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— Você devia tentar. — Ele disse. — Você sabe que é preciso e só porque Joy falhou, não significa que todos vão.

Bebi mais um pouco do meu refrigerante. Estávamos sentados em um lugar mais ao longe do campus. Não perto da biblioteca, porque os alunos de direito, medicina, psicologia — Colegas de Luke e Ashton— e metade do campus passam lá o tempo todo. E para conversarmos, devíamos ter mais privacidade.

Geralmente, as pessoas decidem ir a algum café ou coisa assim. Porém o mais próximo, era o que trabalhavamos, não haveria graça alguma ir lá só para lidar com um Jack que mesmo não nos demitindo —dizendo Luke que por motivos de cauda maior—, ainda estava bem irritado conosco e ainda por cima, era fofoqueiro.

Estávamos atrás do complexo de biologia. Nesse horário, todos estavam lá dentro tão imersos em seus afazeres que não iam notar que nos fundos do prédio estavam dois caras sentados bebendo refrigerante e comendo alguma coisa que Luke disse ter feito de manhã com grãos. O pior que estava bom do mesmo jeito.

— Não sei. — Ainda estava pensativo. — Eu não consigo falar com qualquer um coisas pessoais e até mesmo com Joy, que me viu crescer, foi um sacrifício.

— Mas você não toma mais a medicação e nem mesmo a de controle do seu problema de raiva. — Ele olhava para o nada, com certeza pensando no que falar sem me irritar. Ele realmente pesava muito o que dizia depois que eu explodi e bati no irmão dele. — Isso me preocupa um pouco.

— Estou bem.

— Eu sei, mas não custa nada precaver. Não é mesmo?

Mantive meu olhar preso no nada como Luke e tentei mudar de foco.

— Seu pai, ele... Ele sabe que...

— Sabe.

Foi bem ríspido e frio. Eu imaginava que seria delicado falar disso, mas porque eu quis falar disso?

— Ele... Ele aceita que...

— Sua mãe aceitava você?

Okay, essa foi meio baixa, mas eu estava tocando em um assunto delicado demais da vida dele e não podia esperar menos.

— Ela nunca disse que não, mas também nunca disse que sim. — Dei de ombros.

— Pelo menos, você ainda podia sair com uma garota, eles não iam ficar no seu pé e você podia apresentá-la como namorada.

Ele tinha um rancor pesado na voz. Eu não sabia se ele lamentava por não poder e sofrer de certa forma, ou se ele pensava que se meus pais fossem vivos e se um deles não aceitasse, a qualquer momento, eu poderia largar tudo e estar com uma garota, porque eu me interessaria por ela de qualquer maneira — O que discordo — , ou os dois.

— É, mas não acho que mudaria nada, a mentira não se mantém escondida por muito tempo.

— É.

Um calafrio passa pela minha coluna e eu sei que essa conversa não vai terminar bem.

— No fim, não importa o que aconteça, ser você mesmo vale mais a pena, mesmo com todo o ódio que possa ser mandado a você.

Ele assentiu e então algo passou na sua cabeça. Seu olhar ficou mais distante e eu fiquei sem entender.

— Você ama seu pai, certo?

Eu faço que sim.

— Se ele tivesse vivo e mesmo fora de todas as circunstâncias, isso — Ele sinaliza entre nós dois. — acontecesse,  você diria a ele mesmo sabendo que as chances dele não apoiar são grandes?

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora