Sala de cinema

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— Tio Tin, acorda!— Droga, de quem é essa voz que ousa interromper meu melhores sonhos? Não, me deixa. Quero continuar no meu mundinho feliz. Mas uma voz infantil me tira dos meus devaneios e agora alguém está me chacoalhando.

— Tio Tin, acorda logo!— Contrariado abro um olho e vejo um rosto familiar. É meu sobrinho, Phu. Sento na cama e engulo a minha frustração.

— Demorou pra acordar, tio Tin. — Ele estala um beijo em minha bochecha, puxando a minha mão para sair da cama.

— Vem, tio Tin. Senti tanto a sua falta, vamos tomar café da manhã juntos.

— Espera um pouco, Phu. Primeiro tenho que tomar banho e vestir meu uniforme. Não vou demorar,  já desço. Ok?

— Vou esperar aqui então.

— Tudo bem. Se quiser esperar, pode.— Levo 10 minutos para tomar banho e fazer o necessário, e quando saio, ele está sentado na minha cama, provavelmente jogando joguinhos no celular. Dou um suspiro de alívio. Fico feliz por ele não se parecer nenhum pouco com a minha família, apenas de aparência. Visto o uniforme com calma e calço os sapatos. Olho para Phu e vejo ele completamente distraído no celular, gosto da presença dele nessa casa, me dá certo conforto.

— Vem Phu, estou pronto. Vamos tomar café da manhã. — Ele pula da cama, me dá um imenso sorriso e pega em minha mão, me arrastando todo animado até a cozinha. Quando chegamos a cozinha e vejo Tul, a infelicidade turva meus olhos. Eu me acomodo na bancada e como meu café da manhã feito por ele, completamente frustrado. Realmente detesto quando ele resolve vir para casa e bancar o irmão mais velho. Compartilhar o café da manhã ou qualquer outro momento com Tul, me dá imenso desgosto e eu não consigo disfarçar. Sempre que olho para ele, me vem o mesmo pensamento infeliz de sempre. "Não tem decepção maior do que olhar para alguém que você achava incrível e descobrir que a pessoa, na verdade, é um lixo." Mas Phu estava aqui, então engulo a minha decepção e sorrio para o meu sobrinho, tentando disfarçar o meu incômodo. Tul levanta uma sobrancelha ao me ver.

— Fique tranquilo, Tin. Eu não envenenei o seu café da manhã. — Lanço um olhar furioso em sua direção e seus olhos brilham de provocação.

— Claro que não, irmãozinho. Por que eu acharia uma coisa absurda dessas? Eu nunca pensaria isso de você. — Babaca, filho da puta! Isso quase me salta pela boca, mas mordo a língua.

— Tio, Tin. Posso vir aqui amanhã e ficar com você?

— Phu não fala em outra coisa lá em casa. O quanto ele adora seu tio Tin, e quer ver ele com mais frequência. Gosta até mais que seu próprio pai. — O que não é tão difícil, rio internamente.

— Isso não é verdade, não é Phu?— Passo a mão em sua cabeça e lhe dou um sorriso terno.

— Eu andei pensando na ideia de virmos morar aqui. Eu, minha mulher e o Phu. O que acha disso, Tin? E você e Phu teriam mais tempo juntos. — Desgraçado, quer me ver no inferno? E ainda quer usar seu próprio filho para isso. Se pensa que vou deixar você usar meu sobrinho para me atormentar, está muito enganado. Jamais!

— Não, não teríamos. Você sabe que dedico muito tempo aos estudos e em breve me mudarei para um apartamento perto do campus, para ter mais livre acesso. E além do mais eu e Phu já somos inseparáveis, não é Phu?

— Sempre, tio Tin!! — Batemos as mãos e nos entreolhamos cúmplices.

— Mas faça o que quiser, irmãozinho. A casa é de vocês.— Minha voz é puro desdém e ainda bem que meu sobrinho é jovem e ingênuo demais pra entender. Tul me olha com cautela e suspira derrotado.

TinCan - Love Story[REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora