42- O verdadeiro eu. Part I

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- Posso saber o que faz aqui?_ Disse Ben ao chegar ao portão.

Leon sorriu de forma tranquila, abrindo a porta do carro, o respondendo.

- Quero te mostrar um lugar. Vamos?

Ben mostrou uma expressão de dúvida, mas não demorou a entrar no Maverick. Logo, o carro ganhava a estrada, deixando os prédios e casas do centro para trás.

- Para onde estamos indo?_ O garoto perguntou.

- Eu quero te contar uma história, e pra isso, você precisar ver um lugar._ O chefe respondeu, acelerando o automóvel ao pegar um desvio na estrada principal.

O carro seguia por estradas que se revezavam entre terra ou pedras batidas, mostrando pouco a pouco o interior da cidade, lugares que Ben jamais havia visto. O cenário era o total oposto do centro, com inúmeras árvores e plantas, campos imensos de algodão e arroz, pequenos riachos e poucas e espaçadas casas rústicas e humildes.

Vez ou outra encontravam alguém andando pela estrada, fosse a pé ou com algum veículo simples, essas pessoas cumprimentavam Leon com simpatia e um notório respeito.

Não demorou a estrada se afunilar, quando o carro já se deparava com a base para uma grande e imponente cordilheira coberta de neve. Leon dirigiu um pouco mais, e logo uma casa de tamanho médio se mostrou aos dois.

O chefe parou o automóvel na lateral da construção, saindo do mesmo batendo a porta. Ben fez igual, e ao seguir Leon para a frente do imóvel, pôde reparar que o lugar era inteiramente construído em madeira e pedra.

- Chegamos!_ Leon falou, esfregando ambas as mãos.- Vamos entrar?

Ben apenas assentiu, reparando no rosto extremamente contente que o chefe mostrava.

Ao adentrarem a casa, Ben reparou na simplicidade que havia alí, os cômodos eram poucos, mas bem espaçosos, não haviam muitos móveis, e embora estivesse limpa, era nítido que não era frequentada regularmente. Na sala, que era o ambiente mais amplo, uma mesa grande de madeira, com banquetas de médio porte, ao seu redor, estava posicionada bem ao lado de uma lareira de pedra sabão.

Mas o que chamou verdadeiramente a atenção do jovem, foi a enorme quantidade de quadros nas paredes do lugar, no mesmo estilo das obras que enfeitavam o apartamento de Leon.

- Ei, vamos._ Leon chamou, se encaminhando para os fundos da casa.

Ao passarem por uma pequena cozinha, que nada tinha além de um fogão velho, saíram pela porta traseira da casa, e a frente de Ben, uma singular e estonteante paisagem se mostrou.

Inúmeros e majestosos bordos avermelhados, faziam uma solene parede de natureza, parecendo resguardar os fundos daquele imóvel. Entre eles, pinheiros gigantes eram cercados por pequenas e verdes plantas rasteiras, que faziam um paralelo colorido a neve que preenchia o chão.

Ben ficou deslumbrado pela imagem que preenchia seus olhos, tudo aquilo parecia uma linda pintura ao ar livre.

Leon caminhou em frente, pisando no chão fofo e branco, Ben o seguiu, guardando em sua cabeça todo aquele cenário encantador. Foi quando depois de alguns passos, o chefe parou em frente a algo que Ben só pôde ver quando se emparelhou ao mais velho.

Duas lápides de pedra, estavam agora a mostra para o garoto.

O jovem notou que o semblante de Leon mudara drasticamente ao olhar para ambas as sepulturas, seus belos olhos estreitos e negros, sempre embebidos de tranquilidade e calma, foram tingidos de um vulto nebuloso e triste. Algo tão nítido que fez até mesmo sua expressão se tornar diferente.

Dirt Game  ( Lgbtq+)Onde histórias criam vida. Descubra agora