DAY
Permanecemos ofegantes, suadas, desnorteadas e com os olhares grudados. Meus olhos só saíam dos delas pra olhar pra sua boca mais vermelha que nunca.
- Quero tanto te beijar, mulher... - eu suplico.
Ela fecha os olhos.
- Não... Podemos...
Eu levanto da cama e ando pelo quarto.
- Porra, Caroline, que merda! Olha o que a gente tá fazendo! Não faz sentido!
- Day, por favor... - ela diz num tom baixo e assustado com a minha reação.
- O que a gente vai fazer?!
Ela me encara atordoada.
- Eu... E-eu... Não sei...
- Eu não quero ir embora. Não quero deixar você ir, Carol... Eu quero viver isso aqui!
Os olhos dela se fecham a cada vez que eu termino uma frase.
Eu sei que ela também quer.
- Day, nós somos comprometidas. Nós temos relacionamentos longos, e eu e você, por mais forte que pareça ser, a gente se conhece há algumas semanas... Isso é loucura...
Meus olhos faíscam. Me dizer isso depois de tudo que sentimos há pouco é como um tapa na minha cara, daqueles ardidos!
- Eu não sei que porra é essa que a gente tá sentindo, mas eu sei que é forte, diferente de tudo que eu já senti na minha vida e eu sei, EU SEI que é totalmente recíproco. Eu não sou o tipo de mulher que deixa algo assim passar na minha vida, Caroline. Eu amo a Isadora, eu respeito ela demais! Mas isso aqui... Isso aqui... - aponto pra cama onde estávamos juntas há pouco - é algo maior do que eu posso segurar. Eu quero viver isso com cada centímetro do meu corpo...
Termino de falar sem fôlego. O suor brota na minha testa mesmo nessa noite fria.
Carol ainda me olha sem saber o que dizer, ela parece tonta.
- Eu... Eu não sei o que é isso, mas eu sei que eu amo a Fernanda e não quero fazer isso com ela...
Eu a olho incrédula. Meu peito dói tanto que parece que vai se abrir.
- Tudo bem...
Pego meu travesseiro e deito no chão.
- Day...
- Sua fotógrafa não trabalha amanhã e pode sim estar quebrada. Só falta o corpo mesmo...
Silêncio.Óbvio que não dormi a noite toda.
Pela manhã fizemos toda aquela cena de sair pra deixar a outra tomar banho em paz.
Eu queria estar brava, mas estou profundamente desolada. Não sei como será voltar pra casa, encarar Isa, não ter Carol ao meu alcance... Não sei... Tudo parece ser desesperador.
Mantemos o silêncio entre a gente a viagem toda.
Talvez seja melhor assim...Já em São Paulo, pegamos nossas malas e nos encaramos.
- Bem, é isso. - eu digo tentando parecer indiferente.
- Day, não faz assim...
- Agora é a hora que você me dá tchau e eu nunca mais vou te ver de novo, não é?
- Não! Não é... A gente trabalha junto... Eu não pretendo...
Eu reviro os olhos.
- Ok, Carol. Tudo bem. Olha... - Eu passo as mãos no rosto nervosa - eu só quero te dizer que foram os melhores dias da minha vida. Eu preciso que você saiba disso.
Os olhos dela se enchem de lágrimas.
- Day... - eu a interrompo:
- Não precisa dizer nada. Só quero que você saiba disso.
Ela segura na minha mão.
- Você sabe que eu senti tudo isso também. Não esquece disso...
"Senti"... "não esquece"...
Definitivamente era um adeus.
Minha vontade é de roubar um beijo, por um momento senti-la em meus braços, o gosto da sua boca, nossa química... Ter algo pra recordar já que, aparentemente, não vou vê-la mais... Não assim tão perto...
Meu peito dói, não consigo conter as lágrimas que escapam dos meus olhos.
Abaixo a cabeça.
Ela segura em meu queixo e me faz olhar pra ela. Ela também chora.
- Eu não vou fugir de você. Eu tô fugindo do que eu sinto, mas não de você. Cê me entende? - Eu digo que não apenas com os olhos. - Eu não vou deixar de trabalhar com você, de ver você. Eu só preciso de um tempo pra reorganizar meus sentimentos. Colocar minha cabeça no lugar. Eu quero você na minha vida, mas não assim. Eu e a Fernanda falamos em casamento há um ano... Eu não posso... Espero que entenda. Não posso trocar uma vida real por uma paixão.
Eu só consigo ouvir o final.
- Uma paixão?
Ela me encara sem entender o que ela mesma acaba de dizer.
- Você então confessa que tá apaixonada por mim? Fala assim, na minha cara enquanto diz que vai casar com outra pessoa?
Ela abre a boca incrédula.
- Day... Porra, Dayane! Caralho! Você não facilita! Ouve o que eu tô dizendo! Não importa o que eu sinto por você, eu não quero sentir... - sua voz acaba a frase num tom fraco demais pra eu acreditar.
- Chega. Vamos acabar logo com isso.
Eu leio minha mala, ajeito minha mochila no ombro direito e vou embora.
Não olho pra trás...
Depois de alguns passos eu desisto de ser essa pessoa covarde que eu nunca fui na porra da minha vida.
Volto correndo, ela está quase passando pela porta. Eu a seguro pelo braço e a puxo pra mim. Seu corpo bate fortemente no meu enquanto eu selo tudo que sentimos num abraço apertado.
Cheiro o seu cabelo delicioso, tão doce! Aperto meus braços ao redor de sua cintura.
Ela retribui se agarrando em meu pescoço.
Eu quero beijá-la. Mas eu a respeito demais pra isso.
Por fim, me solto de seus braços devagar, seguro em sua mão e vou caminhando pra trás, até nossos dedos serem interrompidos pela distância novamente.
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Sedução.
FanfictionFINALIZADA Caroline é uma cantora famosa, Dayane é a melhor fotógrafa de São Paulo. Ambas estão em relacionamentos longos com outras pessoas mas a vida e seu humor de quinta está disposta a virar suas vidas de ponta cabeça. Da mesma autora de Desej...