51- Preso.

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Ainda era início da manhã quando Makino ascendia o último cigarro do maço, entrando em seu carro. Passara toda aquela noite em claro, aguardando os resultados da perícia, e agora dirigia se de encontro a resolver um problema que parecia lhe insolúvel.

Quando bateu ao portão do lugar, não demorou para que o cão fiel o recepcionasse, sem parecer surpreso, embora não escondesse um certo ar de preocupação.
Mostrou lhe o mandado, e logo sua passagem foi autorizada e acompanhada.

Mika, o outro lacaio, observava os dois em silêncio, subindo as escadas, parado, a postos. Também sem demonstrar qualquer receio por Makino estar ali.

Já em frente a porta de ferro, Millo deu algumas batidas, e logo entrou, sendo seguido pelo detetive.

Makino notou que Leon parecia ter acabado de acordar, mas o que chamou verdadeiramente sua atenção foi o fato do chefe estar na companhia de um rapaz, em uma cena um tanto quanto íntima.

Ambos abraçados recostados ao piano.

Makino sabia que invariavelmente Leon tinha alguns amantes, homens, mulheres, mas aquele garoto distoava em muito das pessoas com as quais o chefe se relacionava, principalmente por estar alí, em sua casa. Ele sabia, que ele não levava qualquer pessoa para a sua convivência pessoal.

O jovem, que tinha um rosto extremamente familiar, pareceu envergonhado, e rapidamente se desvencilhou dos braços do chefe. Makino teve uma súbita vontade de rir da cena.

- Bom dia, detetive._ Leon disse, como sempre, sorrindo.

- Sabe porquê estou aqui?_ Makino o questionou.

- Claro que sim. A dúvida é porquê está sozinho.

- Todas as provas levam a você, tudo. Dessa vez, não há escapatória._ O detetive disse ao se aproximar sutilmente do chefe, continuando sua fala._ Vim só, pois acho que não precisamos fazer isso da forma difícil.

- Muito bem, veio me prender então._ Leon disse, desviando o olhar para Millo, ainda parado a porta.

O chefe deu alguns passos, parando à frente de Ben, que não parecia nada à vontade com a situação, além de deixar uma expressão preocupada transparecer.

- Não se preocupe._ O chefe sussurrou para o garoto.

Ben nada disse, não porquê não quisesse, mas naquele instante, tantas coisas passavam por sua mente, que ele simplesmente não sabia o que dizer. No entanto, ele levou o corpo mais perto do outro, o envolvendo com os braços.

- Eu acredito em você._ Ben falou por fim, com a voz baixa, de modo que só Leon pôde ouvi-lo.

Ambos trocaram um longo e silencioso olhar, logo Leon se afastou, entregando seu sorriso mais sincero e singelo à Ben.

- Vamos?!_ O chefe falou, virando se para Makino.

Este assentiu, vendo Leon pegar um casaco e seguir para a porta.

Os quatro homens desceram as escadas em sequência e em silêncio. Chegando ao salão, onde Mika continuava quieto e parado.

Makino parou, e seguida disse de forma dura, mas educada:

- Me dê suas mãos Leon, vou algema-lo antes de sair. Você sabe, hoje não é apenas uma visita.

O chefe não o respondeu, apenas esticando os pulsos para o homem, que sem demora prendeu as argolas de metal frio com um click.

Nesse momento, quando todos os quatro voltaram a caminhar em direção a saída, Ben, deus alguns passos mais rápidos, parando à frente do detetive.

- Você sabe que não foi ele, não é? Sabe que enquanto você o leva preso, o verdadeiro assassino está rindo da sua cara?_ O jovem falou, alto, firme, com cada palavra embebida em raiva.

- Ben..._ Leon falou, sacudindo a cabeça devagar.

Makino esboçou um sorriso, pensando que o chefe tinha arrumado um amante apaixonado dessa vez.

- Espero que tenha sido proveitoso pra você moleque, pois você não vai mais se divertir na companhia dessa cara aqui._ O detetive falou, empurrando lentamente o corpo do garoto para o lado e seguindo em frente.

- Filho da puta arrogante! Voc..._ Ben gritou, sendo interrompido imediatamente por Leon.

- Ben, não. Não.

O garoto se calou, mesmo com inúmeros xingamentos fervendo em sua boca, prontos a sair.
Viu incrédulo e tenso os dois homens entrarem no veículo prata, e rapidamente sumirem pela rua deserta.

O peito do jovem pareceu desacelerar, e uma nada sutil tristeza nasceu no descompasso do seu coração.

Era isso, Leon estava preso.

No carro, não houveram troca de palavras, mudos os dois chegaram a estação policial, entrando pela mesma porta dos fundos de outrora.

Levado a uma sala discreta e isolada, como da última vez, Leon sentou se em uma das cadeiras disponíveis, e em silêncio ficou.
O detive por sua vez, checou o telefone, uma dúzia de chamadas e mensagens de Tanzo sumariamente ignoradas. Guardou o objeto no bolso do casaco, queria um cigarro naquele momento, mas havia esquecido de comprar no caminho.

- Você oficialmente está sendo acusado do assassinato de Uhan Guinlé. _ O detetive disse pausadamente.

Leon sorriu.

- Eu imaginei._ respondeu o chefe.

Makino falou sobre os detalhes, sobre o fio de cabelo, sobre as digitais, e sobre a faca na qual as impressões foram achadas.

Ao mencionar o objeto de marfim, notou o cenho franzido de Leon, mas isso não surpreendeu o detetive.

-Eu nunca mataria alguém usando a faca do meu pai._ O chefe disse, soando duro, sério, longe da costumeira voz calma e gentil.

O detetive esboçou um pequeno e fino riso, ao falar:

- Sei disso, e por isso trouxe você aqui.

Uma longa conversa se iniciou alí, mas ninguém, além do jovem chefe e do velho policial foram testemunhas das palavras ditas.

Leon fora preso, e uma acusação foi feita.

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