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Notas da autora: Esse capítulo eu uso a música Hanging by a moment do Lifehouse.
É de extrema importância que vocês ouçam enquanto leem, ok?

CAROL

- Renan, cê viu meu tênis branco?
Renan vem andando pelo corredor me encarando com cara de tédio e meu par de tênis pendurado em dois dedos.
Eu sorrio assim que bato meus olhos neles.
- Tu é foda.
Ele empurra minha cabeça com carinho.
- Sei que sou.
- Parece uma mulher, mas não passa de uma menina que mal sabe onde enfia seus tênis.
- Obrigada e vamo logo!
O beijo no rosto e vou andando pra sala apressada.
Hoje tenho show. Já faz algum tempo desde o último, lembro exatamente da sensação de vazio ao cantar a primeira vez "Segue Com a Tua Vida". Escrevi essa letra com tanta vontade de arrancar Dayane de dentro de mim que nem sei... Eu a corto fora de mim, mas ela insiste em dominar meu corpo como uma trepadeira, e eu ainda não consegui arrancá-la pela raiz.
Será que um dia irei conseguir me livrar das raízes que se criaram dentro de mim ou vou passar o resto da minha vida apenas cortando o que tem por fora? Tem dias que acordo e me percebo fazendo parte de um jardim do século XVI com muros completamente forrados de Heras. Ela me toma inteira.

No palco a velha sensação de que vou encontrá-la é enorme, como sempre. Não sei exatamente o motivo, talvez seja porque se ela buscar na Internet ela vai saber onde estou e é aí que ela pode me encontrar e bagunçar toda a minha vida de novo.
Deus me livre! Não! Não quero pensar em "quem me dera".
Decidi seguir minha vida sem ela e eu vou lutar por isso de qualquer jeito.
A galera me pede pra tocar "Tanto Faz", música do Arthur.
A letra me atinge o queixo e a cada estrofe meu corpo quase vai ao chão. Sei que sou eu quem está cantando mas, de alguma forma, parece que a vejo recitando cada palavra como farpas vindo direto na minha cara.

"Fica, mina
Tu é tipo minha sina
Eu piro de vez
Eu quero uma vez
Eu vi o que cê fez

O show está lotado e eu sigo procurando seu rosto, a vontade que eu tenho de encontrar seus olhos no meio dessa multidão mexe com meu estômago.
Deus!

Baby cê para
Vou me separar
Quero te ter, quero te ver
Mas se não der
Quero dizer
Pode ir embora
Fica de fora
Da minha casa, nem vou casar
Pode vazar
Vai me perder

Mas ela não vem. Eu sei que ela não vem. Não veio até agora, eu sei que ela tá respeitando minha decisão.
É errado uma parte minha torcer pra que ela me desrespeite?

E se a gente para de se ver
Vai que a tentação para de ser
Penso tipo pô vai se fuder
Cê fala demais mas tão pouco faz
Tanto faz"

DAY

- Day, vamos! Por favor! Eu imploro! Deixa de ser anti social!
Alessandra quando quer ser irritante pra conseguir o que ela quer, ninguém bate.
- Eu não conheço essa galera, cê sabe que eu prefiro que seja só eu e você. Por que esse povo tinha que aparecer? Tava tão bom aqui só a gente, que porra.
Alê me olha sorrindo mas desaprovando minhas palavras.
- Day, eu também amo estar só com você, mas você precisa conhecer gente.
- Pra que?
- Pra tu sair desse limbo, porra. Tu precisa se apaixonar de novo.
Um arrepio percorre meu corpo.
- Deus me livre. Quer me foder, me beija, Alessandra!
- Olha que eu beijo, não fala de novo. Fodo também hahaha!
Eu reviro os olhos e cruzo os braços. Olho pro lado e vejo seus amigos lá fora da lanchonete esperando. Me sinto um rato de laboratório pronto pra ser testado.
Alessandra me estende a mão.
- Vem, vamos! Eu prometo que não vou sair do teu lado um minuto. Aposto que tu vai me agradecer no final da noite.
Eu cedo.

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