24.

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DAY

Acordo num susto vendo que estou sozinha, me sento e procuro as coisas de Carol, algo que me diga que ela não foi embora, que ela apenas está no banheiro, sei lá!
Ela não pode ter me deixado de novo!
Nada.
Ela foi mesmo embora.
Mal saí do edredon e meu corpo já está tremendo e o frio não é só na pele, é na alma também.
Ando pelo estúdio em busca de algum bilhete, alguma coisa, qualquer coisa!
Nada.
Pego meu celular e mando mensagem. Ela visualiza e não responde.
Eu já vi esse maldito filme!
Caroline, mais uma vez, se alimentou de mim e foi embora até a próxima vez que ela sentir fome.

Quatro dias se passam sem que ela me procure, eu também não vou atrás. Quanto mais eu vou atrás dela mais ela foge de mim, então eu desisto, fico na minha aguardando a fome bater  ela de novo, aquele desejo incontrolável de ser minha de novo, de ouvir da minha boca o que ela faz comigo, a saudade do meu amor, da nossa febre que incendeia nossos corpos quando a gente se toca, quando o corpo dela se aninha no meu.
Mas que porra, Caroline!
Só me resta esperar pra saber o que vai ser, e eu que pensei que a tinha em minhas mãos depois dela abrir o coração pra mim...

CAROL

Dayane parou de me procurar, acho que ela desistiu.
Eu também desisti?
Eu não sei...
Preciso tomar coragem e falar com ela.
Pego o celular e ligo.
- Pensei que não fosse mais falar com você...
- Me perdoa, Day. Eu tava pondo as minhas coisas em ordem. As de fora e as de dentro.
- Você foi embora sem me avisar, tem noção de como acordei?
- Eu surtei. Sou boa em surrar, você sabe.
Ela apenas bufa do outro lado da linha.
- Eu terminei com a Fernanda.
Silêncio.
- Vo-você... Terminou tudo? Quando?
- Naquele dia. Cheguei em casa e coloquei um ponto final.
Silêncio.
- Isso já tem uma semana, onde você tá? Porque você não me ligou antes?
- Eu tô no Renan. Não te liguei porque eh não tinha nada pra dizer.
- Como assim nada pra dizer?!
- Day...
Silêncio.
- Fala, Caroline. Fala o que você tem pra dizer de uma vez!
- Você sabe que é mais complicado que isso...
- Não, não sei. Me conta. Quero te entender. Será que pela primeira vez na sua vida você pode abrir seu coração de verdade pra mim? Só quero entender você...
- Eu gosto de você, Day. Eu só penso em você, desde que te conheci é só você que fica na minha cabeça, que é e comigo de todos os jeitos possíveis, mas...
Silêncio.
- Mas...?
- Mas é complicado demais. Eu queria ter que as coisas tivessem sido de outro jeito.
- Do que você tá falando?
- Eu e você, Day. Tá tudo errado. Desde o começo. Nós começamos do jeito errado.
Silêncio.
- Eu queria ter aparecido na sua vida antes da gente se comprometer, antes da gente precisar sentir culpa pelo que sentimos, antes de fazer outras pessoas sofrerem.
Silêncio.
- Eu queria ser sua...

- Não faz sentido isso que você tá dizendo, Caroline... Nós estamos separadas, não tem nada impedindo a gente agora.
- Mas já começamos mal as coisas, eu tenho medo, Day.
- Medo do que, porra?!
- Sei lá. Medo de tudo. Como a gente vai contar pras pessoas sobre a nossa história? Ela começou sendo algo totalmente imoral.
- Por que te incomoda o que as pessoas de fora vão dizer? Foda-se, meu!
- É melhor eu desligar, a gente se fala outro dia, ok?
- Não! Caroline, não! Não faz assim... Eu quero você, baby!
- Eu também quero, mas não podemos. Eu tenho medo de não dar certo, eu... Eu... Vou desligar, ok?
- Essa conversa ela tinha que ser pessoalmente, olho no olho, não é assim...
- Pelo amor de Deus não. Não posso ficar perto de você.
- Baby, não faz assim... Eu sou tão sua! Tudo que eu mais quero é ir até você te pegar pela cintura e te fazer mudar de ideia assim que eu colocar a minha língua na sua boca.
Eu gemo. Até falando com ela sobre a gente se separar me excita, me deixa de joelhos pra ela.
- Você não sabe onde eu estou, Dayane e eu não vou dizer. Não podemos, ok? Deixa como está. Fica livre pra ter quem você quiser, alguém que possa te dar as coisas que eu agora não posso por mil motivos.
- Eu quero você, caralho! Qual parte você ainda não entendeu? Me diz onde você tá que eu vou aí agora! Anda!
- Day, não faz assim... Tá me rachando no meio ficar longe de você, mas vai ser melhor assim... A gente tem tudo pra dar errado... Eu não vou saber lidar caso a gente não de certo. Melhor a gente parar enquanto a gente ainda pode.
- A gente não pode mais parar. Faz muito tempo que a gente não tem mais esse controle, aliás, nunca tivemos controle algum! O que a gente sente é forte demais pra gente se dar ao luxo de pensar em controle.
- Enquanto eu estiver longe de você eu consigo me controlar um pouco. Vou me enganando até conseguir.
- Carol, por favor... Não faz assim... Fica comigo... Me deixa te mostrar que seus medos não são reais, eu larguei tudo por você, porque você é quem eu quero! Eu não passo uma hora do meu dia sem pensar em você em cima de mim, mulher! Sem deixar de desejar eu e você numa casa perto da praia onde a gente possa viver tudo que sentimos sem medo nenhum, sem dever nada pra ninguém, só eu e você e a nossa cama. Te quero demais, Caroline, por favor, não foge de mim...
- Eu preciso mesmo desligar. Depois a gente conversa...

DAY

Já faz alguns dias desde que ela resolveu me deixar e nunca as horas se arrastaram tanto... Tudo que eu faço está no automático, a falta que ela me faz me sufoca, eu mal consigo respirar... A melancolia se funde com o inverno e quase congela meus membros, quase me deixa imóvel.
Eu só penso em ir atrás dela seja onde for, pegá-la pela cintura e fazer chantagem com todo o meu corpo, com todas as armas que eu tenho pra que ela decida voltar pra mim, me querendo de novo.
A imaginação não ajuda e eu já construí mil castelos na areia pra gente morar junto ao mar que ela tanto ama, pra que eu tenha sempre que tirar seus cabelos de seu rosto que lutam contra o vento antes de beijar sua boca com gosto de sal, ver seus olhos brilhando ao sol que aquece toda sua pele branquinha e fazem seus cabelos queimarem como fogo.
Eu a quero.
Eu a quero agora.
Mas tudo que eu posso fazer é esperar que minha ausência traga o mesmo vazio que a ausência dela me traz e que ela volte pra mim com todo aquele fogo, aquela fome, de peito aberto, entregue pra que eu possa fazer todas as loucuras que eu puder pra fazê-la se sentir a mulher mais desejada do mundo.

Sonho com você, Caroline. Sonho com teu corpo no meu, sonho com a minha boca gemendo na sua, minhas mãos percorrendo, mais uma vez, cada milímetro da tua pele. Quero te contar todos os meus segredos ao pé do teu ouvido, emaranhar meu cabelo no teu, rolar pela cama até que a gente não saiba mais quem é quem.
Eu só penso em você, mulher.
Volta pra mim.

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