TinCan - Love Story[REVISÃO]

O Encontro

— Droga! — Chego em casa extremamente chateado. Entro em meu quarto e fecho a porta usando um pouco mais de força do que pretendia. Arranco a gravata e me jogo na cama... Eu queria me aproximar de Can, mas ao invés disso eu o afastei e não consigo pensar em maneiras de desfazer esse mal entendido entre nós. A verdade é que o Can é um cara difícil, mas eu jamais poderia prever que ele se ofenderia de tal forma com o meu gesto.

O dia tinha sido ótimo e eu nem me lembro da última vez que meu dia tenha sido assim. Mais uma vez, Can havia me surpreendido com suas ações, havia ficado ansioso para falar com ele e tínhamos comido juntos. Nunca tinha me sentido tão bem vendo alguém comer, ou melhor, devorar aquela comida toda na minha frente. Can me fazia bem e isso era inquestionável, mas isso que eu sinto é o que? Eu disse que gosto dele, mas é amizade ou algo mais? Eu havia beijado ele duas vezes, se bem que o segundo beijo, não foi um beijo. Eu apenas tinha perdido a noção do que estava fazendo e acabei por lamber seus lábios, mas então o primeiro também não foi um beijo, já que minha intenção era apenas calar a sua boca.... tão confuso!

Estou com muita má vontade de ir tomar banho, então apenas pego meu ipod, confiro minhas playlists, coloco no aleatório e me esparramo ainda mais na cama...Talvez a música me ajude a pensar em alguma ideia, talvez clareie minha mente. Lembro das coisas que senti quando o beijei e o quanto queria mais daquela sensação, amigos não sentem atração, ou vontade de beijar, sentem?Claro que não, que pergunta óbvia. Eu nunca senti atração pelo Pete ou vontade de beijá-lo, sentia outras coisas. Ciúme, vontade de proteger, sempre me senti confortável com ele, me sentia bem em sua companhia, só isso, mas nada parecido com que sinto quando estou com Can. Claro que, definitivamente, gosto dele. 

Ele me fez sentir coisas que nunca senti e para me aproximar dele fiz coisas que nunca faria, sem falar que acho as coisas que Can faz e o jeito como se comporta, fofo. Mas o que eu tinha notado e mais importante do que tudo isso é que não conseguia suportar o pensamento de Can me odiar, só em pensar, crescia no fundo da minha mente uma angústia paralisante, uma dor latejante em meu peito... Quem poderia imaginar que um dia eu pensaria isso de alguém?! Que existiria esse tipo de pessoa capaz de me fazer sentir assim?Por causa dele eu havia mudado meu comportamento e até mesmo o meu modo de pensar, eu me surpreendia com ele e comigo mesmo.

— Droga, Tin!— Passo as mãos pelos cabelos irritado. Tá legal, hora de ir tomar banho, preciso relaxar. Coloco no quente e deixo a água cair por todo o meu corpo, e vou relaxando aos poucos, fecho os olhos e solto um longo suspiro. Can...

Pense, pense. Você tem que pensar, Tin. Saio do chuveiro e enrolo a toalha na cintura, parando em frente ao espelho, o que devo fazer?De repente meu celular toca, olho para ver quem é...Pete? Por que Pete me ligaria a uma hora dessas?

— Alô, Pete?

— Tin, Can me ligou, ele disse que quer se encontrar com você. — O quê?Eu achei que ele não queria mais me ver e ele quer se encontrar comigo?Faz algum sentido? Por que ele não me ligou diretamente?Espera, é o Can, nada que vem dele faz sentido...

— Tin, você está aí? Tin?

— Tô sim, Pete, me desculpe.

— Então, o que eu digo para ele?

— Diga a ele que vou esperar por ele no Siam Square as 11 horas em ponto. E se ele não puder nesse horário, vai ter que ligar para mim.

— Ok, vou ligar para ele.

— Tudo bem, obrigada Pete.

— Tin, só mais uma coisa....

— O quê?

— Você está no caminho certo, vou torcer por vocês. — Pete diz isso com uma voz melodiosa e já posso imaginar a sua cara, meu Deus! Pete é um bom amigo e começo a pensar se durante todo esse tempo, eu tenho sido um bom amigo para ele. Eu não o apoiei quando descobri seu caso com o programa tailandês, pelo contrário, eu quis separá-los. Mas isso por que eu não confio nesse cara e conheço a natureza gentil, ingênua e submissa do Pete, não quero ver ele ser machucado ou enganado por ninguém. Mas, será mesmo? Será que não estava sendo egoísta, pensando só em mim e no meu medo de perder o único amigo que já tive? Agora que paro para pensar, eu não acho que fui um amigo tão bom para Pete.