35.

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CAROL

Após Dayane me foder a noite inteira com a mesma fome, finalmente, eu  me rendo. Minhas pernas já estão bambeando, eu ainda quero mais, mas meu corpo não responde.
Tudo bem, ainda temos muito tempo.
Deitamos nuas e exaustas embaixo do edredom e nos enroscamos, o sono me pega de jeito, logo, adormeço nos braços da mulher que eu amo.
Surreal...
Acordo enquanto me mexo na cama procurando Dayane e sinto meu corpo doer como se eu tivesse sido atropelada.
Nada.
Me sento na cama num susto e olho ao redor.
Cade Dayane?
- Day? Amor?
Nada.
Me levanto quase caindo, de dor, de medo...
Vou até o banheiro e nada.
Olho pro chão e não acho suas roupas, só as minhas... Meus olhos percorrem cada canto do quarto.
Nenhum vestígio dela.
Exceto por uma folha dobrada ao lado do telefone na mesinha de cabeceira.

- "Caroline, eu te amo. E é por te amar tanto que não posso ficar. Te amo, mas não confio em você. Tenho a sensação que qualquer lugar no mundo é mais seguro do que em seus braços que são como areia movediça onde eu me sinto sendo engolida por sentimentos ruins. O pior deles é o medo de você me abandonar, o medo de não ser suficiente. Eu não posso lutar contra isso, baby. Eu não nasci pra me sentir metade. Fiz tudo que eu pude, tudo que estava ao meu alcance pra ter você, infelizmente, nunca foi o suficiente e me sentir insuficiente não faz parte da minha rotina. Talvez eu nunca vá amar alguém assim, mas o amor é uma construção e ele é baseado em tantas coisas! E o medo e a desconfiança não fazem parte desses itens.
Eu sinto muito.
Você não imagina o quanto! Mas não vejo outra saída se não te deixar pra trás. Pra sempre.
Quem sabe em outra vida, nessa aqui já houve magoa demais pra consertar, as vezes te odeio na mesma intensidade em que te amo e, às vezes, como agora, eu olho pra você dormindo e não sei quem você é, não me recordo da Caroline por quem me apaixonei, o que me faz pensar que me apaixonei por alguém que não existe mais...
A Caroline que foi minha estará pra sempre gravada em mim, mas essa aqui... Essa mulher que você se tornou depois de todo esse tempo, eu não sinto nada por ela...
Nada.
De toda forma, caso a minha Caroline ainda esteja sufocada em algum lugar aí dentro, bem lá no fundo, eu tenho algo a dizer pra ela:

That Arizona sky
Burnin' in your eyes
You look at me and, babe, I wanna catch on fire
It’s buried in my soul
Like California gold
You found the light in me that I couldn’t find

Lovers in the night
Poets tryin' to write
We don't know how to rhyme but, damn, we try
But all I really know
You're where I wanna go
The part of me that's you will never die

I don't wanna be just a memory, baby

So when I'm all choked up and I can't find the words
Every time we say goodbye, baby, it hurts
When the sun goes down
And the band won't play
I'll always remember us this way

When you look at me
And the whole world fades
I'll always remember us this way

And I'm sorry that I couldn't get to you
And anywhere, I would have followed you
Say something, I'm giving up on you...

Eu precisei de todo esse tempo, de toda essa dor e de ter você mais uma vez pra saber que, na verdade, eu estou melhor sem você.
Eu tive que ir embora e te deixar sozinha porque nunca mais irei me permitir ser deixada por ti de novo.
Nós somos o significado mais profundo e intrínseco do verbo acabar, Caroline.
Acabou.

Ps: deixei o hotel pago. "

Meu coração dói a cada batida...
O ar se torna pesado demais e a força que tenho que fazer pra fazê-lo passar pelas minhas narinas é tanta que chego a apertar o lençol da cama.
Eu nunca senti tanta dor em toda a minha vida.
Que Dayane era a mulher capaz de me fazer sentir os sentimentos mais fortes que qualquer outra pessoa no mundo nunca me restou duvida, mas essa dor aqui...
Deus!
Deito meu corpo na cama e ele dói... Tudo em mim dói.
Olho pro teto e não entendo como eu deixei tudo isso acontecer...
Por que fiz tudo errado?
De repente, meu corpo vai perdendo a sensibilidade e eu temo que seja uma gangrena. Não movimento mais meus pés... Tão pouco minhas pernas... A gangrena vai subindo e, quando dou por mim, estou totalmente paralisada.
Tento me mexer e não consigo, apenas meus olhos se movem pelo teto, desesperados, tento gritar e não consigo.
Gritar pra quem?
Dayane foi embora. Ela desistiu de mim, finalmente, ela desistiu de mim... O que eu esperava? Que ela fosse esperar por mim a vida inteira?
Meu Deus, quero me mexer!
As lágrimas cortam o rosto grossas, quentes e em grande quantidade.
De repente sinto mãos em cima de mim.
Não vejo nada.
Alguém está me sacudindo?
Ouço uma voz.
Meu Deus, não pode ser! Estou delirando.
É a voz de Dayane.
- Caroline! Caroline!
Meu corpo entra numa espécie de choque e treme inteiro como se realmente eu estivesse sendo sacudida.
Meu coração dói tanto...
Isso é a morte? Será que é confuso assim?
Fecho os olhos pesadamente e os abro.
Dayane está quase em cima de mim com o olhar mais desesperado que eu já vi.
- Eu morri?
- Que? Tá maluca? Cê tá passando mal?
Meus pensamentos estão desordenados. Eu não sei o que está acontece, mas Dayane está sob meus olhos e nada, nada, nem mesmo a morte, poderia ser ruim ao lado dela.
Não penso duas vezes e me jogo em seus braços.
- Por favor não me deixa... Fica aqui comigo...
Choro desesperadamente e meu corpo sacode mais do que há pouco.
- Baby... Calma...
Ela me chamou de baby... Meu Deus, que confuso!
- Onde estamos, Dayane? Por que você voltou?
- Baby, eu tô aqui o tempo todo, você tá confusa, deve ter tido um pesadelo.
UM PESADELO!
Me solto dela num rompante, o choro cessa na hora, eu a encaro nos olhos tentando procurar aquela frieza da carta.
Só vejo desespero e aquele brilho no olhar que só ela tem.
Foi um sonho.
Olho pelo quarto e nossas roupas ainda estão emboladas pelo chão e não há carta alguma em cima da mesinha.
Puta que pariu!
- Sonhei que você me deixou aqui sozinha com uma carta de despedida horrível...
O choro volta com força.
Ela me envolve em seus braços.
- Baby, eu jamais faria isso... Nunca te deixaria sozinha, tá louca?
Sem me desgrudar dela eu continuo:
- É assim que você se sentia toda vez que eu ia embora, Day?
Dayane fica em silêncio.

Meu Deus! Eu não tinha ideia que ela sofria assim... Aaaaaaah!
- Me perdoa, baby! Eu nunca mais vou te deixar de novo.
- E eu não vou pra lugar nenhum que não tenha você.
Ela me faz soltá-la um pouco e encará-la.
- Fica comigo?
- Fico, baby, fico!
O choro não me deixa em paz um segundo.
- Namora comigo? Vamos fazer do jeito certo dessa vez. Seja minha namorada, Caroline.
Um alívio tão grande percorre minhas veias como alguma substância química sendo carregada pra todos os órgãos do meu corpo.
- Eu sou sua, Day. Sou o que você quiser. Sua amante, sua mulher, sua namorada, eu sou toda sua como eu nunca me permiti ser de ninguém.
Ela me abraça forte.
Meu corpo ainda treme e eu só consigo pensar que se isso aqui for o verdadeiro sonho, eu nunca mais quero acordar.

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