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— Como se sente hoje?

— Eu estou confuso.

— O que estaria te deixando confuso?

— Tudo.

— Defina tudo. — A voz de Joan ecoava no espaço da sala de consultas. Ecoava na minha mente.

Respirei fundo.

— Luke terminou comigo há duas semanas. — Disse brevemente. — Eu me sinto mal, mas não sinto que é o fim. Sinto que ele fez algo por nós dois.

As sobrancelhas de Joan arquearam.

— Porque ele terminou com você?

— Ele disse que não daria certo enquanto a gente não percebesse que estávamos fazendo tudo errado. — Disse me lembrando de suas palavras e de como ele parecia destruído. — Que nos sacrificamos para o outro se sentir melhor, mas não víamos que isso também fazia mal para nós e para quem queríamos cuidar.

— A questão dos remédios entra aí também, certo?

Eu assenti.

A verdade era que não queria me consultar com Joan. Queria me consultar com qualquer outra pessoa que não fosse a psiquiatra que Luke me indicou.

Porém isso seria infantil da minha parte, e eu entendo muito bem o que Luke queria com o término. Ele queria provar a si mesmo, acima de tudo, que ele podia fazer as coisas sem um calço, sem alguém fazendo por ele. E também, que nós dois pudéssemos ter o tratamento digno, já que começamos da forma errada tudo aquilo.

Isso me fazia admira-lo ainda mais.

E ama-lo mais também.

— Sim. — Respondi. — Acho que queríamos tanto proteger o outro das coisas que acabamos não vendo que isso era o principal erro.

— Você tem consciência do que fez errado?

Fiz que sim.

— Eu não devia parar de tomar meus remédios, não devia ter medo de falar de meus sentimentos para ele. — Dizia calmamente. — Eu tinha que acima de tudo mostrar a ele que não era necessário abrir mão dele mesmo por mim, pois eu consigo me virar, eu posso me consertar.

A mulher olhava para mim atenta.

— Você ainda quer estar com ele?

— Só quando eu souber que não vou de maneira alguma subestimar ele e que eu possa não por ele acima até mesmo da minha saúde mental. — Eu passei a noite toda pensando nisso. Pensando no que eu faria, no que eu devia fazer. — Eu tenho muitas coisas para cuidar antes de estar pronto para mim mesmo, e principalmente para ele.

— Mas você ainda vai o amar mesmo que no processo dele se encontrar, ele não o querer mais?

Aquilo ficou entalado na garganta. A ideia de Luke não gostar de mim dói, mas por outro lado, ele não sabia medir os sentimentos, ele podia muito bem ter se confundido o tempo todo.

A ideia me machuca, é verdade, mas não me faz ficar desesperado pensando que ele nunca iria gostar de mim e que isso me mataria por dentro.

A verdade é que há várias formas de amar alguém, e se ele não me amar como eu o amo —de forma espiritual e carnal—, e me amar de forma fraternal, eu ainda me sentiria honrado em tê-lo na minha vida.

— Eu sempre o amarei, eu tenho certeza. — Disse com convicção. — Porém, há várias formas de amar e poderíamos ser amigos, ou até mesmo nos considerar Muito. Estaria feliz com isso, porque acima de tudo, ele teria descoberto ele mesmo.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora