11- Sangue nas ruas

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Naquela madrugada, enquanto Ben se revirava na cama frustrado com o término sem sucesso da sua noitada, regada a bebidas e mulheres, amaldiçoando mentalmente Leon e sua aparição. Em uma parte distante da cidade, muito longe de onde seus olhos ainda inocentes já haviam alcançado, o som de um telefone tocando, acordou um homem que só queria descanso.

O quarto silencioso, gradativamente perdeu seu ar pacato e tranquilo, quando o celular em cima de uma cadeira antiga e enferrujada, soou seu primeiro toque.
Uma mão tateando no escuro, quase o derrubou, até que enquanto o aparelho, vibrava e tocava cada vez mais, a mão preguiçosa o agarrou, o levando ao ouvido do homem sonolento.

- Alô._ o homem disse em um bocejo.

Do outro lado, uma voz grosseira e cheia de fúria, respondeu. Fazendo o homem pular da cama.

- Chega de dormir bastardo! O trabalho chama!

O homem reuniu toda a calma e paciência que podia, contando mentalmente até três, para que não mandasse o seu interlocutor as favas. Depois de um suspiro, ele falou brevemente.

- Em que posso ajudar comissário? O que houve?

Do outro lado da linha telefônica, o homem de voz grave e rústica, pareceu se recompor da sua fúria e respondeu em um tom um pouco mais ameno, e até certo ponto, se assim se podia dizer, cordial.

- Detetive Makino, sei que é seu dia de folga, mas preciso que você vá imediatamente para pearl.

- Estou a caminho. _ Makino respondeu.

Após se vestir rapidamente, certificando se de pegar seu distintivo,já gasto pelos anos de serviço, e sua Glock, Makino, ajeitou os óculos, entrando no velho Mercedes prata descaracterizado.

No caminho até pearl, no lado leste da cidade, o rádio da polícia não fazia nenhum alarde, estava quieto como se nada estivesse acontecendo.

Seu corpo estava cansado, sua mente muito mais, essa era sua folga depois de muito tempo, ele tinha planos de dormir aquele final de semana inteiro, como a um longo tempo não pode fazer.
No trajeto, viu algumas ruas ainda apinhadas de jovens bêbados, garotas e garotos, saindo dos bares, casas noturnas. Os invejou por um breve momento, lembrando se como a juventude era preciosa e livre, e que o tempo passa depressa demais na vida.

Com esse pensamento nostálgico, que só velhos solitários como ele se permitiam ter, se deu conta que já chegava ao seu destino.

Desceu do carro, avistando um único veículo, também descaracterizado, assim como o seu. Caminhou passos sem pressa, até chegar a companhia do policial que o aguardava, o único dentre toda a força de polícia, em que Makino realmente confiava. Não atoa era seu parceiro de muitos anos, e um amigo pessoal.

Ao se aproximar, fez um asceno de cabeça, que bastou para o outro começar a falar.

- Desculpa atrapalhar seu sono, mas você sabe como o comissário é._ o policial disse se desculpando.

- Aquele velho inútil age como se só ele tivesse direito ao descanso, mas ok, eu já estou aqui. O que houve Tanzo? _ Indagou Makino.

- Bem... _ Tanzo, como era conhecido o policial Constanzo, começou a explicar, enquanto caminhava até uma esquina.

Makino o seguiu, enquanto acendia um cigarro de filtro negro e cheiro de noz moscada.

- Veja por si mesmo, Detetive. _ Tanzo disse, apontando para debaixo de uma marquise, na esquina de uma rua sem saída.

Makino olhou, e antes mesmo de se aproximar mais, ele já sabia do que se tratava.

- Tsik. Malditas gangues! _ Falou Makino, enquanto tragava seu cigarro.

Os dois homens se abaixaram lado a lado, ficando de cócoras, a poucos centímetros do um corpo de um rapaz.

- Tanzo, você já chamou os peritos? _ disse Makino.

- Sim, eles devem chegar em vinte minutos. _ Tanzo respondeu.

O garoto, que não devia nem ter chego aos vinte anos, era um mestiço, a primeira vista, provavelmente de uma linhagem da Europa. Vestia uma jaqueta militar, calça jeans e tênis de cano longo.

Estava sentado, recostado na parede velha de uma já falida loja de ferragens. Seu corpo tombava ligeiramente para o lado, e um único tiro marcava sua testa muito branca.
Uma sacola vazia estava junto ao rapaz, e em sua mão direita havia uma marca.

Makino e Tanzo se entreolharam, ao passo que o detetive pegou um lenço em seu bolso, levantando levemente a a mão do garoto, apenas para se certificar, de algo que ele já sabia exatamente o que era.

Lá estava, um pouco borrada, mas impecavelmente visível, o carimbo da boate Red Sun.

Lá estava, um pouco borrada, mas impecavelmente visível, o carimbo da boate Red Sun

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