44 - O Plano.

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Enquanto Leon e Ben, dormiam aconchegados um ao outro, aquecidos e iluminados pelas labaredas da lareira, desfrutando juntos da paz e silêncio que a pequena casa aos pés da montanha proporcionava. À alguns quilômetros dali, a agitação de alguns homens começava pela noite.

Guinlé adentrava pelo salão de luzes piscantes e som estrondoso da Red Sun. Junto a ele, mas de forma discreta, dois policiais a paisana escolhidos a dedo por Makino o acompanhavam. O homem calvo usava escuta, assim como um colete a prova de balas por baixo do casaco de lã marrom. Nas mãos, que apresentavam certo tremor, estava a sacola com o suposto ítem a ser vendido.

Apenas alguns metros da entrada da boate, Makino e Tanzo aguardavam dentro de uma mini van preta, carro fornecido pelo departamento, pois Leon conhecia muito bem os veículos usados pelos dois detetives.

Ambos ouviam tudo ao redor de Guinlé, e o instruíam por meio do ponto eletrônico, colocado na orelha do homem. Sabiam, que em breve, ele seria atraído para fora do estabelecimento, por este motivo, escolheram um ponto estratégico para não perder Guinlé de vista quando isso ocorresse.

- Por que acha que Leon está fazendo isso?_ Tanzo perguntou, quebrando o silêncio até então presente dentro do veículo.

- Dinheiro, poder._ Makino respondeu de forma seca.

- Não tenho dúvidas de que ele está por trás dos assassinatos, mas o motivo ainda me causa estranheza._ Um questionador Tanzo voltou a falar.

Com os olhos fixos na rua a sua frente, Makino se mantinha sério, compenetrado, mesmo assim, passou a falar de forma dura, porém extremamente tranquila:

- Leon é um obsecado pelo poder, e preza muito pelo seu falso reinado como líder e amigo dos estrangeiros e mestiços. Ainda assim, tem algo que ele preza muito mais. Dinheiro, embora ele tente passar a imagem de alguém desprendido, ele ama a fortuna que ganha.

- E qual a sua teoria então?_ O detetive mais novo indagou.

Makino arqueou os lábios sutilmente, em um meio sorriso cercado de desdém.

- Um grupo de zé ninguém, começa um negócio altamente promissor em lucros, fora do comando e do nicho de Leon, algo que ele não tem poder nem controle para ditar as regras e não ganha nada. Acha que isso não o incomodou? Imagina se outros começam a fazer o mesmo? Outras modalidades criminosas sem o aval e a supervisão dele? Ele perderia poder, consequentemente, dinheiro._ O homem de óculos disse.

Tanzo passou os dedos pela barba rala que estava sem fazer naquela semana, compreendendo a linha de raciocínio de Makino, falou:

- Uma vingança e um aviso aos outros então.

- Exatamente, ele tem o monopólio sobre tudo o que se ganha mais lucro. Ele não deixaria algo assim, vindo dos próprios mestiços ficar barato._ Makino respondeu.

As horas se passavam, e a todo instante em que era perguntado se o comprador havia mandando alguma mensagem, a resposta de Guinlé era sempre a mesma. Não.

Esperaram por mais algum tempo, com a estranheza da demora, já passava das quatro horas da madrugada, horário diferente das outras emboscadas em que os assassinatos aconteceram. Segundo os legistas, todos foram mortos entre uma e duas horas da manhã.

Makino podia sentir que algo estava errado, que algo naquele simples mas eficiente plano não estava funcionando. A voz no ponto de Guinlé e dos dois policiais dentro da boate soou clara e irritada quando o relógio marcava quatro e quarenta da manhã de sexta.

- Vamos abortar a missão, saiam imediatamente da boate e nos encontrem na rua da estação policial.

Tanzo e Makino observaram os três saírem da Red Sun, discretamente e como se não se conhecessem. Um policial seguiu com Guinlé com seu honda azul, enquanto o outro seguiu em uma motocicleta.

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