35- Percepção.

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Ben decidiu não ir a universidade no dia seguinte, seu rosto ainda estava roxo e ele não queria ter de explicar aos colegas e professores como ganhou tal hematoma.

Havia passado boa parte da madrugada conversando com Kayko, quando o mesmo chegou em casa. O rato havia chego pouco tempo após o general e Leon terem partido, e ficou estarrecido ao ver o estado do amigo, que lhe contou em detalhes tudo o que tinha acontecido naquele domingo. Deixando de fora apenas o fato de ter sido beijado pelo chefe no banco de um antigo carro.

E era nesse pequeno detalhe da história do dia anterior, que Ben focava naquele momento, enquanto deixava seu corpo despojado em seu quarto, tendo uma TV ligada em sua companhia.

Leon havia lhe beijado novamente, e mais uma vez Ben não reagiu, e novamente o correspondeu. O garoto se questionava mais uma vez, porque não tinha reação quando Leon se aproximava dele dessa forma. Ou melhor, porque seu corpo reagia retribuindo ao toque do chefe.

Ele entendia que não era gay, que essencialmente ele gostava de garotas, mas quando Leon o tocava, algo nele, desmanchava, cedia sem luta.
Ben sabia que talvez ele estivesse um pouco equivocado sobre a pessoa que o chefe realmente era, pois era nítido a importância que ele tinha para algumas pessoas, e isso ficou claro depois da conversa com Robin. Entretanto, todas essas novas informações, não explicavam o que ele sentia crescer dentro do seu peito. Isso não explicava que mesmo negando com todos os neurônios que tinha, seus lábios gostaram de ser beijados por Leon, que seu corpo aceitava e desejava por mais.

"Isso é impossível!"

O garoto pensava, rindo de si mesmo e das suas dúvidas sobre sua sexualidade, que até então, ele nunca tivera.

"Não! Não pode ser verdade!"

Repetia para ele mesmo, dando ênfase a cada palavra, como se quisesse mais que convencer sua mente, convencer seu corpo e seu coração.

Fechar os olhos era o suficiente para lembrar da respiração suave de Leon, do calor da sua boca, e o ponto que mais fazia o seu sangue bombear louco no seu peito. O abraço que recebeu do chefe...

Aquele gesto tão simples, mas que tomou o coração do garoto de uma rara paz que a muito ele não sentia. A sensação de ser protegido e querido por alguém.

Ben não se lembrava a última vez em sua vida que havia sido abraçado com tamanho carinho. Ele não entendia com plenitude o que seu coração queria lhe dizer, mas sabia que era uma sensação nova e surpreendentemente boa. Embora fosse assustadora e estranha demais.

Como um homem como Leon podia despertar tantas emoções diferentes e fortes nele? Como ele podia detestar cada vez que ele abria a boca para as suas frases ácidas e maliciosas, mas se derreter com seu toque? Ben perguntava a si mesmo em pensamentos que não chegavam a uma conclusão única.

O fato que ele não podia negar, é que dentre tantas garotas lindas que conheceu, que levou para a cama, Leon, aquele criminoso que o chateajeou, aquele chefe de gangue, fez surgir nele, algo único, novo e aterrorizante.

Ben enterrou o rosto no travesseiro, gritando alto, e tendo o barulho abafado pelo tecido cinza da fronha. Apertou os lençóis com força, tentando sufocar em si tudo o que seu corpo mais desejava, e que sua cabeça continuamente tentava negar em vão.

Ele queria Leon, ele o desejava.

Não era o certo, não era o comum, mas ele queria e precisava senti lo mais uma vez.

No instante seguinte, seu pensamento foi interrompido pelo toque do seu celular, Ben arrastou se pela cama, o pegando no chão ao lado da mesma, agradecendo mentalmente a quem quer que fosse que estivesse interrompido seus loucos pensamentos.

Ao olhar o aparelho aceso, viu um número desconhecido na mensagem que acabara de chegar.

" Sou eu, Robin. Você está melhor? Kayko me passou seu contato, espero que não se importe. Amanhã é meu aniversário e ficaria feliz se você viesse a festinha que faremos no cassino. Não falte!"

Ben passou mãos no rosto, respirou fundo dizendo em voz alta.

- Festa no bar, hã?! Devo ir?

*Acima a música desse capítulo.

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