minhas forças...
Minha voz sai como uma confissão forte demais pra ser dita muito alta, como se aquilo fosse o maior desabafo da minha vida.
Ele me fita realmente espantado.
- Mas então... Essa conta não fecha. Você terminou seu casamento por essa mulher, por que vocês não é stao juntas?
- É complicado...
Eu o olho implorando pra que ele não insista, mãe ele se mantém irredutível.
- Sei lá... Eu sinto que já desrespeite tanto a Fernanda, acho que eu só a desrespeitaria ainda mais deixando ela num dia e correndo pra Day no dia seguinte. Eu sei que não faz sentido na que eu dormia com a Day de dia e ia me deitar com ela de noite, mas...
Percebo que falei demais quando vejo os olhos de Renan se arregalando pra mim.
- Sei lá, Renan... São várias coisas, sabe? Eu passei tanto tempo tentando me enganar que eu não a amava que sei lá, eu tô toda bagunçado. Eu acho que não tô pronta pra me comprometer com nada...
- Entendo, mas acho que você deveria deixar ela saber de tudo isso, você não acha?
- Ela sabe.
- Então ela tá de dando esse espaço? Ela simplesmente não fez nada?
- Ela não sabe onde eu estou e eu tô super evitando ela. Não tô pronta.
- Pronta pra que?
- Pra viver isso.
- Certo... E você espera ficar pronta quando?
- Eu não sei...
- Realmente você não tá pronta.
Eu o olho espantada. É estranhamente ruim demais ouvir isso.
Ele continua:
- Você não tá pronta pra assumir que tá com medo.
Não sei explicar mas me sinto completamente ofendida com isso.
- Como assim? Com medo do que, moleque?
- Medo de viver esse sentimento que você sabe que vai virar sua vida de pernas pro ar. Isso não tem nada a ver com a Fernanda, nem com o que as pessoas vão pensar, e nem nada. Você tá mentindo pra si mesmo porque tá se cagando de medo de sentir tudo isso sem freio nenhum.
Eu simplesmente não consigo dizer nada e nem fechar a minha boca que está aberta com o que acabo de ouvir, vindo de um irmão que num geral nunca me dá conselho de nada.
- Renan, eu... Você num...
- Tá perdendo tempo e tá correndo o risco de perder essa mulher, vai saber o que pode acontecer enquanto você acha que tem todo o tempo do mundo pra s sentir pronta.
Aquilo soa como um soco na minha cara. Minha cabeça gira e eu mal consigo ordenar pro meu corpo se levantar e sair desse sofá.
Renan da um tapinha na minha nuca, encosta a mão no meu ombro e o aperta firme.
- Vai ser feliz. Cê é mais corajosa que isso.
E como se nada tivesse acontecido ele liga a TV e volta a jogar em silêncio.

DAY

Aninha entra no quarto escuro e antes de me dar oi sai abrindo a janela enquanto reclama.
- Chega, vai levantar dessa porra de sofá hoje.
Eu apenas enfio o travesseiro na minha cabeça e me encolho no sofá.
Ela continua.
- Dayane, chega! Me dá essa merda!
Ela começa a puxar o travesseiro da minha mão e entramos num cabo de guerra.
- Aninha, solta! Me deixa dormir! Eu tô com sono!
- Foda-se! Chega de dormir! Levanta esse cu e vai atrás da mulher que você ama! Chega de ser cuzona, Dayane!
Ela finalmente pega o travesseiro quase se desequilibrando.
Voltamos pro cabo de guerra agora com o edredom.
- Você sabe que eu não sei onde ela ta. Eu não posso mais fazer merda nenhuma, porra!
Ela vence de novo.
- Você me disse que conheceu um irmão dela, por que você não liga pra ele?
- Porque ela tá na casa do outro irmão, esse que conheci mora no sulm
- Foda-se. Ele com certeza sabe onde o outro irmão mora. Liga pra ele!
- Ah claro, e ele iria passar por cima da irmã dele pra satisfazer minha vontade por que mesmo?
- Porque ele sabe que a irmã dele te ama e ela deve tá sofrendo também. Liga lá, explica e tenta a sorte.
- Aninha, me deixa dormir... Sério...
- Se você não ligar, eu ligo!
- Eu nem sei se tenho o número dele...
- Não vem com migué porque tu já me falou que ele já entrou em contato contigo pra orçar ensaio.
Eu reviro meus olhos. Minha prima era impossível num nível fosidamnte irritante.
Deus me livre, que mina carrapato!
- Anda! Liga!
- Porra, agora? Eu acabei de acordar!
- Exato. Já acordou. Acordada já dá pra ligar.
Ela pega meu celular da mesa ao lado e o joga em cima de mim.

Sei que estou fodida, ela não vai me deixar em paz se eu não ligar. Eu sei que ele não vai me dar nada, mas eu ligo só pra poder voltar a dormir.
- Rafael?
- Oi, Day! Tudo bem?
- Pode falar?
- Posso sim.
- Er... É... Então, eu... Desculpe...
- Minha irmã tá no Renan, não tá comigo.
- Eu sei...
- Você não sabe onde fica, né?
- Menor ideia...
- E aí você espera que eu te fale e passe por cima da palavra dela?
- Olha, eu... Desculpa mesmo, não sei o que eu tinha na cabeça...
Ele me interrompe:
- Vou te mandar pelo WhatsApp.
- O que...?
- Eu já tô de saco cheio dessa história enrolada de vocês, vai lá e resolve isso.
- Rafael, eu nem...
- Resolva, ok? Com ela eu me entendo depois.
- Obrigada. Sério.
- Me agradeça fazendo minha irmã feliz.

Assim que desligo chega a mensagem dele com o endereço.
Aqui mesmo na zona sul.
Do meu lado, porra!
Aninha olha pra mim com uma cara irritante de triunfo e solta as três palavras que ninguém merece ouvir:
- Eu te disse.
Ai, que ódio!
- Agora vai tomar um banho e lavar esse cabelo nojento antes que eu frite um quilo de batata nele. E vamos lá pegar aquela ruiva!

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