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Uma forte lufada de ar foi jogada contra a minha pele.

Um corpo sobrepunha meu peito, cachos cobrem meu rosto.

Um sentimento de calma reinava pelo espaço.

O resto da noite passada foi preenchido com um banho, conversas aleatórias até que estivéssemos cansados demais para fazer qualquer coisa.

Sentia falta de ouvir sua voz por tanto tempo, sentia falta de segurar sua mão e vê-lo acariciar cada dedo para então acariciar a mão; sentia falta dos planos mais aleatórios do mundo, mas que mesmo sendo impossíveis, faziam sentido. Eu sentia sua falta, era a verdade.

Falta de todas as pequenas coisas que fazem Luke ser Luke.

Abro os olhos e beijo o topo de sua cabeça, logo passeando meus dedos pelos seus cachos.

Ouço um leve suspiro. Eu sabia que ele estava acordado. Sorrio levemente com essa informação.

— As vezes acho que você não dorme. — A sua voz ainda saía rouca por conta de não a ter usado ainda. — Sempre que eu acordo, você já está acordado.

— Eu acabei de acordar. — Dei de ombros. — Na verdade, é porque meu sono é leve.

Ele assentiu.

— Não me convenceu.

— Eu sei. — Ri levemente. — Mas eu dormi bem, muito bem. E você?

Ele afundou a cara em meu peito e assentiu. Era até engraçado como ele morria de preguiça durante a manhã e como não havia força de vontade nenhuma de se levantar. Era tão Luke que doía pensar que passei tantos meses sem conviver com essa sua preguiça.

— Dormi melhor do que andei dormindo esses dias. — Deu de ombros e soltou um suspiro preguiçoso. Era impossível não sorrir.

Meus olhos vagavam pelas paredes do quarto agora iluminado pela luz do dia, que em nenhum momento diminui a beleza e significado de tudo que está ali. A personificação e definição de Luke em cada milímetro cúbico do espaço do qual dividimos.

Cada desenho, cada foto, cada pedaço que eu absorvia com mais calma me trazia mais realização de que Luke havia se abrindo completamente, que sim, eu sempre estive dentro, como ele sempre dizia antes de nos relacionar, mas que ele ainda não estava pronto para dividir, ainda não era a sua hora. Era como um botão de rosa tardio que precisa de su próprio tempo, sua própria expectativa para se sentir confiante e realmente desabrochar.

Luke era assim.

Me sentia imensamente feliz com essa percepção e não tinha como um sorriso não brotar em meu rosto.

— Você está sorrindo pro nada. — Luke comenta. — Ou tudo foi bom demais para você, ou está tendo mais um insight e vai só notar que eu falo com você daqui meia hora.

Revirei os olhos ainda rindo.

— Eu estou totalmente consciente. Os insights sumiram, os pesadelos também. — Me virei e nossos olhos se conectam. Era algo que sempre era arrebatador, o sentimento de entendimento, compreensão e companheirismo que vinha sempre com essa conexão. — Acho que me aceitar e ver as coisas de forma melhor me ajudaram muito.

— Estou orgulhoso. — Sorriu verdadeiramente.

— Também estou orgulhoso. — Sorri de volta. — De nós dois.

Sorrimos por um tempo até Luke reclamar de fome. O conhecia bem para saber que ele realmente devia estar faminto. E muito a vontade porque ele andava sem nem mesmo se importar com a sua nudez. Sete meses atrás ele nem mesmo conseguia imaginar isso. Me senti mais feliz ainda.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora