5- White Moon

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Kayko se manteve em silêncio.

- Me diga! O que você anda fazendo? _ Ben repetiu, impaciente.

- Não é da sua conta Ben! Se liga! _ Kayko respondeu com um grito.

Ben suspirou, esfregando a ponte do nariz diversas vezes. Ele só queria saber a verdade, ele estava preocupado, por ele e por aquele rato.

Resolveu insistir, ele sabia que se continuasse falando, cedo ou tarde Kayko iria começar a falar. Depois de pensar bem nas palavras que iria usar, ele voltou a questionar.

- Kayko, eu sei que nossa amizade começou como uma troca de favores, mas eu estou mesmo preocupado contigo. Não importa o que você esteja fazendo, só me diga a verdade. O que está acontecendo?

- Não me venha com esse papo, preocupe se com você e essa sua vidinha chata.

Ben largou o corpo sobre a bancada da cozinha, passando as mãos pelo cabelo, sentado ao seu lado Kayko nada dizia.

- Por que é tão difícil assim me falar a verdade? São drogas? Mulheres? _ Ben disse.

Kayko riu alto, dando tapas na mesma bancada em que Ben estava debruçado.

- Drogas? Cara! Você acha que eu sou algum idiota? _ Falou Kayko, entre risadas.

Na verdade Ben achava sim, que Kayko era idiota o suficiente para se meter em um problema desse. Mas ele resolveu não dizer isso.

- Então, fala logo seu imbecil! Que porra você anda fazendo Kayko?!

- Ah você é tão enxerido! Que se dane! Não é nada de drogas ou ilegal. Tá satisfeito? Não tô fazendo nada errado. _ Kayko falou se levantando e indo em direção a varanda.

Levantando se, Ben foi logo atrás do amigo. Recostando na parede, ele sentia a brisa que vinha das montanhas, que não eram longe dali. Kayko olhava para o nada, e depois de ascender um cigarro e tragar longamente a fumaça ele disse:

- Você quer vir comigo?

- Onde? _ Ben perguntou.

- Você vai ver. Talvez você goste. _ Kayko disse sorrindo.

Já era noite quando Ben e Kayko chegaram a uma viela que ficava entre os bairros do centro e os bairros próximos ao perigo das gangues.
Apesar de ser uma sexta feira, estranhamente as ruas ao entorno daquela viela estavam extremamente vazias, não havia movimento de carros, nem de transeuntes.

Mantendo um tom de segredo irritante, Kayko em nenhum momento disse onde iam, nem o que iriam fazer.
Naquela rua estreita e pouco iluminada, Kayko parou em frente a um pequeno prédio de três andares, o lugar tinha um aspecto antigo, com uma fachada de tijolos que um dia no passado haviam sido vermelhos, mas agora apenas tinham uma coloração encardida e marron. No térreo, um portão pequeno ficava no canto direito da parede.

Acima desta mesma porta, um letreiro de néon, com letras que não se iluminavam muito, estava escrito.

White Moon.

Dirt Game  ( Lgbtq+)Onde histórias criam vida. Descubra agora