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Se alguém me perguntar o que andou acontecendo nesses últimos dias, eu claramente não saberia responder. Tudo passou com a rapidez de uma tartaruga mas foi tudo intenso demais para listar somente um acontecimento.

Depois daquela ligação impulsiva no meio da madrugada efetuada por mim para Luke, ele não apareceu no café no dia seguinte. Não sei o que havia acontecido, mas pelo o que eu ouvi de Jack, houve um imprevisto em casa e ele teve que cuidar de umas coisas importantes. Eu decidi não perguntar o que era, já que nem estava na conversa, ele falava com Calum, que franziu o cenho. Ele estava apreensivo. Acho que ele sabia o que devia acontecer.

Por outro lado, eu decidi não me meter nisso, eu só queria focar no trabalho e depois ir ao cemitério. Se minha mãe estivesse viva, estaria fazendo aniversário.

O dia todo para mim foi dolorido e nostálgico. Lembranças de seu sorriso e de seus sermões que conseguiam ser doces, simplesmente por ser ela quem os faziam, preenchiam minha mente, se tornando mais do que eu podia aguentar. Dolorosos demais para lidar.

Decidi ignorar tia Joy novamente. Ela disse que eu iria ao consultório ou na casa dela de qualquer jeito, mas eu não estava bem o suficiente para suportar sermões dela. Eu nem estava aguentando minha mente, quem dirá sermões de outras pessoas.

Decidi sair do trabalho mais cedo e visitar o túmulo dos meus pais. Fora a segunda vez que os visitava desde que tudo aconteceu. Não vou mentir dizendo que soube lidar com aquilo, porque eu não lidei nada bem. Fiquei um bom tempo olhando pra o túmulo pensando, olhando, a mente vagando em o que eu já havia feito e o que eu podia ter evitado. Eu estava uma completa bagunça, mental e emocionalmente falando.

— Eu só queria poder mudar tudo o que aconteceu aquela noite. — Dizia baixo a mim mesmo, meus olhos doíam de estarem focados na mesma coisa por tanto tempo. — Queria que tudo tivesse sido diferente. Poderia ter sido eu.

— Mike? — Ouço a voz de Calum mais ao longe. Ashton ao seu lado. — Vamos, você já ficou horas demais aqui.

Eu só assenti e me deixei ser guiado por um Ashton mais sentimental do que eu já me lembrei.

Calum e Ashton tentaram manter minha sanidade, me distraindo o dia inteiro com coisas que eu podia lidar ou que me fizesse esquecer da data, mas no fim do dia, quando pus a cabeça no travesseiro, não tinha atitude alguma e boa intenção nenhuma que aliviasse o peso da minha mente. No fim, não tem como se esconder de algo que está dentro de você, que faz parte de você.

O resultado foi mais uma noite mal dormida, mais dores de cabeça, mais sonhos sobre alguém que não sou eu, correndo por uma casa que eu não conheço e dessa vez, eu me olhei no espelho e eu não me vi. Não vi o Michael Clifford. O que eu vi me deixou mais confuso ainda. Eu me olhava no espelho e via uma criança.  Não eu como criança, mas claramente era uma criança loira também. O lugar estava meio escuro, então eu não consegui memorizar o rosto.

Eu acordei suado e arfando no meio da noite e não consegui dormir mais.

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No outro dia, Luke não apareceu novamente no trabalho. Jack disse que ele estava gripado. Eu não acreditei, pois Jack era péssimo mentiroso e era óbvio que não era nada disso.

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Na mesma noite, meu telefone tocou e quando atendi era justamente Luke.

— Está tudo bem? — Perguntei confuso. A voz dele não parecia em nada com uma pessoa gripada, como eu já previa. — Jack disse que você estava doente.

How to Fix a Broken Heart ~ •Muke• Onde histórias criam vida. Descubra agora