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E aí gente como estão? Eu acabei demorando um pouquinho mas não foi querendo. O início do capítulo ficou um pouco confuso pra quem lê meio distraído, mas eu juro que vai fazer sentido. No fim do capítulo eu vou explicar como vai funcionar os futuros dois ou três capítulos.
Boa leitura <3

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Eu caía.

Caía e nunca sentia que estava perto de chocar meu corpo com o chão. Simplesmente caía e via tudo em forma de borrão.

Descia, descia.

De início eu até gritava. Gritei tanto que senti minha garganta arder, provavelmente fiquei sem voz, mas não importava, eu gritava. Gritava por não poder parar a queda, gritava por não poder fazer nada a respeito da minha vida, gritava por não ter uma atitude sequer que eu tomava que não tivesse embebida de medo ou de incerteza ou de falta de confiança em mim. Gritava até eu gritar por estar gritando.

Então, fui respirando. Vendo que o grito não levava em nada, respirei de novo e só deixei meu corpo inerte. Deitei no vazio e deixei que o som do vento cortado por meu corpo caindo cobrisse minha audição e enevoasse minha mente. Deixei a mente vazia, solitária, abandonada.

Em meio a queda, me veio pesadelos, me veio as últimas palavras que meus pais me disseram, vieram as últimas vezes que vi seus rostos, a última vez que ouvi suas vozes, que apreciei, não apreciando realmente, suas vidas.

Veio a imagem de um menino quebrado, veio a imagem de uma mulher que o acolheu, que disse que o amaria como já o amava, que tomaria de vez como seu filho, porque o amor que tinha por esse garoto já era assim a muito tempo. Tinha um menino, o melhor amigo do garoto, que sou eu,  ele se sentou ao meu lado assim que me vi consciente. Sua voz era chorosa, mas ele dizia que quem realmente estava chorando era eu, enquanto estava adormecido.

Parte eu sabia o que tinha acontecido, mas a maior parte de mim, a parte humana, a parte egoísta, não queria ver, não queria acreditar, não aceitava a tragédia. Porque é o que acontece com as pessoas, elas não aceitam o que não podem controlar ou impedir.

É exatamente o que eu me senti e sinto até hoje.

A queda continuava e em meio a todo aquele nada eu via como o tempo passava e nada parecia mudar, era como se eu tivesse parado, literalmente estagnado, parecia que andava, que caía, que seguia com a minha vida, mas a verdade era que nada estava sendo feito. Nada realmente estava sendo aceito, nada realmente estava mudando.

Então eu vi Luke, vi Ashton. Vi duas crianças correndo em uma rua, suas casas uma do lado da outra, como Ash uma vez disse. Via dois meninos mais velhos e os irmãos de Ash ainda jovens em casa, tia Anne gritando pra os dois pararem de correr na rua, mas eles não ouviam. Só brincavam, só sorriam. Eram crianças afinal.

Então eu via um homem, algumas poucas características, meu melhor amigo puxou, mas somente as físicas, pois Ashton é o ser com o maior coração que eu conheço.

Um homem estava ao seu lado, ele era tão loiro quanto Luke e seus olhos eram de cor tão azul quanto, mas esses olhos não eram ternos, calorosos e insistentes como os do menino que brincava na rua, não, estes eram impiedosos, raivosos.

Os meninos brincavam sem se importar, tia Anne gritava exasperada, mas as crianças estavam ocupadas brincando entre si e outras poucas crianças na rua, estavam distraídas, estavam apenas sendo crianças.

Enquanto eu caía, eu sentia um aperto em meu peito, uma vontade de ser o antigo eu, o Michael que batia, que lutava, que tentava fazer algo a respeito, o Michael que não deixaria que acontecesse nada a aqueles dois inocentes meninos, que no fim, um deles ia pra minha casa, eu cantaria para ele a noite toda e de manhã, iríamos a escola juntos, de mãos dadas se pudesse, tudo para que ele se sentisse bem.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora