•5•

507 48 99
                                    

****

Depois de um tempo falando com a mãe na noite passada, Calum a acalmou. Não significa que Tia Joy aceitava que Luke tenha feito uma crítica ao seu trabalho, do qual dizia que seu discernimento como minha psicóloga está afetado por ela ter uma ligação muito profunda comigo, vindo a alterar suas atitudes como médica, por seu instinto maternal falar mais alto.

Acabou que o que ela disse a Luke foi apenas por estar brava com ele, e depois que ele saiu de casa, ela foi até meu quarto e disse que sentia muito pela discussão com ele, mas que ela não conseguiu não ficar brava com o fato de ele por pouco não ter me atropelado e ainda vir criticar seu esforço em me ajudar. E por fim, disse que esperava me ver na próxima sessão na sexta. Eu só ouvi tudo o que ela disse e assenti quando ela perguntou se eu a ouvia. A verdade é que eu só queria estar dormindo naquela hora.

A quantidade de vezes que eu ouvi alguém dizer que queria me ajudar nesses últimos meses foi tão grande, que eu até perdi as contas. Mas também não reclamava, pois não estava na posição de ter esse direito a reclamar.

Também não significa que eu não fiquei pensando no que Luke havia me dito noite passada. Ele ainda era uma incógnita para mim. Não sabia o que ele fazia, como ele era além dos lugares do qual eu o via. Não sabia sua história ou o que ele passava. A verdade era que Luke Hemmings sabia mais de mim do que eu jamais saberei dele. E isso me irrita. Me irrita muito. Em uma realidade diferente, eu poderia achar interessante isso, mas nessa, eu simplesmente me sinto irritado. Não tem como se aproximar, ser amigo de alguém, do qual não se sabe nada.

Nessa manhã, Ash queria de qualquer maneira me acompanhar até o café, já que eu só tinha aula na parte da tarde. Eu me neguei a aceitar. Eu posso ter problemas com pessoas, ruas e muitas outras coisas, mas ainda não era um inválido. Eu fui andando como sempre fazia.

Durante o caminho, eu tentava pôr minha mente no lugar. Noite passada foi bem cheia e meu sono foi muito conturbado. Novamente, sonhei com o acidente e com os faróis fortes e gritos de dor juntos com choros. Aquilo era uma tortura. Não tem uma noite em que a lembrança não seja tão vívida ou rica em cada detalhe. Aquilo fazia minha respiração descompassar só de lembrar.

Passando por uma praça, perto ao café, ouço alguém me gritando e me chamando quase como se eu não fosse a criatura ia morrer. As pessoas a minha volta olham diretamente para mim, e instintivamente, puxo a manga do meu casaco e abaixo a cabeça indo em direção ao garoto alto de olhos azuis que naquele momento, eu pensava em enforcar.

Eu simplesmente odeio chamar a atenção de qualquer que seja a forma. Ainda mais no meio da rua. Isso deixou meu humor bem mais amargo.

- Bom dia. - Luke sorria com aquele seu rotineiro sorriso inabalável. Seu bom humor matinal me irritava. - Conseguiu dormir bem?

Eu dei de ombros.

- O mesmo de sempre. - Respondi. - Agora me explica por qual razão você me faz esse escândalo as nove e meia da manhã no meio da rua.

- Nada. - Sua feição era cínica. Eu ainda vou arrancar essa cabeça do pescoço dele. - Queria que você viesse me fazer companhia.

Puxei ar mais do que podia. Minha respiração já estava ofegante. Não consigo acreditar que ele me chamou ali a toa.

- Mas que merda, não acredito que esse escândalo era só para isso. - Eu estava irritado. - Olha, eu tenho coisas para fazer, não tenho tempo para conversa fiada.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora