34- Agir.

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Depois de deixar Ben em casa, ainda no carro em direção ao bar, Leon se sentia exausto, todo o cansaço daquele dia, que parecia não ter fim, se instalava por cada fibra do seu corpo.
Sua mente, tão, ou mais desgastada, trabalhava a mil, pensando e analisando tudo o que ocorrera naquele espaço de vinte e quatro horas que ainda não havia acabado.

Quando chegou ao cassino, somente Millo e Mika ainda estavam no local, ambos tensos esperando pelo chefe. Leon subiu com os dois até seu apartamento, deixando as chaves do Maverick em cima da mesa, e se jogando de qualquer jeito no sofá, apoiando a cabeça em cima dos braços dobrados.

Os dois funcionários permaneceram de pé, olhando o chefe atentamente, pois sabiam, que ele tinha muito a falar, e Millo temia que não fossem boas palavras.

- Você deve desculpas aquele garoto._ Leon disse, de forma mais dura do que Millo supôs que ele falaria.

O grande homem olhou para o chão aos seus pés, envergonhado do que havia feito. Depois de pigarrear, respondeu a Leon:

- Sim, eu sei, farei isso chefe.

Leon se levantou do sofá, ficando de pé a frente de Millo, sua expressão estava fria, e ele mostrava uma decepção grande em seu olhar, o que fez o grande homem se sentir ainda mais constrangido.

- Você achou que estava me defendendo? Defendendo meu nome? Do Ben? Sério Millo?_ Leon disse, o olhando nos olhos.

- Eu estava nervoso...eu sei que fiz merda ok?! Eu sei! _ Millo falou.

- Não importa, Ben não é uma ameaça, não importa o que ele diga._ O chefe falou, cruzando os braços, sustentando um tom de voz cada vez mais duro.

- Eu sei, ma...

Leon não deixou que ele concluísse, interrompendo sua fala bruscamente ao dizer:

- Não importa! Você não teve cabeça fria pra lidar com um garoto inofensivo que fala demais, como espera lidar com o que está por vir? Vai usar a força pra tudo? É assim que espera lidar com as coisas?

- Não chefe, me desculpe. Eu não farei algo assim novamente._ Millo disse.

- O garoto está bem chefe?_ dessa vez, foi Mika a perguntar, fazendo o olhar de Leon partir para ele.

- Roxo, cheio de marcas no pescoço. Ainda por cima o pai general apareceu e viu. Imaginou a cena Millo?

O grande homem arregalou os olhos, perguntando em seguida:

- Você esteve com ele? Ele está aqui?

Leon explicou a situação que viveu apenas algumas horas antes, deixando claro que o general Raika parecia uma pessoa bem mais perigosa e difícil do que eles imaginavam. Em seguida, pediu que Mika os deixassem a sós, o que ele prontamente fez, sabendo que haviam coisas que nem a ele eram confiadas dizer.

Sozinhos naquela sala repleta de quadros, Millo ainda permanecia tenso e com raiva de si mesmo, mas Leon rapidamente se pôs a falar, trazendo o homem de volta de seus próprios pensamentos.

- Eu agradeço a tudo o que sempre fez por mim, meu amigo, você sabe o quanto você é importante. Você é meu único amigo, meu irmão. Enfrentamos muitas coisas difíceis juntos, e chegamos até aqui.

Millo não disse nada, ele nunca tinha palavras para responder quando Leon falava daquele jeito. O chefe continuou a falar:

- Tivemos momentos tão ruins, mas cá estamos nós, melhores do que imaginávamos que iríamos estar. Não coloque tudo a perder. Não agora, quando precisamos estar frios e focados em tudo o que está acontecendo.

- Sim chefe._ Millo respondeu.

- Precisamos descobrir quem está por trás dessas mortes. Precisamos de pistas. Como o pessoal está?_ Leon disse.

- Com medo, todos estão com medo de serem o próximo a morrer. Eles acham que isso é coisa do Asako._ Millo falou, seguindo Leon que entrava no quarto, retirando o casaco e o jogando na cama, falando:

- Não acho que Asako esteja envolvido, mas não quero excluir essa possibilidade. De qualquer forma, espalhe entre todos, que estou a procura de informações, a recompensa pode ser alta. Alguém tem que saber de algo, e dinheiro sempre faz as pessoas se mexerem.

- Farei isso amanhã chefe.

- Não quero outro corpo caindo na minha conta, muito menos as pessoas com medo, eles já vivem de um jeito muito difícil. Além disso, logo a polícia acha alguma forma de tentar me pegar._ O chefe falou.

- Eles vão estar de olho em tudo Leon.

- Eu sei, por isso, agora é hora de agir.

Leon disse, saindo do quarto, e voltando a sala, ele parou em frente a Millo, tocando com afeto o ombro do amigo antes de dizer:

- Outra coisa importante Millo. Nunca mais toque em Ben. O valor dele acaba de subir consideravelmente pra mim.

Millo apenas assentiu, sem compreender totalmente o que aquela frase queria dizer, depois saiu depressa do apartamento, deixando o chefe sozinho naquele lugar.

Minutos depois, Leon tomava um banho quente, deixando a água quase pelando escorrer por seu corpo cansado e abarrotado de pensamentos de diferentes tipos. Ao mesmo tempo que pensava nas mortes sequenciais dos mestiços, e como aquilo podia levá-lo a cadeia, destruindo tudo pelo o que ele se sacrificou toda a sua vida, o rosto triste e belo de Ben ocupava tanto ou mais espaço em sua cabeça. O olhar vulnerável do garoto para o seu pai, a frieza como foi tratado pelo seu progenitor, tudo isso fazia seu coração bater descompassado e preocupado.

Leon lembrou do rápido e sútil beijo no carro, e como mais uma vez Ben não fugiu do seu toque, não o repreendeu, mas sim, pareceu ter apreciado sua aproximação.

Isso fazia seu peito se aquecer, e um forte senso de necessidade se fez presente dentro dele.

Ele precisava ter Ben para si, não como algo passageiro e fugaz, e sim como algo mais complexo e puro.

Algo que ele não sabia se era digno de ter, mas que parecia o certo a querer.

*Acima a música desse capítulo.

*Acima a música desse capítulo

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